Edição Agosto de 2012 - Versão em PDF - Revista Anônimos
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SUMÁRIO<br />
04<br />
EDITORIAL<br />
Caros Leitores,<br />
Estamos contentes com a visibilida<strong>de</strong> que a<br />
<strong>Anônimos</strong> virtual está ganhando. Muitas pessoas, pela<br />
internet, po<strong>de</strong>m agora conhecer um pouco <strong>de</strong> nosso<br />
trabalho, que é usar a informação no combate à<br />
<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> àlcool e outras drogas, seja para auxiliar<br />
o tratamento do <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, do familiar ou a prevenção.<br />
Isso é possível graças à boa-vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossos parceiros,<br />
apoiadores e colaboradores, que juntos, faz<strong>em</strong><br />
a força para chegarmos cada vez mais longe.<br />
Além dos artigos, reflexões e vivências <strong>de</strong>sta edição,<br />
você vai conhecer os dados sobre o perfil do usuário<br />
da maconha no Brasil, divulgados no II Levantamento<br />
Nacional <strong>de</strong> Álcool e Drogas. Nossos jovens estão<br />
usando a droga cada vez mais e mais cedo. E o pior:<br />
gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>les estão tornando-se <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes da<br />
droga que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia a esquizofrenia, entre outros<br />
males. E ainda assim exist<strong>em</strong> pessoas que pensam na<br />
legalização. E você, o que pensa sobre isso?<br />
Boa reflexão.<br />
Com carinho,<br />
A redação<br />
0 5<br />
06<br />
08<br />
09<br />
12<br />
COLUNA DO MARCO<br />
Quantas vezes<br />
CAPA<br />
Levantamento Nacional revela dados<br />
sobre o uso da maconha no Brasil<br />
COLUNA DO PADRE HAROLDO<br />
O T<strong>em</strong>po<br />
COLUNA DO CARLOS<br />
Fazer diferente<br />
COLUNA DA MARÍLIA<br />
Pessoas tóxicas e pessoas nutritivas<br />
associadas às <strong>de</strong>pendências e co<strong>de</strong>pendências<br />
EXPEDIENTE<br />
Diretora <strong>de</strong> Redação: Romina Miranda<br />
Cerchiaro<br />
Direção <strong>de</strong> Arte: Butterfly Publicações<br />
Jornalista Responsável: Romina Miranda<br />
Cerchiaro - MTb 49.130<br />
Gerente <strong>de</strong> Negócios: Humberto Fröhls<br />
Fotos - Microfoto<br />
<strong>Anônimos</strong> é uma publicação da Butterfly Publicações Ltda<br />
Libélula Publicações<br />
Redação, Administração e Publicida<strong>de</strong>:<br />
Av. Gal. Ataliba Leonel, 2087 - Cj. 02 - Santana - 02033-<br />
010 - São Paulo - SP Telefones: (11) 2901.0048 e 2373.0577<br />
contato@revistaanonimos.com.br<br />
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Os artigos assinados são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus autores,<br />
não correspon<strong>de</strong>ndo necessariamente à opinião <strong>de</strong>ste periódico.<br />
Não é permitida a reprodução total ou parcial das<br />
matérias pu-blicadas s<strong>em</strong> consentimento prévio e por escrito<br />
da revista <strong>Anônimos</strong>.<br />
A Libélula Publicações não se responsabiliza pelo conteúdo<br />
dos anúncios publicados nesta revista, n<strong>em</strong> garante as<br />
promessas divulgadas como publicida<strong>de</strong>. Cabe ao leitor buscar<br />
informações sobre os produtos e serviços aqui<br />
anunciados.<br />
13<br />
14<br />
16<br />
18<br />
19<br />
12 PRINCÍPIOS<br />
Novo caminho<br />
REFLEXÕES<br />
Será que existe recuperação?<br />
12 PASSOS<br />
O passo do perdão<br />
VIVÊNCIAS<br />
Ser capaz ou incapaz<br />
PALAVRA DE AMOR<br />
O encontro
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Por Marco Leite<br />
Meu cinquentenário chega <strong>em</strong> um momento <strong>de</strong> renovação<br />
e provações. Como tenho falado <strong>em</strong> artigos anteriores,<br />
sou um vencedor e um vencido ao mesmo t<strong>em</strong>po,<br />
vivo <strong>em</strong> conflitos. Isso é coisa <strong>de</strong> minha bipolarida<strong>de</strong>, e<br />
como optei por não tomar r<strong>em</strong>édios (drogas também)<br />
para combater minha <strong>de</strong>pendência química e alcoólica,<br />
pago um preço por isso. São as nuances <strong>de</strong> meu humor e<br />
<strong>de</strong> meu t<strong>em</strong>peramento.<br />
Quantas vezes passou pela minha cabeça <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong><br />
lado meus i<strong>de</strong>ais e meus sonhos... Mas, jamais, <strong>em</strong><br />
momento algum, eu pensei <strong>em</strong> sair do meu rumo - a sonhada<br />
sobrieda<strong>de</strong>. Ela é o maior <strong>de</strong> meus objetivos. Nada<br />
e n<strong>em</strong> ninguém fará eu voltar para um passado, que teve<br />
seus momentos bons, mas que na gran<strong>de</strong> maioria dos dias<br />
foi muito ruim.<br />
L<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> quantas vezes voltei para casa com o<br />
coração amargurado e arrependido do que tinha feito, ou<br />
pior, com a preocupação <strong>de</strong> n<strong>em</strong> l<strong>em</strong>brar o que havia<br />
ocorrido <strong>de</strong>vido aos apagões que tive e n<strong>em</strong> po<strong>de</strong>r rever<br />
os meus erros.<br />
Quantas vezes estive <strong>em</strong> completa solidão, mesmo<br />
estando com muitas pessoas a minha volta, o medo <strong>de</strong><br />
dividir e <strong>de</strong> partilhar meus probl<strong>em</strong>as não me levava a<br />
lugar algum. Ainda hoje mantenho uma capa <strong>de</strong> proteção<br />
<strong>em</strong> meu silêncio. Esperando ajuda, me calo, e quero que o<br />
outro adivinhe o que estou pensando. Isso nunca vai<br />
acontecer, é preciso quebrar este vício que, às vezes, é<br />
muito maior que uma ofensa ou uma discussão. O silêncio<br />
exagerado é um <strong>de</strong>scaso para com a pessoa com qu<strong>em</strong><br />
se divi<strong>de</strong> uma vida.<br />
Quantas vezes eu tenho procurado transpor esta barreira<br />
do silêncio e ter a corag<strong>em</strong> <strong>de</strong> realmente mudar e ser<br />
Quantas vezes...<br />
o mais verda<strong>de</strong>iro possível. Algumas pessoas diz<strong>em</strong> que<br />
escrevo com o coração e me comporto como um menino<br />
imaturo na hora do diálogo.<br />
Quantas vezes falhei no agir por me calar e <strong>de</strong>ixei as<br />
oportunida<strong>de</strong>s passar<strong>em</strong> <strong>em</strong> branco. Quero parar com<br />
