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onde festeiros baia<strong>no</strong>s, músicos e compositores negros em<br />
processo de profissionalização e os primeiros empresários da<br />
caótica vida <strong>no</strong>turna da cidade criam as formas modernas da<br />
canção popular carioca, antecedendo uma <strong>no</strong>va geração de<br />
compositores que, juntos com burgueses de Vila Isabel, depois de<br />
1930, fariam a “época de ouro da música popular brasileira”, na<br />
frase de Lúcio Rangel:<br />
E o maxixe? e o samba amaxixado? produtos do meio da Cidade Nova<br />
que Jota Efegê estudou profundamente em um livro inteiro, que<br />
Duque fez internacional, nasceu das misturas sucessivas de gosto,<br />
ritmo, coreografia e sensualidade da baixa classe média que ocupava a<br />
Cidade Nova e a praça Onze. Nasceu <strong>no</strong>s muitos clubes dançantes<br />
musicais de lá, e foi consagrado por Sinhô, por João da Baiana, por<br />
Aurélio Cavalcanti, por Manuel Luiz de Santa Cecília, que era de<br />
Paquetá mas assimilou o ritmo. Duque, Gaby, Mário Fontes, Asdrubal<br />
Burlamaqui, Pedro Dias, Bugrinha, Jaime Ferreira, são os resultados<br />
consagradores daquela mesclagem de sons negros e mulatos que se<br />
tocavam <strong>no</strong>s clubes de “mil e cem” da Cidade Nova. Sinhô, filho do<br />
meio, foi o elemento de transição entre o maxixe que morria, morto a<br />
pau pelas investidas moralizadoras da sociedade, e o samba que<br />
nascia perseguido pela polícia. Pioneiro, nasceu, cresceu e viveu lá, até<br />
seu velório ocorreu na Cidade Nova. Mesclou o samba que nascia com<br />
o maxixe que resistia às investidas moralizadoras, e criou o samba<br />
amaxixado, do qual Jura, Gosto que me enrosco, e outros, são<br />
exemplos. Donga seguiu seu passos e depois evoluiu musicalmente.<br />
Caninha sedimentou-se <strong>no</strong> tempo e ficou amaxixado. Pixinguinha<br />
cresceu e se fez universal. Heitor dos Prazeres, apesar dos esforços,<br />
sempre foi amaxixado em todas suas composições de vulto. E a<br />
consagração do ritmo, do meio, dos costumes e tipos clássicos da área<br />
foram magnificamente captadas por Carlos Bitencourt e Chiquinha<br />
Gonzaga, numa revista musical, digna de ser remontada, Forrobodó da<br />
Cidade Nova, criada em 1912 <strong>no</strong>s palcos de então (Francisco Duarte,<br />
Musicalidade, inédito).