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TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

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que não continuar a cadeia das hipóteses, e não perguntar se aquela<br />

forma erudita popularizada, não teria [pg. 76] inicialmente uma outra<br />

forma popular que subira de nível?... (Mário de Andrade, Música doce<br />

música).<br />

A modinha, um dos primeiros gêneros de canção brasileira, a<br />

propósito da qual Mário de Andrade discute as concepções do<br />

esteta francês, remonta aos fins do século XVII, e seria tocada por<br />

muito tempo de forma camerística <strong>no</strong>s salões, retornando às ruas<br />

nesse fim de século XIX com os tocadores de violão, instrumento<br />

que substitui a viola e que por seu baixo custo e leveza se torna o<br />

instrumento harmônico e solístico possível para o músico<br />

brasileiro moder<strong>no</strong>. Com o espírito romântico que toma seus<br />

versos, característicos da época, muitos afamados literatos a<br />

cultivam, oscilando a modinha entre um per<strong>no</strong>sticismo ingênuo e<br />

uma abordagem mais trivial celebrando os peque<strong>no</strong>s casos da<br />

cidade. Tocada por músicos amadores de rua, se torna também<br />

um sucesso <strong>no</strong>s circos na voz de Eduardo das Neves, o palhaço<br />

negro que se torna um dos primeiros hits dos espetáculos-negócio<br />

<strong>no</strong> <strong>Rio</strong>, para se difundir num consumo ainda [pg. 77] mais<br />

generalizado mais tarde adaptada por Catulo da Paixão Cearense,<br />

antigo estivador da Gamboa que aparece com a onda nacionalista<br />

que toma o país já nas primeiras décadas do <strong>no</strong>vo século.<br />

O choro, outro gênero que teria importância na formação da<br />

música carioca moderna, surge nas últimas décadas do século<br />

XIX, quando já é grande o trânsito das <strong>no</strong>vidades musicais<br />

européias na cidade, se caracterizando inicialmente como apenas<br />

uma forma local particular de interpretar as músicas em voga.<br />

Esse jeito de tocar do carioca, de fundo de quintal, se apóia num<br />

naipe de instrumentos que além das cordas, violão e cavaquinho,<br />

incorpora também o sopro, sendo comum a flauta, o oficlide e a<br />

clarineta, instrumentos que estavam ao alcance dos chorões —

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