23.02.2013 Views

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

negociam o percurso da senzala à casa-grande com bom senso<br />

adquirido na experiência com o servilismo e com a submissão, o<br />

sofrimento aceito sem revolta porque o negro é o próprio Cristo em<br />

holocausto, mas também tendo viva a representação da aventura<br />

palmarina e das revoltas malês — a macumba carioca também<br />

passa pelas casas dos baia<strong>no</strong>s, embora as concepções de<br />

superioridade nagô como grupo de elite tenham gerado uma<br />

quizila surda que se desenvolve entre a macumba e o candomblé,<br />

que nem afinidades culturais nem a experiência de estar <strong>no</strong><br />

mesmo barco foram capazes de impedir as demandas que ainda<br />

hoje separam as religiões negro-brasileiras. Embora não mais<br />

oficialmente como até o Império, o catolicismo permaneceria [pg.<br />

137] como a religião do Estado e das elites, enquanto as religiões<br />

negras teriam que lutar por sua legitimação, achando dúbios<br />

aliados nas federações umbandistas cariocas dominadas pela<br />

classe média ou, como acontece na Bahia, <strong>no</strong>s intelectuais, que se<br />

aproximam devocionalmente dos antigos candomblés nagôs,<br />

protegendo-os <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s seguintes.<br />

Nos locais de moradia e encontro dos <strong>no</strong>vos grupos que se<br />

formam e a partir das lideranças que se firmam, geralmente<br />

apoiados pela autoridade <strong>no</strong> santo, se organizam também <strong>no</strong>vas<br />

alternativas lúdicas em <strong>no</strong>vas formas de comunhão e participação,<br />

como <strong>no</strong>s afoxés, que <strong>no</strong>s dias interditados <strong>no</strong>s candomblés saem<br />

dos terreiros. E <strong>no</strong> jongo dos bantos <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, quando o<br />

canto e a dança têm sempre fundamento e os versos improvisados<br />

em charadas desafiam os que não conhecem as tradições. Aniceto<br />

do Império fala com rigor:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!