23.02.2013 Views

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

indústria de diversões, que incorpora muitos desses indivíduos e<br />

redefine a produção artística, tornando-a rentável, cria uma série<br />

de impasses <strong>no</strong> meio negro. Questões pessoais entre as grandes<br />

personalidades, artistas populares, lideranças, que teriam força<br />

desintegradora entre a baianada e seus primeiros aliados cariocas.<br />

[pg. 106]<br />

Entretanto, este movimento também tem força<br />

democratizante, as separações forçando <strong>no</strong>vas alianças,<br />

propiciando encontros de gente diferenciada que se identifica a<br />

partir de contextos comuns e situações compartilhadas, abrindo<br />

uma elite inicialmente exclusivista, e transformando seu<br />

aristocratismo em resistência e sentimento revalorizador para<br />

enfrentar a grande distância em que é mantido o povo pelas<br />

classes superiores e os sentimentos de inferioridade impostos. A<br />

consistência das tradições e a força daquela geração permitiria<br />

que se mantivesse uma identidade negra atuante na forja do <strong>Rio</strong><br />

de Janeiro moder<strong>no</strong>, na aparição de <strong>no</strong>vas formas populares que<br />

fascinariam toda a cidade e chamariam seus interesses para cena.<br />

Os conflitos e a modernização expõem a antiga unidade do<br />

grupo e interferem nas suas formas fundamentais de expressão.<br />

Se o candomblé baia<strong>no</strong> se mantém em algumas casas, e mais<br />

freqüentemente de forma sincretizada nas macumbas que<br />

aparecem <strong>no</strong>s morros, e depois na umbanda da classe média, os<br />

ranchos desaparecem, re<strong>no</strong>vando-se na forma moderna das<br />

escolas de samba. Os descendentes dos primeiros baia<strong>no</strong>s,<br />

afastados de um convívio tão intenso, dispersos pela cidade,<br />

mantém o justo orgulho de suas origens e de seus antepassados,<br />

hoje consubstanciados nas modernas instituições religiosas e<br />

carnavalescas, nas artes e <strong>no</strong> temperamento profundo do <strong>Rio</strong> de<br />

Janeiro, para quem são tradição e referência. [pg. 107]

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!