isso, mas tenho sido falho. Parece que cresço e vou<br />
subindo <strong>de</strong>graus, mas costumo bater <strong>em</strong> obstáculos e<br />
voltar ao começo, novamente.<br />
O melhor disso tudo é que sou um lutador e não <strong>de</strong>sisto,<br />
pois mesmo que tenha que repetir quantas vezes for<br />
preciso, eu vou insistir. Já ultrapassei o maior dos obstáculos<br />
que foi a guerra contra minha <strong>de</strong>pendência.<br />
Passei minha vida s<strong>em</strong> luta e hoje sou um lutador, não<br />
me entrego e não acredito <strong>em</strong> causas perdidas, sou forte e<br />
vou continuar <strong>em</strong> minha missão e acreditando <strong>em</strong> Deus.<br />
Com Ele e minha força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> sei que vou chegar lá.<br />
Quantas vezes me foi dito que Deus está no comando<br />
<strong>de</strong> minha vida, e isso é uma verda<strong>de</strong>, mas Ele não resolve<br />
meus probl<strong>em</strong>as, apenas me mostra as oportunida<strong>de</strong>s. É<br />
como se Ele fosse apenas o navegador, e a direção a seguir<br />
cabe a mim <strong>de</strong>cidir.<br />
E eu já <strong>de</strong>cidi... resolvi acreditar no amor à vida, e sei<br />
que só o amor po<strong>de</strong> me transformar <strong>em</strong> uma pessoa melhor.<br />
Eu acredito nisso!<br />
E vou atrás <strong>de</strong> meus sonhos quantas vezes for<br />
necessário!<br />
Marco Antônio Machado Leite<br />
Jornalista<br />
http://lampiaogaucho.blogspot.com/<br />
55<br />
Coluna do Marco
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06<br />
Capa<br />
Levantamento Nacional revela dados<br />
sobre o uso da maconha no Brasil<br />
A maconha é a substância ilícita mais consumida no<br />
mundo. No Brasil, o Segundo Levantamento Nacional <strong>de</strong><br />
Álcool e Drogas (LENAD,) concluído <strong>em</strong> março <strong>de</strong>ste ano,<br />
investigou o padrão <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> maconha e pela primeira vez<br />
<strong>de</strong>tectou os índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência da droga <strong>em</strong> uma amostra<br />
que representa a população brasileira.<br />
O LENAD foi realizado pelo INPAD (Instituto Nacional<br />
<strong>de</strong> Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas) da UNIFE-<br />
SP (Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Paulo) e financiado pelo<br />
CNPq (Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento Científico e<br />
Tecnológico) e pela Fundação <strong>de</strong> Amparo à Pesquisa do<br />
Estado <strong>de</strong> São Paulo (FAPESP). Entrevistas <strong>em</strong> domicílio<br />
foram realizadas <strong>em</strong> 149 municípios <strong>de</strong> todo território nacional,<br />
com 4607 indivíduos <strong>de</strong> 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ou mais.<br />
A pesquisa aponta que no Brasil 7% da população adulta já<br />
experimentou maconha.<br />
Na vida, representando 8 milhões <strong>de</strong> pessoas. Três por<br />
cento da população adulta, que equivale a mais <strong>de</strong> 3 milhões <strong>de</strong><br />
pessoas, fez uso frequente no último ano.<br />
Quanto ao uso na adolescência, o estudo mostra que quase<br />
600 mil adolescentes (4% da população) já usou maconha pelo<br />
menos uma vez na vida, enquanto a taxa <strong>de</strong> uso no último ano<br />
foi idêntica a dos adultos (3% equivalente a mais <strong>de</strong> 470 mil<br />
adolescentes). Mais <strong>de</strong> 60% dos usuários <strong>de</strong> maconha experimentaram<br />
a droga pela primeira vez antes dos 18 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />
Um dado relevante apontado no Levantamento é que mais<br />
da meta<strong>de</strong> dos usuários, tanto adultos quanto adolescentes<br />
consom<strong>em</strong> maconha diariamente (1.5 milhões <strong>de</strong> pessoas).<br />
Embora a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> usuários relatados no Brasil (3%)<br />
seja relativamente pequena se comparada a países como<br />
Canadá (14%), Nova Zelândia (13%) ou Estados Unidos<br />
(10%), a percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> maconha entre<br />
usuários é a mesma encontrada <strong>em</strong> países com maior prevalência<br />
<strong>de</strong> uso. Mais <strong>de</strong> um terço dos usuários adultos foram i<strong>de</strong>ntificados<br />
como <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes no estudo. Na adolescência os<br />
índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência alcançam 10% entre usuários. Vale<br />
ressaltar que o estudo mostrou um aumento <strong>de</strong> usuários adolescentes<br />
entre 2006 e <strong>2012</strong>. Ou seja, <strong>em</strong> 2006, existia menos<br />
<strong>de</strong> 1 adolescente para cada adulto usuário <strong>de</strong> maconha; <strong>em</strong><br />
<strong>2012</strong> foram encontrados 1.4 adolescentes para cada adulto<br />
usuário.<br />
O levantamento mostra que a <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> maconha<br />
existe e é bastante comum entre os usuários. A i<strong>de</strong>ntificação<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> maconha usada pelo estudo não leva <strong>em</strong><br />
consi<strong>de</strong>ração a quantida<strong>de</strong> ou frequência <strong>de</strong> uso da droga, mas<br />
sim aspectos comportamentais comuns da <strong>de</strong>pendência. São<br />
avaliados: ansieda<strong>de</strong> e preocupação por não ter droga, a sensação<br />
<strong>de</strong> perda <strong>de</strong> controle sobre o uso, a preocupação com o<br />
próprio uso, o fato <strong>de</strong> ter tentado parar, <strong>de</strong> achar difícil ficar<br />
s<strong>em</strong> a droga.<br />
Além disso, também foi <strong>de</strong>tectado que um terço dos adultos<br />
usuários já tentaram parar e não conseguiram, enquanto<br />
27% já apresentaram sintomas <strong>de</strong> abstinência ao tentar parar.<br />
Tendo <strong>em</strong> vista o contexto atual <strong>de</strong> discussão da legislação<br />
referente à maconha, a opinião pública sobre a legalização da<br />
maconha foi investigada na população <strong>de</strong> 14 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> ou<br />
mais. A maioria (75%) da população abordada não concorda,<br />
11% concorda com a legalização da maconha enquanto 14%<br />
não t<strong>em</strong> uma opinião formada.
