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TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

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popular incorporaria elementos de diversos códigos culturais,<br />

sobre os quais as tradições dos negros teriam liderança, e dariam<br />

coesão e coerência. Tradições redefinidas por essa situação<br />

precisa de encontro na sociedade brasileira da virada do século,<br />

por uma gente que realmente funda uma democracia racial<br />

propiciada pela marginalização, pela miséria e pela tortuosa<br />

experiência nacional com a proletarização.<br />

De acordo com o censo de 1890 a proporção das raças em<br />

Salvador era de 25,59% de brancos — dos quais, podemos<br />

imaginar que parte seria das elites e das <strong>no</strong>vas classes médias — ,<br />

7,83% de caboclos, para 66,49% entre negros e mulatos. No <strong>Rio</strong><br />

de Janeiro, como em todo o Centro-Sul e principalmente <strong>no</strong>s<br />

estados do extremo Sul do país, a proporção de brancos é mais<br />

expressiva, chegando a constituir 42,95% da população, para 34%<br />

de negros e mulatos. Entretanto, imperando a lógica da maior<br />

concentração de brancos nas classes superiores, e com a maior<br />

expressividade da classe média carioca característica da situação<br />

de liderança da capital da República <strong>no</strong> processo de modernização<br />

nacional, pode-se imaginar que a presença de negros nas classes<br />

subalternas da população é também dominante, como na capital<br />

baiana. Ao lado dos africa<strong>no</strong>s trazidos pelo tráfico para o <strong>Rio</strong>,<br />

geralmente bantos, se juntavam negros de outras etnias, vendidos<br />

<strong>no</strong> Nordeste para os ciclos do ouro e depois do café, que<br />

terminaram na cidade, formando a população dos bairros<br />

populares em franca mestiçagem. Ali, os baia<strong>no</strong>s forros migrados<br />

por opção própria constituiriam uma elite <strong>no</strong> meio popular e,<br />

generalizando-se as informações de seus sobreviventes e<br />

descendentes, pode-se supor serem predominantemente nagôs<br />

(iorubas).<br />

Mas como retomar os contor<strong>no</strong>s desse lado escurecido da

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