23.02.2013 Views

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

esta parte da costa da África. Os barcos traziam os prisioneiros de<br />

guerra feitos pelos reis do Daomé contra seus vizinhos nagô-ioruba, e<br />

reciprocamente enviavam os agressores que eles tinham capturado.<br />

Eles eram respectivamente embarcados em Uida e em Lagos. Assim<br />

chegava ao Gege Mahi que trouxeram à Bahia o culto de Sakpata,<br />

chamado Azoani <strong>no</strong> Brasil, de Nanã Buruku e Dan; os Gege Mundubi<br />

(Hweda e Hula) trouxeram Hevioso (Sobo e Bade). Os voduns da<br />

família real de Abomeu chegaram por sua vez a São Luís do Maranhão,<br />

estabelecidos sem dúvida neste lugar por Na Agostime, mãe do rei<br />

Ghezo, exilado por Adandozan quando ele exerceu o poder <strong>no</strong> início do<br />

século XIX. Eles tinham sido despojados de todas as suas posses<br />

materiais mas não haviam podido apagar de seus espíritos e de seus<br />

corações sua religião tradicional. Chegavam assim muitos prisioneiros<br />

de guerra feitos <strong>no</strong> rei<strong>no</strong> de Ketu e de Savê, trazendo com eles os<br />

cultos de Oxóssi e de Omulu. As guerras intertribais dos iorubas<br />

trouxeram ao Brasil contingentes das diversas nações embarcadas em<br />

Lagos, Badagri e Porto Novo. Eles trouxeram quase todos os seus<br />

deuses. Os iorubas de Oyo vinham com Xangô, deus do trovão tido<br />

como o terceiro de seus reis; os Egha trouxeram Iemanjá, divindade do<br />

rio Ogum que na Bahia se tor<strong>no</strong>u deus do mar; os Ijexa vieram com<br />

Oxum, que se tor<strong>no</strong>u a divindade das águas doces <strong>no</strong> Brasil; os Ekiti<br />

trouxeram Ogum, deus do ferro, dos ferreiros e dos guerreiros. A gente<br />

de Ife veio com Oxalá, divindade da criação; os de Ifan, Oxalufan e os<br />

de Ejigbo, Oxaguian, os dois <strong>no</strong>mes sob os quais se rende o culto de<br />

Oxalá <strong>no</strong> Brasil. Oya, divindade do Niger e das tempestades, tor<strong>no</strong>u-se<br />

Iansã na Bahia. Uma grande parte dos orixás e voduns da Nigéria e do<br />

Daomé atuais passaram assim o Atlântico para se implantar nas<br />

Américas (Pierre Verger, em Notícias da Bahia).<br />

No Brasil, praticamente é extinta a casa do Ogã, voltada<br />

para a presentificação dos antepassados; só se tem <strong>no</strong>tícia de uma<br />

dedicada a seu culto na ilha de Itaparica, enquanto tem<br />

continuidade e se generaliza aqui o culto dos orixás — entidades<br />

não antropomórficas representando aspectos da natureza e<br />

elementos primordiais da vida — <strong>no</strong> “candomblé” baia<strong>no</strong>, <strong>no</strong>me

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!