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07<br />
foto
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Coluna do Padre Haroldo<br />
08<br />
Por Padre Haroldo J. Rahm, SJ<br />
O que significa o t<strong>em</strong>po para você?<br />
Como viver o t<strong>em</strong>po da melhor maneira, e fazer da<br />
vida uma passag<strong>em</strong> intensa... Aproveitar o nosso t<strong>em</strong>po<br />
com sabedoria... Nossas oportunida<strong>de</strong>s, escolhas... E as<br />
dádivas Divinas que nos são concedidas a todo o momento,<br />
a todo t<strong>em</strong>po.<br />
Esperar o t<strong>em</strong>po correto para tudo e agir com o t<strong>em</strong>po<br />
<strong>em</strong> todas nossas <strong>de</strong>cisões, confiando e acreditando que<br />
Jesus Cristo está agindo no seu t<strong>em</strong>po a favor <strong>de</strong> nossas<br />
vidas.<br />
O passado passou, o futuro é incerto, mas po<strong>de</strong>mos<br />
construí-lo através do presente... Somente o presente é<br />
eterno; é agora, é este momento que t<strong>em</strong> o verda<strong>de</strong>iro<br />
valor e energia <strong>de</strong> vida. É este momento que faz a diferença.<br />
Vivendo do passado e do futuro, estamos per<strong>de</strong>ndo<br />
t<strong>em</strong>po, e este segundo não volta mais.<br />
Faça agora do seu t<strong>em</strong>po a verda<strong>de</strong> e a vida <strong>em</strong> Jesus<br />
Cristo. Aprenda a concentrar-se neste momento, pensando<br />
no passado como experiência e no futuro como esperança.<br />
Viva o presente, pois a vida é o presente.<br />
A globalização do mundo mo<strong>de</strong>rno faz com que a<br />
humanida<strong>de</strong> esqueça <strong>de</strong> viver pausadamente cada situação,<br />
no seu <strong>de</strong>vido t<strong>em</strong>po. Aceleramos tudo, não t<strong>em</strong>os paciência,<br />
nos tornamos imediatistas, e daí construímos sobre<br />
erros, pois <strong>de</strong>sta maneira nos expomos mais e nos<br />
arriscamos mais. Falta t<strong>em</strong>po para a afetivida<strong>de</strong> e para os<br />
diálogos. Per<strong>de</strong>mo-nos como pessoas!<br />
A droga é só um paliativo para a solução imediata que<br />
procuramos para nossas <strong>em</strong>oções e probl<strong>em</strong>as. Ela parece<br />
resolver tudo rapidamente. Porém são apenas ilusões, nos<br />
sentimos mais fortes, inibe nossa tristeza, proporciona<br />
uma corag<strong>em</strong> aparente. Tudo perda <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, as consequências<br />
são <strong>de</strong>struição e somatizam dores e <strong>de</strong>silusões.<br />
Mas, Jesus Cristo não per<strong>de</strong> t<strong>em</strong>po. No t<strong>em</strong>po Dele,<br />
vidas são salvas. Em algum momento o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> alguém<br />
O t<strong>em</strong>po<br />
é o mesmo <strong>de</strong> Cristo; estando no mesmo t<strong>em</strong>po Dele, faznos<br />
<strong>de</strong>spertar. É o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> salvar e perdoar, <strong>de</strong> viver, <strong>de</strong><br />
apreciar o que Ele nos <strong>de</strong>u <strong>de</strong> melhor. Com Ele, passamos<br />
a nos conscientizar mais da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nos <strong>de</strong>spir <strong>de</strong><br />
nós mesmos quando não estamos dando certo. No<br />
Caminho da Luz t<strong>em</strong>os todas as chances <strong>de</strong> reconstruímonos.<br />
Você já <strong>de</strong>ve ter feito algo maléfico. Po<strong>de</strong>ria pensar<br />
nisto? Algo que não vai ao encontro da Palavra <strong>de</strong> Deus,<br />
<strong>de</strong> seus Mandamentos e do exercício do Amor. Algo que<br />
foi conduzido pelos <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> caráter. Um momento <strong>de</strong><br />
egoísmo, <strong>de</strong> furor, <strong>de</strong> orgulho! Per<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>mais nosso<br />
t<strong>em</strong>po. Nestes momentos difíceis t<strong>em</strong>os que ter consciência<br />
e não permitir que nossos <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> caráter fal<strong>em</strong><br />
mais alto <strong>em</strong> nós. Sentir raiva ou ciúme é humano; a diferença<br />
está no que faz<strong>em</strong>os com eles, as nossas reações e<br />
comportamentos. Um ato negativo acarretará uma reação<br />
<strong>de</strong>strutiva, e estar<strong>em</strong>os colaborando para o mal vencer.<br />
Atingimos o cosmos e o t<strong>em</strong>po fará <strong>de</strong> nós a principal vítima.<br />
Se estivermos no t<strong>em</strong>po Divino, <strong>de</strong>ixamos <strong>de</strong> ser a<br />
vítima para sermos guerreiros na luta pelo b<strong>em</strong>.<br />
E você, o que faria com seu t<strong>em</strong>po se soubesse que o<br />
mundo acabaria amanhã?<br />
Haroldo J Rahm, SJ – Fundador da APOT –<br />
Instituição Padre Haroldo<br />
Para pessoas com síndrome <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência<br />
alcoólica e química <strong>de</strong> ambos os sexos<br />
Tel. (19) 3794-2500<br />
Campinas – São Paulo – Brasil<br />
Fundador do Amor Exigente, Yoga Cristã e TLC<br />
hrahmsj@yahoo.com<br />
padreharoldo.blogspot.com
ANÔNIMOS VIRTUAL ED 9:miolo Anonimos ed. 14.qxd 28/8/<strong>2012</strong> 16:36 Page 9<br />
Por Carlos Alberto Rocha Ferreira<br />
A recuperação da <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> drogas e álcool é<br />
acima <strong>de</strong> tudo a busca <strong>de</strong> um novo estilo <strong>de</strong> vida.<br />
Todo mundo na vida passa por fases. Há situações<br />
muito fáceis <strong>de</strong> mudar. Por ex<strong>em</strong>plo, um novo corte <strong>de</strong><br />
cabelo, basta procurar um profissional e pronto: novo<br />
visual. Agora há coisas na vida que são vistas como<br />
impossíveis. Para essas há s<strong>em</strong>pre aquelas respostas:<br />
"Sou assim e pronto";<br />
"Estou velho <strong>de</strong>mais para mudar";<br />
“A vida é minha”;<br />
S<strong>em</strong> dúvida, mudança requer: o querer, corag<strong>em</strong> e disposição.<br />
Ninguém muda se não quer.<br />
O querer mudar nunca é o mesmo o t<strong>em</strong>po todo. Há<br />
momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sânimo, <strong>de</strong>sesperança, falta <strong>de</strong> sentido no<br />
<strong>de</strong>sejo da mudança. É preciso ter um objetivo muito claro<br />
e saber a vantag<strong>em</strong> que essa mudança trará (elas serão<br />
maiores que as perdas?). Sobretudo, é preciso apoio e pessoas<br />
que saibam colaborar para o processo <strong>de</strong> mudança.<br />
Tudo isso t<strong>em</strong> relação com a recuperação.<br />
Qualquer pessoa t<strong>em</strong> que mudar um comportamento.<br />
Por ex<strong>em</strong>plo, alguém com medo <strong>de</strong> viajar <strong>de</strong> avião.<br />
Devido a esse medo, por muitos anos recusou <strong>em</strong>pregos<br />
vantajosos e viagens com amigos para não ter que pegar<br />
avião. De repente conheceu alguém, que vivia distante e o<br />
namoro só seria possível se pegasse avião frequent<strong>em</strong>ente.<br />
Rapidamente procurou ajuda e superou esse medo.<br />
Portanto, as situações faz<strong>em</strong> com que a pessoa busque<br />
ajuda justamente porque ela quer motivação para viver.<br />
