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TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

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partir da popularização do rádio, teria reduzida sua importância<br />

central para a cidade, embora se mantenha viva até hoje, com<br />

uma repercussão regular e setorizada.<br />

Em 1920, atendendo às pressões vindas de cima contra o<br />

festejo popular, o chefe de polícia, Germinia<strong>no</strong> de França, proíbe a<br />

presença dos blocos, cordões e rodas de batucadas na Penha. Se a<br />

proibição não se mantém, a repressão policial é renitente,<br />

incidindo principalmente sobre os sambistas. Assim, muitos se<br />

afastam em busca da profissionalização que pudesse lhes garantir<br />

melhores possibilidades nessa sociedade tão afunilada em<br />

oportunidades para o negro. Vagalume, <strong>no</strong> seu livro Na roda do<br />

samba, onde homenageia postumamente alguns “baia<strong>no</strong>s”<br />

ilustres, Eduardo das Neves, Sinhô, Hilário Jovi<strong>no</strong> e Assuma<strong>no</strong><br />

Mina do Brasil, revela as pressões econômicas feitas pelos<br />

capelães que terminariam por dar outra feição à festa popular:<br />

Hoje já não é tão grande a animação, porque, com a perseguição dos<br />

talassas (monarquistas portugueses), veio de Portugal um padre<br />

português que, uma vez investido da função de capelão, instituiu a<br />

taxa “mínima obrigatória” de 10$000 por cabeça <strong>no</strong>s “batizados de<br />

cambulhada”. Não satisfeito com o comércio de fazer cristãos,<br />

transferiu a beleza da festa campestre que se realizava <strong>no</strong> arraial, para<br />

a “Chácara do Capitão”, o que resulta “uma renda fabulosa”. É tão<br />

grande o “negócio de batizados por atacado”, que foi preciso “mandar<br />

buscar em Portugal” um outro capelão, também “talassa”, para<br />

ajudante do que substituíra o padre Ricardo Silva. Hoje, os dois<br />

capelães portugueses ostentam luxuosas batinas de alpaca seda e<br />

sapatos de fivelas de platina! [pg. 114]<br />

Para Tia Ciata e sua geração de baianas-festeiras<br />

tradicionais, mas que por sua posição defensiva na sociedade da<br />

época eram circunscritas, nessa vocação, ao âmbito de suas casas<br />

e ao Carnaval popular do largo de São Domingos e depois da praça

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