23.02.2013 Views

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

No entanto, nem nas primeiras versões gravadas — que não<br />

satisfazem Donga, que só aceitaria como definitiva a da banda do<br />

Primeiro Regimento de Infantaria da Bahia, dirigida pelo maestro<br />

Wanderley, [pg. 120] e nem mesmo na partitura, aparece a letra<br />

que ridiculariza a polícia, e que em muito ajudaria sua<br />

popularização. Além do desfavor que geralmente acompanha as<br />

instituições repressivas, <strong>no</strong> caso da polícia carioca o<br />

ressentimento popular se acentuava por sua tradição de violência<br />

e arbitrariedade <strong>no</strong> trato com a gente pequena, a ralé, e ainda<br />

mais com o negro, por princípio considerado suspeito. Daí, a piada<br />

desabusada visando ao chefe de polícia, fosse ele Belisário, o de<br />

1913, ou o de então (1917), Aureli<strong>no</strong> Leal, logo empatizada pelo<br />

povo liberado pelo ar carnavalesco. No entanto, a letra cantada<br />

não seria assumida, e, malandramente, Donga registrou e depois<br />

fez gravar uma versão dirigida ao “chefe da folia”, e além disso<br />

alongada, homenageando os carnavalescos Morcego, Peru, o co-<br />

autor Mauro de Almeida, e Norberto do Amaral Júnior, “praças<br />

escovadas” e figuras centrais do Clube dos Democratas e do<br />

mundo carnavalesco carioca. A letra autocensurada ficaria assim:<br />

O chefe da folia<br />

Pelo telefone<br />

Manda avisar,<br />

Que com alegria,<br />

Não se questione,<br />

Para se brincar.<br />

Ai, ai, ai,<br />

é deixar mágoas pra trás<br />

é rapaz,<br />

Ai, ai, ai,

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!