Não dá para saber quando e o que vai motivar alguém. É<br />
preciso estar atento: a motivação para a mudança está <strong>em</strong><br />
toda a parte, mas po<strong>de</strong> aparecer e <strong>de</strong>saparecer com gran<strong>de</strong><br />
rapi<strong>de</strong>z. Por isso, quando o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> abandonar o consumo<br />
<strong>de</strong> drogas aparece, a melhor coisa é procurar ajuda<br />
imediatamente para que esse <strong>de</strong>sejo possa ser estimulado<br />
cada vez mais.<br />
Ser nós mesmos é tomar <strong>de</strong>cisões, não para agradar os<br />
outros que nos observam ou viv<strong>em</strong> com a gente, mas<br />
porque estamos usando conscient<strong>em</strong>ente e com responsabilida<strong>de</strong><br />
a nossa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> querer viver.<br />
Para po<strong>de</strong>r nos libertar do álcool e drogas sab<strong>em</strong>os<br />
que através do programa sugerido dos 12 passos po<strong>de</strong>mos<br />
encontrar esperança <strong>em</strong> uma vida melhor, mas para que<br />
isso aconteça t<strong>em</strong>os que realmente ter corag<strong>em</strong> e querer<br />
mudar. É justamente querer “fazer diferente” do que<br />
fazíamos vinte e quatro horas atrás!<br />
A mente preocupada com fatos, acontecimentos e pes-<br />
Fazer diferente<br />
soas da ativa é incapaz <strong>de</strong> perceber a sua verda<strong>de</strong>ira essência<br />
na mudança. Aquele que está agarrado ao egocentrismo<br />
está vazio por <strong>de</strong>ntro e cego por fora. Agora aquele<br />
que se liberta do egocentrismo <strong>de</strong>scobre que s<strong>em</strong>pre<br />
esteve repleto <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s a sua volta, mas nunca<br />
soube enxergá-las.<br />
Enquanto a pessoa <strong>em</strong> recuperação não se livrar <strong>de</strong><br />
certas atitu<strong>de</strong>s e comportamentos da ativa, certamente o<br />
caminho será no mínimo triste e doloroso.<br />
Mesmo <strong>em</strong> recuperação o adicto insiste <strong>em</strong> continuar<br />
usando o “se” nas suas explicações e <strong>de</strong>sculpas:<br />
“Se” tivesse conseguido dormir;<br />
“Se” minha visita tivesse vindo;<br />
“Se” não fosse ele/ela isso não aconteceria;<br />
“Se” não fosse por falta <strong>de</strong> dinheiro eu teria conseguido;<br />
“Se” pu<strong>de</strong>sse telefonar estaria melhor;<br />
“Se” não foss<strong>em</strong> os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>;<br />
“Se” não tivesse <strong>de</strong>morado;<br />
“Se” me escutass<strong>em</strong> mais;<br />
“Se” eu não estivesse sob tanta pressão;<br />
“Se” prestass<strong>em</strong> mais atenção <strong>em</strong> mim;<br />
“Se” este mundo não fosse tão nojento;<br />
“Se” as pessoas me enten<strong>de</strong>ss<strong>em</strong>;<br />
“Se” ele/ ela tivesse me pedido;<br />
“Se” ele/ ela tivesse me agra<strong>de</strong>cido...<br />
Seja lá qual for o “se”, fica claro que <strong>de</strong>ixamos que circunstâncias<br />
control<strong>em</strong> nossas vidas. A doença da adicção<br />
não respeita “se” nenhum! Ela não se afasta <strong>de</strong> nós n<strong>em</strong><br />
por uma s<strong>em</strong>ana, por um dia ou por uma hora, fazendo<br />
com que sejamos NÃO ADICTOS e capazes <strong>de</strong> usar<br />
álcool e drogas <strong>em</strong> alguma ocasião especial ou por qualquer<br />
motivo. N<strong>em</strong> mesmo somos capazes a uma única<br />
com<strong>em</strong>oração <strong>em</strong> toda vida, ou mesmo “se” estivermos<br />
presos por uma enorme dor. N<strong>em</strong> “se” chover canivetes<br />
ou “se” estrelas caír<strong>em</strong>. Na doença da adicção não exist<strong>em</strong><br />
condições, ela não respeita nenhum “se”.<br />
As experiências vividas no passado nos dão sabedoria<br />
para viver o hoje, influenciando <strong>em</strong> nossas <strong>de</strong>cisões naquilo<br />
que é bom ou não, pois já conhec<strong>em</strong>os os caminhos e<br />
os resultados. Algumas pessoas <strong>de</strong>ixam que o passado as<br />
mantenham presas naquilo que simplesmente já foi.<br />
Presas por infelizes “se”, atolam-se na culpa e não consegu<strong>em</strong><br />
n<strong>em</strong> olhar o agora.<br />
Cuidado! Em algum lugar escondido num cantinho da<br />
nossa massa cinzenta po<strong>de</strong>mos conservar um pequenino<br />
“se” que po<strong>de</strong> estar acompanhado <strong>de</strong> uma pequenina<br />
09<br />
Coluna do Carlos
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10 restrição: “Se” tudo acontecer como eu quero!<br />
T<strong>em</strong>os que trabalhar nossos <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> caráter, nossa<br />
maneira <strong>de</strong> pensar e agir. Não importa como me trat<strong>em</strong>,<br />
não importa o que aconteça, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> quaisquer<br />
circunstâncias ou condições.<br />
Transferir as nossas responsabilida<strong>de</strong>s e limitações aos<br />
outros é impedir e acabar com a recuperação. Devido o<br />
adicto não enten<strong>de</strong>r b<strong>em</strong> do seu interior e ter o costume<br />
<strong>de</strong> na ativa não assumir responsabilida<strong>de</strong>s, acaba se comparando<br />
aos outros, esquecendo que ninguém é obrigado<br />
ou t<strong>em</strong> o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> fazer por ele.<br />
Qu<strong>em</strong> se compara com os outros acaba se sentindo<br />
uma pessoa superior ou inferior, melhor ou pior. Não<br />
encontra o seu verda<strong>de</strong>iro valor, não se conhece, não se<br />
aceita. Qu<strong>em</strong> se compara acaba se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ndo dizendo:<br />
“Faço isso porque estou tentando ajudar”. Força situações<br />
e inventa histórias, fazendo com que os outros sejam os<br />
responsáveis, NUNCA ELE. Acabam achando até que<br />
seu <strong>de</strong>ver é “salvar almas”, quando só po<strong>de</strong>m é salvar a si<br />
próprios!<br />
Praticando o programa dos 12 passos quando encontramos<br />
uma situação difícil ou sentimos a chegada <strong>de</strong> um<br />
probl<strong>em</strong>a, apren<strong>de</strong>mos a procurar ajuda antes <strong>de</strong> tomarmos<br />
uma <strong>de</strong>cisão. Sendo humil<strong>de</strong>s, honestos e pedindo<br />
ajuda, po<strong>de</strong>mos atravessar os momentos mais duros. Eu<br />
não posso, nós po<strong>de</strong>mos!!!<br />
Em recuperação apren<strong>de</strong>mos que não t<strong>em</strong>os todas as<br />
respostas ou soluções, mas que po<strong>de</strong>mos apren<strong>de</strong>r a viver<br />
s<strong>em</strong> drogas e termos um novo modo <strong>de</strong> vida. Po<strong>de</strong>mos<br />
nos manter “limpos” e apreciar a vida como ela é.<br />
Quando nos amamos somos capazes <strong>de</strong> amar verda<strong>de</strong>iramente<br />
os outros. O amor é o que dá a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
crescermos espiritualmente. As pessoas genuinamente<br />
amorosas são por <strong>de</strong>finição pessoas que cresc<strong>em</strong>.<br />
Aproveit<strong>em</strong> o momento! Se não formos bons conosco<br />
