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Provoca agitação sem perder o fôlego<br />
A discussão gera a batalha<br />
Iba Agbe Mejuba<br />
Salve Exu! Exu! eu me prostro<br />
(Texto africa<strong>no</strong> traduzido por Pierre Verger, em O Segredo da<br />
macumba).<br />
Exu, o mais jovem dos filhos incestuosos de Iemanjá <strong>no</strong> mito<br />
nagô, intermediário entre as divindades e os homens, o Mercúrio<br />
africa<strong>no</strong>, homenageado antes de qualquer cerimônia — uma<br />
homenagem dúbia que o alija das festas de candomblé — auxiliar<br />
dos feiticeiros e dos mágicos, nas análises eruditas comparado ao<br />
trickster anglo-saxão, seria o patro<strong>no</strong> das mudanças, como já<br />
começara a ser nas lutas ao lado de Ogum durante a escravatura.<br />
Se os terreiros tradicionais de candomblé são protegidos por Exus,<br />
um trancado, vigilante das entradas, e outro compadre, familiar,<br />
sua incorporação nas iaôs é sempre assumida com reservas, com<br />
receio. Muitas filhas, quando ele é seu orixá de frente, lastimam<br />
sua sina, a identificação com o demônio cristão lhes prometendo<br />
uma vida de turbulência.<br />
Esse sincretismo com o diabo vem de sua invocação pelos<br />
escravos na luta com os brancos, fechando os caminhos dos<br />
capitães-de-mato, sempre em superioridade com suas armas de<br />
fogo, envenenando-os com a conivência de Ossain, atemorizando à<br />
<strong>no</strong>ite os portugueses. Seus significados de liberador se expandem<br />
tanto para a luta política como para a sexualidade desenfreada,<br />
garantindo sua atualidade na sociedade moderna brasileira. Se<br />
Bastide afirma que “a luta racial só pode influenciar as linhas já<br />
traçadas pela tradição ancestral”, acreditando na riqueza da<br />
cultura africana para expressar as formas modernas de viver e de<br />
sentir, as <strong>no</strong>vas experiências do negro e de seus <strong>no</strong>vos parceiros<br />
na sociedade brasileira moderna criam <strong>no</strong>vas sínteses religiosas,