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Impactos da indústria canavieira no Brasil (Plataforma BNDES - Ibase

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Estas projeções conservadoras de importação têm como<br />

premissa que os EUA continuarão apostando e subsidiando<br />

a produção de eta<strong>no</strong>l a base de milho, o qual deverá<br />

responder por 57 bilhões de litros <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> projeta<strong>da</strong> para<br />

2022. Caso essa previsão não se concretize em razão dos<br />

possíveis confl itos com a produção de milho para alimento<br />

e, conseqüentemente, resultando em redução <strong>da</strong>s barreiras<br />

às importações de eta<strong>no</strong>l de cana, pode-se prever diferentes<br />

cenários para a participação do <strong>Brasil</strong> <strong>no</strong> volume a ser<br />

importado pelos EUA (Tabela 3). O atendimento de 20% <strong>da</strong><br />

deman<strong>da</strong> projeta<strong>da</strong> para 2022 irá exigir 1,6 milhões de hectares<br />

de cana-de-açúcar, apenas para suprir os EUA. Se os mesmos<br />

cálculos forem feitos para o Japão, 2º maior consumidor<br />

mundial de gasolina, Alemanha e Suécia, todos países com<br />

os quais o <strong>Brasil</strong> já vêm estabelecendo acordos bilaterais<br />

de exportação de agrocombustíveis, os brasileiros terão que<br />

ceder uma parte signifi cativa do seu território para alimentar a<br />

frota de carros destes países, hipotecando a paisagem rural e<br />

tudo que ela abriga para os imensos canaviais.<br />

São vários os argumentos utilizados para classifi car estas<br />

cifras como alarmistas. Alguns advogam que o <strong>Brasil</strong><br />

tem até 100 milhões de hectares para cultivar cana-deaçúcar,<br />

situados “longe <strong>da</strong> Amazônia” e sem risco de<br />

competir com a produção de alimentos 23 . Outros estudos<br />

reconhecem uma possível competição, mas alegam que<br />

tudo pode ser superado com uma intensifi cação <strong>da</strong> base<br />

tec<strong>no</strong>lógica, confi nando o gado e aumentando o uso de<br />

insumos na agricultura 24 . Esta aposta na modernização<br />

parte do princípio de que as mo<strong>no</strong>culturas e a produção de<br />

Tabela 3: Área de cana-de-açúcar necessária para a produção de eta<strong>no</strong>l para<br />

exportação aos EUA em diferentes taxas (%) de participação do <strong>Brasil</strong>.<br />

19<br />

alimentos em escala são sinônimos de eco<strong>no</strong>mia de escala,<br />

ou seja, permitem reduzir custos de maneira proporcional<br />

ao aumento <strong>da</strong> escala de produção.<br />

No entanto, esta não é a regra <strong>da</strong>s mo<strong>no</strong>culturas brasileiras.<br />

Por trás <strong>da</strong> aclama<strong>da</strong> efi ciência e dos elevados índices de<br />

produtivi<strong>da</strong>de há uma série de indicadores que depõe contra<br />

o suposto sucesso <strong>da</strong> “agricultura moderna”. A expansão <strong>da</strong>s<br />

mo<strong>no</strong>culturas tem ocorrido às custas <strong>da</strong> elevação do uso de<br />

fertilizantes e <strong>da</strong> mecanização, apoia<strong>da</strong> na disponibili<strong>da</strong>de de<br />

crédito e subvenções 25 . Entre janeiro de 2006 e junho 2008,<br />

um dos instrumentos de subvenção criado pelo Gover<strong>no</strong><br />

Federal (Pepro-Prêmio Equalizador Pago ao Produtor 26 )<br />

fez um aporte de 2,4 bilhões de reais aos produtores de<br />

algodão, café, feijão, milho e soja. O algodão consumiu 57%<br />

dos recursos e a soja outros 28%, benefi ciando sobretudo<br />

mo<strong>no</strong>culturas do Centro-Oeste e do cerrado Baia<strong>no</strong>.<br />

Os 550 milhões de reais aplicados pelo Pepro ao algodão<br />

em 2008 benefi ciaram apenas 314 agricultores. O total de<br />

subvenções ofereci<strong>da</strong>s pelo Pepro em dois a<strong>no</strong>s e meio de<br />

operação é sete vezes superior aos recursos alocados em<br />

segurança alimentar <strong>no</strong>s 5 a<strong>no</strong>s de operação do Programa<br />

de Aquisição de Alimentos <strong>da</strong> Agricultura Familiar – PAA , na<br />

mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de que compra alimentos de agricultores familiares<br />

e doa para famílias necessita<strong>da</strong>s. Em média, as aquisições<br />

anuais do PAA 27 envolveram 64 mil famílias de agricultores<br />

familiares, povos indígenas e comuni<strong>da</strong>des tradicionais.<br />

Apenas em 2007, as doações de alimentos benefi ciaram<br />

cerca de 7,9 milhões de pessoas.<br />

Cenários Eta<strong>no</strong>l Deman<strong>da</strong> de área de cana-de-açúcar<br />

(milhões de litros) (milhões de litros) (mil hectares)(c)<br />

Exportações de eta<strong>no</strong>l do BR p/ os EUA em 2007 (a) 715 102<br />

Deman<strong>da</strong> dos EUA Eta<strong>no</strong>l 2022 (b) 57.000 8.143<br />

1% <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> 570 81<br />

5% <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> 2.850 407<br />

10% <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> 5.700 814<br />

20% <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> 11.400 1.629<br />

30% <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> 17.100 2.443<br />

40% <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> 22.800 3.257<br />

50% <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> 28.500 4.071<br />

Fonte: organizado a partir de (a) CONAB; (b) conforme projeções <strong>da</strong> EIA, 2008; (c) conforme rendimento médio descrito em MAPA, 2007.

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