23.02.2013 Views

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Era o dia 12 de <strong>no</strong>vembro de 1904 e a luta nas ruas do Centro do<br />

<strong>Rio</strong> duraria quatro dias.<br />

Um grupo de políticos da oposição, com o apoio dos<br />

positivistas ligados ao meio operário e à liderança do movimento<br />

anarquista <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, estava <strong>no</strong> meio de uma veemente<br />

campanha contra a política governamental de deflação para<br />

equilibrar as finanças públicas, denunciando como lesivas ao país<br />

as obrigações com os banqueiros ingleses, viabilizando as verbas<br />

da reforma da cidade. Na prática, [pg. 140] as baixas classes<br />

urbanas, não visadas pelos benefícios da reforma urbana<br />

realizada pela prefeitura, eram incorporadas na socialização dos<br />

prejuízos, o que provocava um e<strong>no</strong>rme clima de insatisfação na<br />

cidade, capitalizado pela campanha. Entretanto, não se pode<br />

atribuir a este movimento a responsabilidade pela extensão ou<br />

pela intensidade da revolta. Sua forma espontânea de combustão<br />

em vários pontos da cidade, entre os andaimes da obra da avenida<br />

Central, na rua General Câmara, Harmonia, avenida Passos,<br />

Assembléia, Imperatriz, e muitas outras, onde se armam<br />

barricadas, e a forma catártica que assume a revolta investindo<br />

contra a ordem pública, sem estar submetida a maquinações de<br />

lideranças em busca de alianças que lhes permitissem ameaçar o<br />

poder constituído, revelam sua origem nas rodas das ruas, das<br />

conversas dos bares e dos terreiros, que num momento explodem<br />

em luta coletiva, desesperada e sem medida, do povo achatado<br />

pela violência cotidiana.<br />

Manduca, Pata Preta, capoeiristas e vagabundos da Saúde,<br />

são alguns dos <strong>no</strong>mes de revoltosos que ficam <strong>no</strong>s jornais,<br />

erguendo uma bandeira vermelha na barricada da rua da<br />

Harmonia, derrubando bondes <strong>no</strong> largo do Rossio, jogando sacos<br />

de rolha roubados contra os cavalariços embalados, numa

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!