agora mesmo, certamente não po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os ter respeito e<br />
consi<strong>de</strong>ração dos outros.<br />
Fazer diferente a partir <strong>de</strong> agora significa ter uma vida<br />
diferente da que tínhamos. Requer um pouco <strong>de</strong> prática,<br />
mas vale a pena o esforço!<br />
“Se você faz o que s<strong>em</strong>pre fez, conseguirá o que s<strong>em</strong>pre<br />
conseguiu”<br />
Portanto, vamos FAZER DIFERENTE!!!<br />
Só por hoje!!!<br />
Carlos Alberto Rocha Ferreira<br />
Psicoterapeuta Holístico e Delegado Ambiental. Atua na área<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência química. Atua no Grupo Carpe Di<strong>em</strong> - Clínicas <strong>de</strong><br />
Recuperação <strong>de</strong> Drogas e Álcool. É palestrante <strong>em</strong> <strong>em</strong>presas, clínicas<br />
<strong>de</strong> recuperação e grupos <strong>de</strong> ajuda.<br />
www.clinicascarpedi<strong>em</strong>.com.br<br />
carlosrocha.terapeutaholistico.com.br<br />
carlosrocha@terapeutaholistico.com.br<br />
Tel: (11) 2861-3842 / cel: (11) 9866-2673<br />
cel: (11) 7779-0959 ID: 92*112636
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12<br />
Coluna da Marilia<br />
Por Marília Teixeira Martins<br />
Ao iniciar este artigo, faz-se necessário primeiramente<br />
<strong>de</strong>finir o que é um alimento consi<strong>de</strong>rado tóxico e o que<br />
difere do alimento consi<strong>de</strong>rado nutritivo para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
saudável do ser humano.<br />
Substâncias ou alimentos tóxicos, segundo os estudiosos<br />
<strong>em</strong> saú<strong>de</strong> e nutrição, são aqueles que além <strong>de</strong><br />
causar<strong>em</strong> danos, não fornec<strong>em</strong> nenhum valor positivo ao<br />
organismo, interferindo nos processos <strong>de</strong> conservação da<br />
vida. São consi<strong>de</strong>rados altamente nocivos ao ser humano,<br />
<strong>de</strong>morando muitas vezes a manifestar sua toxi<strong>de</strong>z.<br />
Por outro lado, substâncias ou alimentos nutritivos são<br />
benéficos, tornando o organismo dos seres humanos<br />
saudáveis, atuantes e dispostos. Eles ajudam no <strong>de</strong>senvolvimento,<br />
levando nutrientes necessários à conservação<br />
da vida.<br />
Definidos estes dois tipos <strong>de</strong> alimentos e substâncias,<br />
me reporto agora aos estudos <strong>de</strong> Dr. Jerry Greenwald,<br />
estudioso do comportamento humano, que <strong>de</strong>screveu <strong>em</strong><br />
1973 dois tipos <strong>de</strong> pessoas exatamente iguais aos ex<strong>em</strong>plos<br />
que citei acima, ou seja, pessoas tóxicas que adoec<strong>em</strong><br />
seus relacionamentos e pessoas nutritivas, que alimentam<br />
seus relacionamentos.<br />
A pessoa tóxica é aquela que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do outro e duvida<br />
<strong>de</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se aten<strong>de</strong>r e se nutrir individualmente.<br />
Busca incessant<strong>em</strong>ente alguém que possa alimentar<br />
sua vida, chegando a sugá-lo <strong>de</strong> tal forma que o relacionamento<br />
torna-se completamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, caótico<br />
e doentio. Costuma per<strong>de</strong>r a noção <strong>de</strong> limites quando<br />
alguém próximo lhe dá atenção, exaurindo-o, sugando-o, e<br />
sufocando-o, sob o risco <strong>de</strong> acusá-lo <strong>de</strong> rejeição, caso ele<br />
não consiga aten<strong>de</strong>r suas expectativas. Normalmente são<br />
pessoas controladoras e manipuladoras. Seu foco <strong>de</strong> vida<br />
está na vida do outro, distanciando-se cada vez mais <strong>de</strong> si<br />
ao longo da vida.<br />
Por outro lado, a pessoa nutritiva é capaz <strong>de</strong> se autosustentar,<br />
como também se nutrir <strong>de</strong> forma saudável alimentando<br />
também suas relações. Procura incessant<strong>em</strong>ente<br />
por seu autoconhecimento e por caminhos que a lev<strong>em</strong> às<br />
mudanças necessárias para sua própria evolução. T<strong>em</strong> boa<br />
autoestima, entra facilmente <strong>em</strong> contato com seus sentimentos,<br />
conhece b<strong>em</strong> seu valor, suas habilida<strong>de</strong>s, sendo<br />
clara e objetiva ao avaliar quando <strong>de</strong>ve dizer sim e quando<br />
precisa dizer não. Por isso é uma pessoa que contribui<br />
efetivamente àquele que precisa <strong>de</strong> sua ajuda.<br />
Pessoas tóxicas e pessoas nutritivas associadas<br />
às <strong>de</strong>pendências e co<strong>de</strong>pendências<br />
No caso da <strong>de</strong>pendência química, costumo associar<br />
estes dois tipos <strong>de</strong> comportamentos tão b<strong>em</strong> <strong>de</strong>scritos<br />
pelo Dr. Jerry Greenwald aos comportamentos apresentados<br />
pelos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes e pelos co<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes.<br />
Penso que se não houver mudanças efetivas, se não<br />
houver uma busca no processo <strong>de</strong> autoconhecimento e a<br />
<strong>de</strong>terminação <strong>em</strong> se reconstruír<strong>em</strong>, possivelmente irão<br />
perpetuar seus comportamentos doentios, sob o risco <strong>de</strong><br />
contaminar todas suas relações com suas toxi<strong>de</strong>z.<br />
Por isso, nós profissionais da saú<strong>de</strong>, insistimos <strong>em</strong> sugerir<br />
e indicar a necessida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> recuperação,<br />
tanto para o <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte como também para seus familiares<br />
(co<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes). Só assim acredito que é possível<br />
minimizar ou extinguir comportamentos tão <strong>de</strong>strutivos.<br />
Minha sugestão então é que ous<strong>em</strong> arriscar e acreditar<br />
na recuperação, <strong>em</strong> si mesmos, na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-resgate<br />
e <strong>em</strong> <strong>de</strong>scobrir um Po<strong>de</strong>r Superior, capaz <strong>de</strong> ajudá-los<br />
a r<strong>em</strong>over os <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> caráter tão presentes na doença.<br />
Que ous<strong>em</strong> arriscar e acreditar que é possível alcançar<br />
e navegar <strong>em</strong> direção à serenida<strong>de</strong>, sobrieda<strong>de</strong> e à paz.<br />
Que sejam suficient<strong>em</strong>ente fortes para buscar e caminhar<br />
<strong>em</strong> direção à luz; suficient<strong>em</strong>ente corajosos para<br />
dar<strong>em</strong> o primeiro passo a favor <strong>de</strong> suas próprias recuperações,<br />
humil<strong>de</strong>s para buscar informações e pedir<strong>em</strong> ajuda<br />
e ousados para dizer "NÃO", se preciso for, s<strong>em</strong> nenhuma<br />
culpa.<br />
E por fim, que não <strong>de</strong>ix<strong>em</strong> <strong>de</strong> sorrir por mais difícil<br />
que possa parecer, que não <strong>de</strong>ix<strong>em</strong> <strong>de</strong> cantar, ainda que<br />
seja um pequeno trecho <strong>de</strong> uma música preferida e, principalmente,<br />
que não <strong>de</strong>ix<strong>em</strong> <strong>de</strong> acreditar na vida, na recuperação<br />
