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Velhos, onde o ambiente recende a pólvora, fumo e a cachaça, até<br />
os terreiros vinculados às lideranças brancas que comandam as<br />
federações umbandistas, kardecistas, com seus Exus “batizados”,<br />
desafricanizando seus rituais na direção das giras de oriente<br />
musicalizadas pelo tema de Ben-Hur, com todas as combinatórias<br />
intermediárias imagináveis. Sociedades negras pluriculturais,<br />
onde os códigos ainda não se estabilizaram frente à turbulência<br />
das transformações, expressando a multiplicidade de<br />
mentalidades e circunstâncias de grandes setores da vida carioca.<br />
O catolicismo popular que se fixara <strong>no</strong> culto aos santos abre<br />
uma porta para a identificação de numerosos brancos e mestiços<br />
que chegam do interior à capital com os cultos negros, gente que<br />
se africaniza enquanto afirma <strong>no</strong>s terreiros do morro e de<br />
subúrbio seus caboclos encantados que se entronizam na<br />
macumba. Exu, ao contrário dos outros orixás do panteão nagô,<br />
que descem só em dias ou ocasiões especiais e quase nunca<br />
falam, ganha representações ligadas a personagens históricos que<br />
sintetizam o percursos de muitos, marginais, malandros e<br />
rebeldes, que voltariam à terra falando e agindo sem restrições,<br />
numa gira que ganha extrema popularidade entre os fiéis. Assim,<br />
a macumba/umbanda que se forma a partir da iniciativa de<br />
indivíduos da classe média, juntamente com as <strong>no</strong>vas instituições<br />
populares festivas, os <strong>no</strong>vos gêneros musicais, os <strong>no</strong>vos interesses<br />
e paixões que se consagram na cidade entre gente tão diversa,<br />
revela essa necessidade de afinidade e encontro na sociedade tão<br />
radicalmente heterogênea que se forma. Novas identidades<br />
intelectuais e afetivas, numa linguagem <strong>no</strong>va que dá conta das<br />
situações de identificação como dos conflitos que caracterizam o<br />
convívio dessas <strong>no</strong>vas classes urbanas do <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />
Contendo tanto a simbologia dos Pretos-Velhos, que