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TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

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membros da baixa classe média do Segundo Império e da Primeira<br />

República, funcionários públicos inferiores, modestos servidores<br />

municipais, peque<strong>no</strong>s comerciantes — de quem se aproximariam<br />

musicalmente negros e migrantes <strong>no</strong>rdesti<strong>no</strong>s com quem se<br />

amontoavam <strong>no</strong>s bairros populares do <strong>Rio</strong> antigo. Aos poucos,<br />

ganha o choro características próprias, a partir das modulações<br />

graves do violão, a “baixaria”, e do espírito virtuosístico dos<br />

músicos, que, além daquelas extroversões instrumentais,<br />

acompanhavam os cantores sentimentais <strong>no</strong>s espetáculos ou nas<br />

serenatas e forneciam a música “para se dançar” dos bailes <strong>no</strong><br />

Centro e <strong>no</strong>s subúrbios. No choro tinham a oportunidade não só<br />

de tocar música exclusivamente instrumental, mas de se voltar<br />

para a música com a intensidade propiciada pela informalidade<br />

das situações.<br />

Como a modinha, o choro não era música de dança, como<br />

seriam o maxixe e o samba carioca, condição que muito favoreceu<br />

sua popularização. Surgem seus primeiros grandes intérpretes,<br />

como o genial Patápio Silva, que não chega aos trinta a<strong>no</strong>s, e o<br />

grande Pixinguinha, negro nascido <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> cuja família era<br />

extremamente ligada ao meio baia<strong>no</strong>. Como Pixinguinha, muitos<br />

músicos vindos do choro tocado entre amigos, se<br />

profissionalizariam, se valendo da mestria aprendida nas bandas<br />

de quintal para suas apresentações <strong>no</strong>s palcos populares da<br />

cidade, onde absorveriam depois, já <strong>no</strong>s a<strong>no</strong>s 20, a influência do<br />

jazz vindo dos cortiços e prostíbulos de New Orleans e o manejo de<br />

seus instrumentos tradicionais como o saxofone.<br />

Mais que em qualquer outra cidade brasileira, a<br />

diversificação da vida e o ritmo cosmopolita do <strong>Rio</strong> de Janeiro<br />

permitiria que certos hábitos musicais dos negros, vindos dos<br />

cerimoniais religiosos, dos batuques urba<strong>no</strong>s ou das

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