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progressivamente se integraria, a partir do processo de<br />
proletarização que se acentua <strong>no</strong> fim da República Velha e da<br />
redefinição de sua vida cultural, com a solidificação das <strong>no</strong>vas<br />
instituições populares, legitimadas e submetidas pela legislação de<br />
Vargas. Da <strong>Pequena</strong> África <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro surgiriam<br />
alternativas concretas de vizinhança, de vida religiosa, de arte,<br />
trabalho, solidariedade e consciência, onde predominaria a<br />
cultura do negro vindo da experiência da escravatura, <strong>no</strong> seu<br />
encontro com o migrante <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong> de raízes indígenas e ibéricas<br />
e com o proletário ou o pária europeu, com quem o negro partilha<br />
os azares de uma vida de sambista e trabalhador.<br />
Assim, esse grupo baia<strong>no</strong> se constituía numa elite nessa<br />
comunidade popular que se desloca do Centro para suas<br />
imediações, forçada a se reestruturar a partir das grandes<br />
transformações nacionais e da reforma da cidade, referências de<br />
um grupo heterogêneo e caótico onde se preservam e se misturam<br />
essas maiorias e mi<strong>no</strong>rias étnicas nacionais e estrangeiras.<br />
Principalmente entre os negros, os africa<strong>no</strong>s e os baia<strong>no</strong>s da<br />
nação iorubá, garantidos por sua tradições civilizatórias e coesos<br />
pelo culto do candomblé, eram considerados uma gente distinta, a<br />
cujas festas não era qualquer “pé-rapado” que tinha acesso, e<br />
cujas cerimônias eram vedadas aos de fora. As características do<br />
desenvolvimento da cidade e de seus bairros populares e a<br />
sucessão das gerações em meio a um processo de massificação<br />
cultural imposto tornariam cada vez mais difícil este exclusivismo.<br />
Assim, incorporam-se progressivamente aos seus descendentes,<br />
principalmente a partir de 1930, indivíduos de diversas<br />
procedências, a partir da solidariedade despertada tanto nas<br />
órbitas de vizinhança e trabalho, quanto a partir da complexidade<br />
de encontros e influências que a vida ganha <strong>no</strong> <strong>Rio</strong>. Também a