e <strong>em</strong> Deus, apesar <strong>de</strong> toda a dor e sofrimento.<br />
Só a luz consegue penetrar nas sombras e com seu brilho<br />
ser capaz <strong>de</strong> transformar dor <strong>em</strong> amor.<br />
E agora, diante disto, <strong>de</strong> que forma você quer se reconstruir:<br />
<strong>de</strong> forma tóxica ou <strong>de</strong> forma nutritiva?<br />
Marilia Teixeira Martins é Psicóloga Clínica<br />
Especializada <strong>em</strong> Dependência Químca e autora do<br />
livro Universo Adicto: Dependência Química:<br />
O Caminho da Recuperação<br />
www.universoadicto.com.br<br />
psi.mtm@terra.com.br
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Novo caminho<br />
Este é o 8º Princípio <strong>de</strong> Amor-Exigente, aquele que<br />
realiza gran<strong>de</strong>s mudanças no sist<strong>em</strong>a familiar. No<br />
Princípio anterior, somos impulsionados a tomar uma atitu<strong>de</strong>,<br />
porém , b<strong>em</strong> planejada. Nos preparamos para agir <strong>de</strong><br />
forma que possamos sustentar as consequências <strong>de</strong> nossas<br />
ações.<br />
Agora, enfrentamos a crise e todo o vendaval <strong>de</strong> ela<br />
traz consigo. Brigas, discussões, conflitos, separações.<br />
Tudo isso faz parte <strong>de</strong> uma crise, o movimento que geramos<br />
para <strong>de</strong>sestabilizar as coisas no sentido <strong>de</strong> fazer<br />
com que elas sejam diferentes, afinal, como estavam não<br />
funcionavam.<br />
Muitas vezes, somos impulsionados a voltar atrás, não<br />
t<strong>em</strong>os corag<strong>em</strong> <strong>de</strong> seguir <strong>em</strong> frente nas promessas que<br />
fiz<strong>em</strong>os, nas ameaças, não quer<strong>em</strong>os que nosso ente querido<br />
sofra as consequências <strong>de</strong> seus , muitas vezes, extr<strong>em</strong>amente<br />
dolorosas.Porém, a única forma <strong>de</strong> realizarmos<br />
mudanças <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminados momentos é através da crise,<br />
portanto, precisamos <strong>de</strong>ixar que ela se estenda até o fim,<br />
não po<strong>de</strong>mos querer voltar ao que não funcionava antes.<br />
Não é fácil. Como pais, cônjuges, filhos, amamos nosso<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte químico e quer<strong>em</strong>os o seu b<strong>em</strong>, porém, infelizmente,<br />
muitas vezes o seu b<strong>em</strong> está <strong>em</strong> passar pelo mal,<br />
pelas trevas, pelas perdas e dificulda<strong>de</strong>s.<br />
Este Princípio, se b<strong>em</strong> vivenciado <strong>em</strong> Amor-Exigente,<br />
com o apoio dos companheiros do grupo, nos levará até o<br />
final da meta estabelecida antes da crise ser gerada. Ele nos<br />
fortalecerá para que possamos enten<strong>de</strong>r que é no meio do<br />
caos que existe a chance <strong>de</strong> voltarmos à or<strong>de</strong>m, ou <strong>de</strong> criar<br />
uma nova or<strong>de</strong>m.<br />
O fato é que <strong>de</strong>pois da crise nada será como antes, portanto,<br />
é preciso arriscar, com confiança, segurança e com<br />
a certeza <strong>de</strong> que as coisas irão mudar para melhor.<br />
Para conhecer os 12 Princípios Básicos e os 12<br />
Princípios Éticos <strong>de</strong> Amor-Exigente, acesso site da entida<strong>de</strong>:<br />
www.amorexigente.org.br<br />
A leitura do livro “ O que é Amor-Exigente”, <strong>de</strong> Mara<br />
Silvia Carvalho <strong>de</strong> Menezes também é imprescindível para<br />
qu<strong>em</strong> <strong>de</strong>seja praticar a programação.<br />
13<br />
12 Princípios
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Reflexões<br />
14<br />
Por Polyanna P.<br />
Será que existe recuperação?<br />
Hoje faz <strong>de</strong>z meses que meu esposo está limpo, graças<br />
a Deus. São 305 dias! Confesso que pareço estar sonhando.<br />
A confiança, o diálogo, a paz, a compreensão, o companheirismo<br />
e a cumplicida<strong>de</strong> são itens que foram sendo<br />
reconstruídos, pouco a pouco, entre nós dois. E hoje<br />
posso dizer que não exist<strong>em</strong> mais tantas marcas do seu<br />
t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> ativa.Ele vai quase que diariamente às reuniões<br />
<strong>de</strong> Narcóticos <strong>Anônimos</strong>. Está se tratando com Psiquiatra,<br />
inclusive toma medicações diárias por ele receitadas, além<br />
da terapia com psicólogo. O segredo é que ele QUER se<br />
recuperar, e por isso t<strong>em</strong> dado tudo certo. Ele engordou<br />
14 quilos nesse período e está com uma aparência muito<br />
boa!<br />
Então recebi um e-mail <strong>de</strong> uma jov<strong>em</strong>, nova leitora do<br />
blog Amando um Depen<strong>de</strong>nte Químico, com as seguintes<br />
perguntas: “Existe mesmo recuperação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes<br />
químicos? Qual é o índice <strong>de</strong> pessoas que se tratam e<br />
voltam a usar drogas? Existe algum motivo que faça com<br />
que a pessoa volte a se drogar?”. Quando amamos um<br />
adicto, são tantas as dúvidas e as angustias que nos cercam<br />
e assombram, não é mesmo? Isso acontece porque buscamos<br />
certezas <strong>em</strong> um mundo totalmente incerto, quer<strong>em</strong>os<br />
garantias on<strong>de</strong> não há. Então quando <strong>de</strong>cidimos amar<br />
um <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte químico, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os apenas amar, sabendo<br />
dos riscos e das consequências, e assumindo-os. Vamos às<br />
respostas?<br />
Sim, existe recuperação para os <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes químicos,<br />
mas infelizmente não há cura para a <strong>de</strong>pendência química.<br />
Assim como o diabético que até o fim <strong>de</strong> sua vida <strong>de</strong>verá<br />
ter uma alimentação regrada e outros cuidados, o <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
químico também precisa <strong>de</strong> cuidados especiais, <strong>de</strong>ntre<br />
eles, manter-se longe da primeira dose e buscar um<br />
tratamento continuado.Conheço pessoas que estão limpas<br />
há dois, quatro, onze anos, ou seja, <strong>em</strong> recuperação.<br />
Entretanto, se falarmos <strong>em</strong> estatísticas, nos entristecer<strong>em</strong>os.<br />
Os números são baixos. Meu esposo saiu <strong>de</strong> sua ultima<br />
internação há cinco meses, e todos os que saíram com<br />
ele já recaíram. É preciso muita vonta<strong>de</strong> e força. É uma<br />
luta constante contra si mesmo. Não é fácil, mas é possível.<br />
Na verda<strong>de</strong>, prefiro me apegar a outra porcentag<strong>em</strong>: se<br />
nossos amados realmente quiser<strong>em</strong> se recuperar, buscar<strong>em</strong><br />
tratamento, e cumprir<strong>em</strong> o que é sugerido no programa<br />
dos Narcóticos <strong>Anônimos</strong>, a chance <strong>de</strong> se recuperar<strong>em</strong><br />
é <strong>de</strong> 100%. Mas, como po<strong>de</strong> perceber, isso não<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> mim n<strong>em</strong> <strong>de</strong> você.<br />
Quanto aos motivos que os levam a recair são muito<br />
subjetivos. Posso afirmar que se eles buscar<strong>em</strong> pessoas,<br />
