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TiaCiata_e_a_Pequena_%C3%81frica_no_Rio

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sombra das casas patriarcais se iniciando desde cedo <strong>no</strong>s<br />

peque<strong>no</strong>s serviços de compras e recados.<br />

Em 1890, dois a<strong>no</strong>s depois da Abolição, dos 74.785<br />

empregados domésticos da capital, 41.320 eram negros, 21.009<br />

brasileiros brancos, e 12.375 estrangeiros. O censo de 1890<br />

mostra que dos 89 mil estrangeiros eco<strong>no</strong>micamente ativos na<br />

cidade, mais da metade tinham posições <strong>no</strong> comércio, <strong>no</strong><br />

artesanato e na indústria manufatureira. Dos negros, 48% dos<br />

ativos trabalhavam <strong>no</strong>s serviços domésticos, 17% na indústria, 9%<br />

em atividades agrícolas, extrativas e na criação do gado, enquanto<br />

16% não declararam profissão. Os números revelam que a grande<br />

maioria estava submetida a um regime de subemprego, sem<br />

segurança ou quaisquer proteções trabalhistas, situação que era<br />

também permitida pela “proteção” paternalista dos patrões, que<br />

mantinham sua boa consciência complementando os magros<br />

pagamentos com o fornecimento de roupas velhas e objetos<br />

usados, o que se torna uma solução de uso corrente entre as<br />

partes.<br />

Eram comuns, na imprensa carioca da época, anúncios<br />

requisitando para o serviço doméstico mulheres européias,<br />

alemãs, espanholas ou portuguesas, nesta ordem de preferência,<br />

as nacionais sendo preteridas mesmo nesta órbita do trabalho.<br />

“Precisa-se de criada para todo o serviço em casa de família sem<br />

crianças, prefere-se estrangeira, rua do Resende n° 180”. “Precisa-<br />

se de uma boa cozinheira alemã para casa de família de<br />

tratamento, paga-se bem, dirija-se à rua Cosme Velho n° 113”. As<br />

profissões domésticas e as tarefas do comércio que implicavam o<br />

contato com o público seriam também preferencialmente<br />

ocupadas pelos brancos, e quanto mais brancos melhor.<br />

Entretanto, sobravam vagas para os negros, porque era

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