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TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

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oda de amigos que o samba teria sido roubado de João da Mata e<br />

de Minam, compositores do morro de Santo Antônio. As<br />

possibilidades oferecidas pelo mercado fo<strong>no</strong>gráfico e pelo teatro,<br />

de remuneração e prestígio para indivíduos desprivilegiados<br />

socialmente, justificariam atitudes oportunistas, <strong>no</strong> vale-tudo pela<br />

vida, como já anteriormente havia acontecido com João<br />

Pernambuco, omitido por Catulo na autoria de várias músicas que<br />

se popularizam, como voltaria a acontecer tantas vezes na história<br />

do samba carioca.<br />

No início de fevereiro de 1917, Paschoal Segreto, o homem<br />

que virtualmente inventa a indústria cultural <strong>no</strong> <strong>Rio</strong>, lança <strong>no</strong> São<br />

José da praça Tiradentes a “revista de uso e costumes” Três<br />

pancadas, outra parceria da dupla de sucesso do momento,<br />

Carlos Bittencourt e Luís Peixoto. Dentro do gênero, a revista se<br />

inspirava <strong>no</strong>s acontecimentos do momento para elaborar<br />

maliciosos e críticos comentários dramático-musicais. Suas<br />

músicas eram escritas pelo regente da orquestra ou apareciam sob<br />

a rubrica de “música de diversos autores”, recurso também<br />

corrente <strong>no</strong> meio, que permitia que se aproveitassem as músicas<br />

do momento ou incluíssem lançamentos para o próximo Carnaval.<br />

O espertíssimo Paschoal não deixaria fora o samba Pelo Telefone,<br />

escolhendo a dedo uma de suas vedettes, Júlia Martins, a<br />

deliciosa Julinha, para interpretá-lo. Claro que Julinha, maxixeira<br />

de sucesso, canta a letra com “chefe de polícia” <strong>no</strong> dia de<br />

lançamento da revista, incorrendo na ira do censor designado, um<br />

suplente de delegado, que sai do seu camarote, se dirigindo aos<br />

bastidores para exigir o corte <strong>no</strong>s versos. O literato Bastos Tigre,<br />

presente, que na época assinava como Cyra<strong>no</strong> & C. uma coluna<br />

<strong>no</strong> Correio da Manhã, registra o caso.<br />

O sucesso do Pelo Telefone provocaria várias paródias do

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