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Biomais_54 - OOpps

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SUMÁRIO<br />

06 | EDITORIAL<br />

Bioenergia em expansão<br />

08 | CARTAS<br />

10 | NOTAS<br />

20 | ENTREVISTA<br />

24 | PRINCIPAL<br />

30 | INVESTIMENTO<br />

Energia solar<br />

34 | INFORME<br />

Fornalha automatizada<br />

36 | PELO MUNDO<br />

Energias renováveis<br />

40 | PRÊMIO REFERÊNCIA<br />

52 | DESCARBONIZAÇÃO<br />

Hidrogênio verde<br />

58 | ARTIGO<br />

64 | AGENDA<br />

66 | OPINIÃO<br />

O que esperar de resultados<br />

da COP-27?<br />

04 www.REVISTABIOMAIS.com.br


EDITORIAL<br />

A capa dessa edição traz a sede<br />

da JSIC Comex, especializada em<br />

comércio exterior<br />

BIOENERGIA<br />

EM EXPANSÃO<br />

N<br />

a Revista REFERÊNCIA BIOMAIS deste mês, apresentamos as novidades da JSIC Comex, especializada<br />

na comercialização e instalação de máquinas e equipamentos para área de biomassa<br />

de madeira. Com capacidade de produção de duas toneladas de pellets por hora, a empresa<br />

investe em novos mercados para 2023, diante do aumento na procura por energias sustentáveis,<br />

que alçaram o pellet de madeira como uma das principais fontes energéticas do mundo moderno.<br />

Em entrevista exclusiva, Roberto Véras, diretor de sustentabilidade da ComBio Energias Renováveis, fala<br />

sobre as oportunidades para o setor. Apresentamos também a cobertura completa do Prêmio REFE-<br />

RÊNCIA 2022, edição especial de 20 anos, com as empresas destaques em biomassa. O Leitor confere,<br />

também, matérias sobre energias renováveis, indústria, mercado e sustentabilidade. Uma ótima leitura,<br />

um feliz natal e um próspero ano novo a todos!<br />

EXPEDIENTE<br />

ANO IX - EDIÇÃO <strong>54</strong> - DEZEMBRO 2022<br />

Diretor Comercial<br />

Fábio Alexandre Machado<br />

(fabiomachado@revistabiomais.com.br)<br />

Diretor Executivo<br />

Pedro Bartoski Jr<br />

(bartoski@revistabiomais.com.br)<br />

Redação<br />

André Nunes<br />

(jornalismo@revistabiomais.com.br)<br />

Dep. de Criação<br />

Fabiana Tokarski - Supervisão<br />

Crislaine Briatori Ferreira - Me Hua Bernardi<br />

(criacao@revistareferencia.com.br)<br />

Mídias Sociais<br />

Cainan Lucas<br />

Representante Comercial<br />

Dash7 Comunicação - Joseane Cristina Knop<br />

Dep. Comercial<br />

Gerson Penkal - Carlos Augusto<br />

(comercial@revistabiomais.com.br)<br />

Fone: +55 (41) 3333-1023<br />

Dep. de Assinaturas<br />

Cristiane Baduy<br />

(assinatura@revistabiomais.com.br) - 0800 600 2038<br />

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A REVISTA BIOMAIS é uma publicação da JOTA Editora<br />

Rua Maranhão, 502 - Água Verde - Cep: 80610-000 - Curitiba (PR) - Brasil<br />

Fone/Fax: +55 (41) 3333-1023<br />

www.jotaeditora.com.br<br />

Veículo filiado a:<br />

A REVISTA BIOMAIS - é uma publicação bimestral e<br />

independente, dirigida aos produtores e consumidores de<br />

energias limpas e alternativas, produtores de resíduos para<br />

geração e cogeração de energia, instituições de pesquisa,<br />

estudantes universitários, órgãos governamentais, ONG’s,<br />

entidades de classe e demais públicos, direta e/ou indiretamente<br />

ligados ao segmento. A REVISTA BIOMAIS não se<br />

responsabiliza por conceitos emitidos em matérias, artigos,<br />

anúncios ou colunas assinadas, por entender serem estes<br />

materiais de responsabilidade de seus autores. A utilização,<br />

reprodução, apropriação, armazenamento de banco de dados,<br />

sob qualquer forma ou meio, dos textos, fotos e outras<br />

criações intelectuais da REVISTA BIOMAIS são terminantemente<br />

proibídas sem autorização escrita dos titulares dos<br />

direitos autorais, exceto para fins didáticos.<br />

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CARTAS<br />

CAPA<br />

Boas empresas que oferecem serviços e produtos de qualidade acabam por diversificar suas<br />

atuações, ainda mais quando atingem uma larga escala e se voltam à sustentabilidade. É o caso da<br />

