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“A S.D.C. a Jardineira comunica aos associados e admiradores desta<br />
sociedade que foi criado o grupo Me Queiras Bem, o qual nas manhãs<br />
de 25, 26 e 27 sairá à rua com o já conhecido garbo. E bem assim, que<br />
sábado de Aleluia o grupo iniciará, com estrepitoso baile, a <strong>no</strong>va fase<br />
desta sociedade. Aproveitando a ocasião convida todos os ranchos<br />
para que seja a lapinha, conforme uso baia<strong>no</strong>, em casa de <strong>no</strong>ssa<br />
camarada Bebiana, onde estarão os ramos para quem primeiro chegar<br />
ao largo de S. Domingos n° 7 — presidente Hilário Jovi<strong>no</strong>”.<br />
Antes de 1911 — quando o patrocínio do Jornal do Brasil ao<br />
desfile de ranchos lhe daria uma feição competitiva e<br />
preocupações artístico-musicais além do antigo sentido místico e<br />
comunal da festa — os ranchos com sua lapinha desfilavam<br />
debaixo da janela de Tia Bebiana e da Tia Ciata, essa ainda em<br />
sua antiga moradia, na rua da Alfândega, esquina de Tobias<br />
Barreto. D. Carmem conta:<br />
Bebiana de Iansã era uma baiana muito divertida, o pessoal, também<br />
os clubes, eram obrigados a ir na lapinha cumprimentar ela. Não era<br />
rica, além do santo ela pespontava muitos calçados, tinha moças que<br />
trabalhavam pra ela, em casa ela ganhava aquele dinheirinho. Quando<br />
tinha que dar festa, algum pagode, ela ia pra casa de seu João Alabá,<br />
elas todas davam de comer ao santo na casa de meu pai João. Quando<br />
elas não queriam ir à Bahia, iam pra casa de meu pai (Ibidem).<br />
Era comum as baianas de maior peso irem à Bahia tratar de<br />
suas coisas de santo e dos negócios de [pg. 94] nação,<br />
progressivamente centralizados nas casas de candomblé de<br />
Salvador, como os negros baia<strong>no</strong>s iam eventualmente à África,<br />
voltando com informações e mercadorias. Tia Bebiana e suas<br />
irmãs-de-santo, Mônica, Carmem do Xibuca, Ciata, Perciliana,<br />
Amélia e outras, que pertenciam ao terreiro de João Alabá,<br />
formam um dos núcleos principais de organização e influência<br />
sobre a comunidade. Enquanto as classes populares, em sua