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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - PGET - UFSC

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218<br />

suicídio.<br />

— Tem razão, coronel; dir-lhe-ei até: eu era um pouco de lodo,<br />

hoje sinto-me pérola.<br />

— Compreendeu-me bem; eu não queria aludir à fortuna que<br />

veio encontrar aqui, mas a essa reforma de si mesmo, a essa renovação<br />

moral, que obteve com este ar e na contemplação daquela formosa<br />

Celestina.<br />

— Diz bem, coronel. Quanto à fortuna, estou pronto a...<br />

— A quê? a fortuna é de Celestina; não deve desfazer-se dela.<br />

— Mas podem supor que o casamento...<br />

— Deixe supor, meu amigo. Que lhe importa ao senhor que<br />

suponham? Não tem a sua consciência, que lhe não argüe coisa<br />

nenhuma?<br />

— É verdade; mas a opinião...<br />

— A opinião, meu caro, não é mais do que uma opinião; não é a<br />

verdade. Acerta às vezes; outras calunia, e quer a desgraça que mais<br />

vezes calunie do que acerte.<br />

O coronel em matéria de opinião pública era um perfeito ateu;<br />

negava-lhe a autoridade e a supremacia. Umas das suas máximas era<br />

esta: ―.<br />

Foi difícil ao doutor e ao coronel convencer a Celestina de que<br />

deveria sair daquela casa; mas enfim alcançaram levá-la para a cidade<br />

de noite. A parenta do coronel, prevenida a tempo, recebeu-a em casa.<br />

Arranjadas as coisas de justiça, tratou-se de realizar o<br />

casamento.<br />

Antes porém de chegar a esse ponto tão almejado pelos dois<br />

noivos, foi preciso habituar Celestina à vida nova que começava a viver<br />

e que ela não conhecia. Educada entre as paredes de uma casa isolada,<br />

longe de todo o rumor, e sob direção de um homem enfermo da razão,<br />

Celestina entrou num mundo que jamais sonhara, nem dele tinha notícia.<br />

Tudo para ela era objeto de curiosidade e espanto. Cada dia<br />

trazia-lhe uma emoção nova.<br />

Admirava a todos que, apesar da singular educação que tivera,<br />

soubesse tocar tão bem; ela tivera

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