Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
colocados <strong>no</strong> altar de acordo com o orixá homenageado <strong>no</strong> dia, a<br />
baiana ia para seus pontos de venda, com saia rodada, pa<strong>no</strong> da<br />
costa e turbante, ornamentada com seus fios de contas e<br />
pulseiras. Seu tabuleiro farto de bolos e manjares, cocadas e<br />
puxas, os nexos místicos determinando as cores e a qualidade. Na<br />
sexta-feira, por exemplo, dia de Oxalá, ele se enfeitava de cocadas<br />
e manjares brancos.<br />
A casa de João Alabá, de Omulu, dava continuidade a um<br />
candomblé nagô que havia sido iniciado na Saúde, talvez o<br />
primeiro <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> de Janeiro, por Quimbambochê, ou Bambochê (ou<br />
Bamboxê, como às vezes seu <strong>no</strong>me também é grafado) Obiticô,<br />
registrado como Rodolfo Martins de Andrade, africa<strong>no</strong> que chega a<br />
Salvador num negreiro na metade do século XIX, junto com a avó<br />
da babalorixá Senhora, onde se torna, depois de alforriado por sua<br />
irmã de nação Marcelina, um influente babalaô. Bambochê “é a<br />
transcrição brasileira do <strong>no</strong>me próprio ioruba Bangbose, que<br />
significa ajuda-me a segurar o oxé”. Oxé “é a ferramenta ritual de<br />
Xangô, o machado duplo, é um <strong>no</strong>me relativamente comum entre<br />
os ioruba/ nagôs, nas linhagens que cultuam o orixá Xangô e, na<br />
Bahia, houve mais de um tio com o <strong>no</strong>me de Bambochê”<br />
(Depoimento de Lili Jumbeba. Arquivo Corisco Filmes). Homem de<br />
desti<strong>no</strong> extraordinário, que, depois de viver alguns a<strong>no</strong>s <strong>no</strong> <strong>Rio</strong>,<br />
retorna à Bahia, de onde um dia partiria de volta pra sua amada<br />
África.<br />
Bambochê, que iniciara Ciata <strong>no</strong> santo ainda na Bahia, era<br />
também pai religioso de Obá Biyi, Aninha (Waldir Freitas Oliveira<br />
e Vivaldo da Costa Lima, In Cartas de Édison Carneiro a Artur<br />
Ramos), Eugênia Ana Santos (1869-1938), filha de Xangô, que<br />
lidera uma dissidência <strong>no</strong> Ilê Ixá Nassô, quando da sucessão de<br />
Mãe Sussu (Maria Júlia Figueiredo) na segunda década do século,