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TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

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cidade, em geral esquecido pelo jornalismo, pela literatura, e<br />

principalmente pela história nacional? Pelo escrito episodicamente<br />

em alguns tantos cantos de página da imprensa burguesa? Em<br />

livros de temas indesejados que se impuseram às dificuldades de<br />

edição? Pelos relatos dos que viveram aqueles a<strong>no</strong>s e ainda estão<br />

<strong>no</strong> mundo dos vivos, ou daqueles que por sua posição são a<br />

memória viva da comunidade? Pelo que se ouviu cantado ou dito<br />

nas festas populares, <strong>no</strong>s terreiros e nas longas conversas de bar?<br />

E então confrontar informações, inferir, especular. Ouvir as ruas.<br />

Sonhar.<br />

Hilário Jovi<strong>no</strong> Ferreira, nascido <strong>no</strong> terceiro quarto do século<br />

XIX em Pernambuco, de pais presumidamente forros, e levado<br />

para Salvador ainda criança, só viria para o <strong>Rio</strong> de Janeiro já<br />

adulto, [pg. 87] onde, graças a seus excepcionais dotes, se<br />

tornaria uma das figuras de proa do meio baia<strong>no</strong>. Já <strong>no</strong> seu<br />

primeiro domicílio <strong>no</strong> morro da Conceição, Hilário se envolve com<br />

um rancho da vizinhança, o Dois de Ouro, sobrevindo-lhe a idéia<br />

de fundar outra agremiação <strong>no</strong>s moldes daquelas de que<br />

participara na Bahia. Ele próprio conta numa entrevista publicada<br />

<strong>no</strong> Jornal do Brasil de 18 de janeiro de 1913:<br />

“Em 1872, quando cheguei da Bahia a 17 de junho, já encontrei um<br />

rancho formado. Era o Dois de Ouro que estava instalado <strong>no</strong> beco<br />

João Inácio n° 17. Ainda me lembro: o finado Leôncio foi quem saiu na<br />

burrinha. Vi, e francamente não desgostei da brincadeira, que trazia<br />

recordação de meu torrão natal; e, como residisse ao lado, isto é, <strong>no</strong><br />

beco João Inácio n° 15, fiz-me sócio e depressa aborreci-me com<br />

alguns rapazes e resolvi então fundar um rancho. (...) Fundei o Rei de<br />

Ouro, que deixou de sair <strong>no</strong> dia apropriado, isto é, a 6 de janeiro,<br />

porque o povo não estava acostumado com isso. Resolvi então<br />

transferir a saída para o Carnaval”.<br />

Sua entrevista de 1913, revelando a preocupação de um

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