hábitos e lugares da época <strong>de</strong> ativa, facilmente recairão. E<br />
também se tomar<strong>em</strong> bebidas alcoólicas, provavelmente<br />
buscarão as drogas. Entretanto, alguns reca<strong>em</strong> s<strong>em</strong> precisar<strong>em</strong><br />
disso. Reca<strong>em</strong> porque estão tristes, ou porque estão<br />
felizes. Reca<strong>em</strong> por não saber<strong>em</strong> lidar com sentimentos e<br />
<strong>em</strong>oções. Reca<strong>em</strong> porque caiu uma folha da árvore,<br />
porque choveu ou porque fez sol... Infelizmente não exist<strong>em</strong><br />
porquês concretos.<br />
Nós, familiares <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes químicos, precisamos<br />
enten<strong>de</strong>r que não está <strong>em</strong> nossas mãos a chave para fazer<br />
com que eles se recuper<strong>em</strong>. Por um lado, isso nos dá um<br />
sentimento <strong>de</strong> tristeza e impotência, mas, por outro,<br />
po<strong>de</strong>mos nos livrar do peso <strong>de</strong>sse fardo. Não cabe a você<br />
n<strong>em</strong> a mim, somente a eles. Eles não são culpados n<strong>em</strong><br />
responsáveis pela doença que têm, mas, são responsáveis<br />
por sua própria recuperação.Se meu esposo está limpo só<br />
por hoje, é porque ele, enfim, após chegar ao fundo do<br />
poço, conseguiu <strong>de</strong>spertar o querer sincero <strong>de</strong> recuperarse.<br />
Gostaria <strong>de</strong> relatar a história <strong>de</strong> um senhor, a fim <strong>de</strong> alimentar<br />
a nossa esperança. Esse senhor faleceu há poucos<br />
anos numa queda <strong>de</strong> um helicóptero. Morreu dignamente<br />
e amado por muitos. Ele fez um trabalho lindo <strong>de</strong> ajuda a<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes químicos, durante vinte e cinco anos. Ele era<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte químico e alcoólatra. Sua esposa e filhos não<br />
aguentaram a dor e o colocaram para fora <strong>de</strong> casa. Ele foi<br />
mendigar. Chegou a ven<strong>de</strong>r o próprio sangue (anos 70)<br />
para comprar drogas e bebidas. Fez coisas inimagináveis<br />
para obter drogas e sob o seu efeito.<br />
Entretanto, um dia, no Rio <strong>de</strong> Janeiro, com seus pensamentos<br />
totalmente confusos, ele olhou para o Cristo<br />
Re<strong>de</strong>ntor, e falou para ele: “Se tu realmente existes, me dê<br />
um sinal hoje!” Ali mesmo na rua ele adormeceu. Ao acordar,<br />
<strong>de</strong>sesperado para usar mais, começou a apalpar seus<br />
bolsos <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> algo que pu<strong>de</strong>sse trocar por mais drogas.<br />
E o que ele encontrou foi um cartãozinho dizendo:<br />
“Se você quiser continuar bebendo, o probl<strong>em</strong>a será seu,<br />
mas, se você quiser parar, o probl<strong>em</strong>a será nosso!” Era dos<br />
Alcoólicos <strong>Anônimos</strong>. De imediato ele se recordou das<br />
palavras que tinha dito <strong>em</strong> oração, e cruzou a cida<strong>de</strong> para<br />
buscar ajuda naquele en<strong>de</strong>reço do papelzinho. Ele questionava<br />
muitas coisas do A.A., era resistente, e não parou<br />
com as drogas instantaneamente, mas continuou voltando.<br />
Até que um dia, tomado por uma força maior do que a sua<br />
doença, ele disse a si mesmo: “a partir <strong>de</strong> hoje, nunca mais<br />
usarei droga nenhuma!” E ele cumpriu.<br />
Sabe por quê? Porque a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> parar foi maior do<br />
que qualquer outra vonta<strong>de</strong>. Ele recuperou sua dignida<strong>de</strong>,<br />
sua família, sua vida profissional e ainda ajudou a muitas<br />
pessoas que sofriam do mal que ele conhecia tão b<strong>em</strong>. Se<br />
ele pô<strong>de</strong>, qualquer um po<strong>de</strong>, basta querer.
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12 Passos<br />
16<br />
O passo do perdão<br />
“Fiz<strong>em</strong>os uma relação <strong>de</strong> todas as pessoas a qu<strong>em</strong> tínhamos prejudicado<br />
e nos dispus<strong>em</strong>os a reparar os danos a elas causados”.<br />
De quantas pessoas passamos por cima durante a fase<br />
<strong>de</strong> abuso <strong>de</strong> álcool ou <strong>de</strong> outras drogas? Quantos foram<br />
enganados, traídos, abandonados, machucados, lesionados?<br />
Fiz<strong>em</strong>os tudo isso influenciados pela extr<strong>em</strong>a necessida<strong>de</strong><br />
do uso, pela compulsivida<strong>de</strong> exacerbada. Tiv<strong>em</strong>os<br />
culpa? Muitas vezes não, mas t<strong>em</strong>os a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
reparar estes erros com estas pessoas. Por que? Porque isto<br />
é praticar o perdão e ele é libertador.<br />
Já vivenciamos tantas fases ao longo da programação<br />
dos 12 Passos. Aceitação, rendição, entrega, autoconhecimento,<br />
busca da confiança, mas não po<strong>de</strong>mos seguir adiante<br />
s<strong>em</strong> nos libertamos das amarras da culpa, dos erros,<br />
dos mal-entendidos, s<strong>em</strong> praticarmos o auto-perdão e<br />
pedir perdão aos que afetamos, mesmo que estes não tenham<br />
condições <strong>de</strong> nos perdoar.<br />
Neste passo, a proposta é fazer uma relação <strong>de</strong>stas pessoas<br />
para, no passo seguinte, agirmos efetivamente no sentido<br />
da reparação.<br />
Mas por que esta relação <strong>de</strong> pessoas, por que esta<br />
preparação? Porque é preciso rel<strong>em</strong>brar, trazer à tona as<br />
l<strong>em</strong>branças das pessoas, dos erros cometidos, das situações<br />
danosas para que possamos, agora <strong>em</strong> sã consciência, ter a<br />
real dimensão da necessida<strong>de</strong> da reparação e da forma que<br />
cada uma <strong>de</strong>verá ser feita.<br />
As reparações não são somente por parte do <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
para com seus familiares, mas também <strong>de</strong>stes, quando<br />
perceb<strong>em</strong> o seu papel na dinâmica da doença e também<br />
buscam recuperação através dos 12 Passos.<br />
E mais: se todos nós, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do que somos ou<br />
dos erros cometidos, fizéss<strong>em</strong>os uma relação das pessoas<br />
que prejudicamos e nos propuséss<strong>em</strong>os a fazer reparações<br />
a todas elas, o mundo seria melhor, as relações mais sólidas,<br />
tudo <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da prática do perdão.<br />
Para conhecer os 12 passos na íntegra acesse os sites:<br />
www.aa.org.br<br />
www.na.org.br<br />
www.alanon.org.br<br />
www.naranon.org.br
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18<br />
Vivências<br />
Ser capaz ou incapaz<br />
Por Rubens Rainho<br />
Conselheiro <strong>em</strong> Dependência Química<br />
Sou um adicto cruzado capaz <strong>de</strong> admitir minha doença<br />
que está comigo há 42 anos. Des<strong>de</strong> minha infância fui me<br />
tornando capaz <strong>de</strong> algumas proezas. Posso relatar que fui<br />
capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver habilida<strong>de</strong>s da vida,como <strong>de</strong> engatinhar,<br />
<strong>de</strong>pois andar e, mais tar<strong>de</strong> falar. Assim, fui me acostumando<br />
