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TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

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“Cê besta, nêgo!” Desenho de Mendez.<br />

In: Tipos e costumes do negro <strong>no</strong> Brasil,<br />

op. cit., s.n.p<br />

(...) os baia<strong>no</strong>s que chegavam de sua<br />

terra iam para a casa do Miguel<br />

Peque<strong>no</strong> ou então da Tia Bebiana que<br />

morava próximo. Miguel Peque<strong>no</strong> era<br />

uma espécie de cônsul dos baia<strong>no</strong>s.<br />

As casas daquele tempo tinham<br />

sempre quatro a cinco quartos, de<br />

modo que dava pra todo mundo.<br />

Além disso, sempre tinha um quintal<br />

<strong>no</strong>s fundos com pés de mamão e de<br />

fumo. Havia fartura. A turma vinha<br />

da Bahia e ficava alojada até se<br />

arrumar melhor. Seu Miguel era casado com Tia Amélia Kitundi. Ele era<br />

escuro, mas Amélia era uma mulata muito bonita, não era brincadeira. Tão<br />

boa que todo mundo olhava pra ela. Um espetáculo. A presença dela atraía<br />

mais pessoas para a casa de Miguel Peque<strong>no</strong>. Este, a exemplo do “Sereia”, do<br />

“Dois de Ouro”, queria também fundar um rancho. Ele tinha tirado licença na<br />

polícia, que era na rua do Lavradio, porque naquele tempo era preciso<br />

legalizar-se para fundar um rancho. Hilário Jovi<strong>no</strong>, depois de ter fundado o<br />

“Dois de Ouro”, já estava sendo conversado pelo Miguel para participar de seu<br />

rancho, pois ele precisava de muitos elementos bons e o Hilário era um sujeito<br />

de um tirocínio tremendo, inteligente mesmo. O Hilário estava vai-não-vai.<br />

Houve então uma espécie de cisão do “Dois de Ouro” que o Miguel queria<br />

fundar. Mas o Miguel demorou muito e o Hilário nem chegou a ajudar.<br />

Atrapalhou. Não sei o que a Tia Amélia viu <strong>no</strong> Hilário que acabou fugindo com<br />

ele. Isso virou um caso. Tia Assiata já estava morando na casa de seu Miguel.<br />

Com o acontecimento, seu Miguel, desgostoso, não quis mais saber do “Rosa<br />

Branca”, o rancho que ia ser, e deu todos os papéis para tia Assiata. Hilário<br />

passou então a odiar a tia Assiata e esta retribuía o ódio. Daí ela se organizou.<br />

Mas houve outro caso que acentuou mais a divergência. O Hilário também<br />

teve um negócio com a Marquita, filha da tia Assiata. Nesta altura mudou-se<br />

para a rua dos Cajueiros. Desta rua é que ela passou para a Visconde de<br />

Itaúna na praça Onze (Depoimento de Donga, em As vozes desassambradas<br />

do museu, Museu da Imagem e do Som/RJ).<br />

De qualquer forma, a relação dos dois não ficaria por aí.

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