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Para se jogar.”<br />
Ismael Silva: Isso é maxixe.<br />
Donga: Então o que é samba?<br />
Ismael: “Se você jurar / Que me tem amor / Eu posso me regenerar /<br />
Mas se é pra fingir mulher / A orgia assim não vou deixar.”<br />
Donga: Isso não é samba, é marcha. (Sérgio Cabral, em As escolas de<br />
samba).<br />
O sucesso da música traz à tona discussões sobre sua<br />
autoria. Corre o boato de que o samba dera muito dinheiro, Donga<br />
não responde às acusações que se levantam, e paralelamente<br />
muitos oportunistas registram a mesma melodia e versos usando<br />
diferentes títulos. Carlos A. Lima chega a editar Chefe da folia <strong>no</strong><br />
telefone. J. Meira, aproveitando o anúncio original da música<br />
como samba-tango, sem nenhuma razão musical para isso,<br />
apenas para efeitos de veiculação, associando-a a um ritmo de<br />
sucesso <strong>no</strong> momento, registra o “tango” Ai, ai, ai, a rolinha sinhô,<br />
sinhô. Maria Carlota da Costa Pereira também se diz autora do<br />
tango assemelhado com o estapafúrdio <strong>no</strong>me de No telefone,<br />
rolinha, baratinha e Cia.<br />
No entanto, é da casa de Tia Ciata que vem a atitude mais<br />
forte. Donga nunca fora se explicar direito com ela e a negra não<br />
era de deixar passar as coisas. Assim, da questão da autoria do<br />
samba, os dois nunca se conciliariam. Em cima da bucha, ainda<br />
na véspera do Carnaval de 1917, sai num canto de página do<br />
Jornal do Brasil de 4 de fevereiro: “Do Grêmio Fala Gente<br />
recebemos a seguinte <strong>no</strong>ta: Será cantado domingo, na avenida <strong>Rio</strong><br />
Branco, o verdadeiro tango Pelo Telefone, dos inspirados<br />
carnavalescos, o imortal João da Mata, o maestro Germa<strong>no</strong>, a<br />
<strong>no</strong>ssa velha amiguinha Ciata e o inesquecível e bom Hilário;<br />
arranjado exclusivamente pelo bom e querido pianista J. Silva<br />
(Sinhô), dedicado ao bom e lembrado amigo Mauro, repórter de