com a sensação <strong>de</strong> ser capaz<br />
Ao longos dos dias, s<strong>em</strong>anas, meses e anos fui me tornando<br />
cada vez mais capaz <strong>de</strong> coisas como ler, escrever,<br />
andar <strong>de</strong> bicicleta,fazer amigos.Fui também me sentindo<br />
capaz <strong>de</strong> amar, <strong>de</strong> querer b<strong>em</strong> os outros, ter bons sentimentos,ter<br />
<strong>em</strong>pregos,condições financeiras mais favoráveis<br />
e assim fui me sentindo cada vez mais valorizado.<br />
Também fui capaz <strong>de</strong> beber,usar drogas,enganar,mentir,manipular,roubar<br />
enfim <strong>de</strong> causar danos irreparáveis.Fui<br />
capaz <strong>de</strong> reclamar,caluniar,culpar os outros,transferir todas<br />
as responsabilida<strong>de</strong>s,com isso fui me tornando uma pessoa<br />
incapaz <strong>de</strong> ser eu mesmo, o que me impedia <strong>de</strong> ter responsabilida<strong>de</strong><br />
e sentimentos. Fui me tornando cada vez mais<br />
incapaz <strong>de</strong> pedir ajuda, <strong>de</strong> pedir “por favor”, <strong>de</strong> amar,<br />
respeitar, <strong>de</strong> ser bondoso,humil<strong>de</strong>,carinhoso, <strong>de</strong> ter afeto.<br />
Fui principalmente incapaz <strong>de</strong> ter compaixão, <strong>de</strong> me colocar<br />
no lugar do outro ser humano e sentir o que os outros<br />
sentiam.<br />
Fui incapaz <strong>de</strong> assumir minhas responsabilida<strong>de</strong>s,<strong>de</strong> ver<br />
que eu estava me matando e aos outros também.<br />
Consumido no meu egoísmo, arrogância, prepotência,<br />
auto-suficiência, fui incapaz <strong>de</strong> ter fé acreditar <strong>em</strong> um<br />
Po<strong>de</strong>r Superior (Deus).<br />
Tive que chegar lá no fundo do poço, na angústia mais<br />
profunda da alma, para ser capaz <strong>de</strong> enxergar que tudo <strong>em</strong><br />
minha volta estava certo e somente eu que estava<br />
errado,que precisava mudar algo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim, precisava<br />
ser capaz <strong>de</strong> novo.<br />
Busquei uma capacida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> eu nunca havia imaginado<br />
que seria possível.Me tornei capaz <strong>de</strong> acreditar <strong>em</strong> um<br />
Po<strong>de</strong>r Superior.<br />
Foi esse Po<strong>de</strong>r Superior que me presenteou com o<br />
po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> ser capaz <strong>de</strong> olhar para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim mesmo e<br />
encontrar a esperança, resgatar a chama da vida, e me<br />
tornar responsável. Ele me capacitou a ter uma mente<br />
aberta e me auto examinar, ter boa vonta<strong>de</strong> e me modificar,me<br />
amar,me respeitar, me valorizar. Pu<strong>de</strong> tornar-me<br />
humil<strong>de</strong> e amar incondicionalmente os outros, ter interesse,paciência,enfim,finalmente<br />
fui capaz <strong>de</strong> me colocar<br />
no lugar do meu próximo num ato <strong>de</strong> compaixão e perdoar<br />
e me sentir perdoado.<br />
Só por hoje sou capaz <strong>de</strong> ser eu mesmo, <strong>de</strong> acreditar e<br />
confiar num Po<strong>de</strong>r Superior. Sou capaz <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões<br />
certas, pois sou capaz <strong>de</strong> pedir ajuda.Sou capaz <strong>de</strong> amar e<br />
me sentir amado,<strong>de</strong> respeitar e me sentir respeitado. Sou<br />
capaz <strong>de</strong> reconher meus limites e saber reconhecer o limite<br />
do meu próximo. Enfim hoje eu sou capaz <strong>de</strong> viver e<br />
<strong>de</strong>ixar os outros viver<strong>em</strong>. Hoje eu sou capaz <strong>de</strong> ser feliz e<br />
aproveitar a vida, meus familiares,amigos verda<strong>de</strong>iros.<br />
Então hoje eu sou um ser humano capaz, pois encontrei<br />
um Deus amoroso e sou grato ao programa <strong>de</strong> 12 passos<br />
que me apresentou a Ele, que me tirou da posição <strong>de</strong><br />
incapaz e me <strong>de</strong>volveu o lugar <strong>de</strong> ser capaz.
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O encontro<br />
Por Pedro Joaquim Machado<br />
Em uma luminosa manhã <strong>de</strong> domingo, eu estava sentado<br />
no banco <strong>de</strong> um praça.<br />
Era um dia <strong>de</strong> festa, as pessoas estavam por todos os<br />
lados; havia barracas, ban<strong>de</strong>irinhas, comida, prendas e<br />
muita música.<br />
Do nada surge uma criança; <strong>de</strong>via ter uns sete anos e<br />
me perguntou:<br />
Posso me sentar?<br />
Prontamente respondi:<br />
É claro que sim; fique à vonta<strong>de</strong>.<br />
Ela sentou-se; era uma menina; vestia um <strong>de</strong>licado<br />
vestido branco e tinha um candido lacinho nos cabelos;<br />
estava <strong>de</strong>scalço.<br />
Com o queixo entre as mãos e os cotovelos sobre os<br />
joelhos ela virou lentamente o rosto para mim e sorriu.<br />
Aquele meigo sorriso <strong>em</strong>u<strong>de</strong>ceu o rumor da praça,<br />
cegou-me para tudo que acontecia à nossa volta; senti que<br />
o t<strong>em</strong>po havia parado.<br />
Ela disse:<br />
Estou muito feliz; amanhã é meu aniversário e vou ganhar<br />
muitos presentes.<br />
Que bom ! Exclamei contagiado pela sua felicida<strong>de</strong>.<br />
Posso te dar um presente?Perguntei.<br />
É claro respon<strong>de</strong>u a menina.<br />
Sai e trouxe-lhe um par <strong>de</strong> sapatos; era da cor do seu<br />
vestido e tinham cada um um laço igual ao do seu cabelo.<br />
Com o lenço limpei uns poucos grão <strong>de</strong> areia que grudara<br />
<strong>em</strong> seus pés e calcei-lhe os sapatinhos.<br />
Cheia <strong>de</strong> alegria ela saltou do banco ; sapateou no chão<br />
dando algumas voltinhas <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> si mesma e disse:<br />
Não estou linda?<br />
Encantado eu só pu<strong>de</strong> dizer a verda<strong>de</strong>: muito linda.<br />
Ela sentou-se novamente no banco e calada olhou-me<br />
nos olhos e vi que aquele silencioso olhar era a janela aberta<br />
<strong>de</strong> uma alma pacificada por saber-se habitante da Eterna<br />
Mansão; aquela que nos permeia e perpassa; mais uma vez<br />
ela sorriu.<br />
Atônito e quase s<strong>em</strong> fôlego perguntei:<br />
Qu<strong>em</strong> é você?<br />
Ainda sorrindo ela disse:<br />
Eu Sou Aquela Que Sou, mas você po<strong>de</strong> me chamar <strong>de</strong><br />
menininha.<br />
E você?Qu<strong>em</strong> és?Perguntou a menina.<br />
E eu lhe respondi: <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que você chegou, aqui eu<br />
<strong>de</strong>scobri qu<strong>em</strong> eu sou. E qu<strong>em</strong> é você insistiu a menina.<br />
Eu sou a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amar, lhe respondi. Saltando<br />
do banco ela <strong>de</strong>u uma gran<strong>de</strong> gargalhada dizendo: Eu já<br />
sabia; por isso Eu vim, para que você soubesse qu<strong>em</strong> você<br />
é. E correndo <strong>de</strong>sapareceu entre as pessoas e a gran<strong>de</strong> alegria<br />
que ocupava aquela luminosa manhã <strong>de</strong> domingo.<br />
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Palavra <strong>de</strong> Amor
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