23.02.2013 Views

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

negros que chegam ao porto de Salvador são “da Guiné”, o que<br />

significa apenas que eram mandingas, berbecins, felupos, achatis,<br />

berberes e de outras etnias, povos mais ou me<strong>no</strong>s conhecidos aqui<br />

genericamente como bantos.<br />

O mercado negreiro de Salvador continuaria com os mesmos<br />

endereços, que definiam a presença esmagadora de bantos por<br />

séculos. Entretanto, a conquista pelo Daomé do porto de Ajudá em<br />

1725, favorecida por uma série de circunstâncias, faz com que o<br />

rumo dos navios que abasteciam a capital baiana se mude para a<br />

Costa da Mina. As epidemias de bexiga que se sucediam <strong>no</strong>s<br />

portos sujos e ensangüentados dos negreiros, e o excepcional<br />

valor de que desfrutava o fumo baia<strong>no</strong> <strong>no</strong> mercado da Mina, fazem<br />

conveniente a mudança do negócio, e logo os traficantes<br />

portugueses passam a apregoar a qualidade superior do <strong>no</strong>vo<br />

produto: o negro sudanês. A pior parte da safra do fumo baia<strong>no</strong>,<br />

enviado para o negócio com os vendedores de homens africa<strong>no</strong>s,<br />

concorria <strong>no</strong> mercado africa<strong>no</strong> com outro refugo, a famigerada [pg.<br />

19] aguardente Roma, oferecida pelos comerciantes ingleses,<br />

levando vantagem os negreiros portugueses de Salvador, pais da<br />

aristocracia da cidade.<br />

As relações entre Bahia e Daomé seriam intensas. O<br />

comércio de escravos era por vezes mediado por negros nascidos<br />

<strong>no</strong> Brasil, como o mulato Félix de Sousa, o Chachá, título<br />

concedido pelo rei de Daomé. Homens fabulosamente ricos e<br />

poderosos controlavam o negócio do fumo, utilizando negros<br />

aprisionados na África subquatoriana em guerras fomentadas<br />

para satisfazer o apetite do mercado escravagista. Embaixadas<br />

daomeanas visitam Salvador por várias vezes, a partir do final do<br />

século XVIII, para acertar os negócios e garantir as prioridades de<br />

que gozavam com os interesses locais, tentando conseguir o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!