MADEC, tema da capa da edição da Revista BIOMAIS.<br />

Sérgio Oliveira - São Paulo (SP)<br />

Foto: divulgação<br />

ENTREVISTA<br />

O Grupo MADEM é referência no setor florestal brasileiro. Gostei de conhecer mais sobre a empresa Piomade, dedicada à<br />

produção de biomassa por pellets. Mais um case de sucesso vindo do Rio Grande do Sul, com expansão dentro e fora do Brasil.<br />

Celso Monteiro - Canoas (RS)<br />

FEIRA LIGNUM<br />

A Semana da Madeira realmente cresce a cada ano, agregando variados setores que envolvem a cadeia madeireira e florestal.<br />

Parabéns pela cobertura, em especial sobre as empresas de energia renovável e biomassa que estavam com estandes na feira.<br />

Simone Caldas - Curitiba (PR)<br />

FOTOVOLTAICO<br />

Muito interessante saber que o mercado fotovoltaico está crescendo e recebendo cada vez<br />

mais investimentos. Pioneira em práticas sustentáveis, a companhia Ourolux investiu cerca de<br />

R$ 100 milhões na criação de uma nova divisão voltada ao setor. São produtos inovadores que<br />

trazem economia, baixo consumo energético e preço acessível aos consumidores.<br />

Gabriela Souza - São José (SC)<br />

Foto: divulgação<br />

Publicações Técnicas da JOTA EDITORA<br />

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NOTAS<br />

Foto: divulgação<br />

INVESTIMENTOS EM ENERGIA<br />

Ao completar 68 anos, a Copel consolida seu posto de maior empresa paranaense executando um amplo programa<br />

de investimentos em todo o Estado. Um dos principais destaques, o programa Paraná Trifásico concluiu,<br />

até o momento, a construção de 9.896 km (quilômetros) de novas redes trifaseadas em mais de 300 municípios. A<br />

meta para 2022 deve ser alcançada com antecedência, de chegar aos 10 mil km – 40% do total que será construído<br />

pelo programa. Até o final do programa, a Copel vai investir R$ 2,7 bilhões para construir 25 mil km de redes<br />

trifásicas que substituem as antigas redes rurais monofásicas, modernizam a rede elétrica no campo e garantem<br />

acesso mais barato à rede para os consumidores rurais. Até agora mais de R$ 1 bilhão já foi destinado às obras (R$<br />

400 milhões estão sendo aplicados somente em 2022).<br />

“A cada etapa concluída, o Paraná Trifásico incrementa a infraestrutura energética do Estado, promovendo<br />

conforto e desenvolvimento”, explica o presidente da Copel, Daniel Slaviero. Ele destaca que a iniciativa contribui<br />

para garantir segurança energética à população e aos setores produtivos. “As redes trifásicas contribuem para que<br />

o Paraná possa crescer, gerar empregos e se desenvolver cada vez mais”, acrescenta.<br />

OBRAS POR REGIÃO<br />

Mais de 300 municípios paranaenses já foram beneficiados pelo Paraná Trifásico. A região centro-sul concentra<br />

a maior parte das redes construídas: 2.247 km entregues até agora, com destaque para os municípios de Ortigueira,<br />

que já recebeu 180 km de novas redes, Palmeira (169 km) e Reserva (147 km). Ponta Grossa, por sua vez,<br />

está com 137 km de redes. Em seguida vem o oeste, que já recebeu 1.726 km de novas redes. Cascavel concentra<br />

158 km de redes, Guaraniaçu, 95 km, e Assis Chateaubriand, 76 km. Na região leste, foram concluídos 1.702 km de<br />

redes trifásicas. Rio Branco do Sul, com 210 km de novas redes, é o principal beneficiado, seguido por Lapa (192<br />

km) e Bocaiúva do Sul (150 km).<br />

No noroeste, a Copel concluiu 1.639 km de redes entregues, com destaque para Nova Cantu, com 91 km<br />

construídos, Campina da Lagoa (83 km) e Tuneiras do oeste (74 km). No norte a nova estrutura chega a 1.440 km:<br />

Londrina concentra 88 km, Cândido de Abreu, 84 km e Ivaiporã, 80 km. Por sua vez, a região sudoeste, possui<br />

1.142 km de redes do programa: Francisco Beltrão e Chopizinho receberam 80 km de redes cada um e o município<br />

de Verê, 72 km.<br />

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BIOGÁS<br />

A geração de energia verde por meio da captação e do tratamento do biogás gerado nos aterros sanitários da<br />

CRVR (Companhia Riograndense de Valorização de Resíduos) do Grupo Solví está em expansão no Rio Grande do<br />

Sul. Agora, a Biotérmica Energia está presente em mais três UVS (Unidades de Valorização Sustentável) da empresa:<br />

Santa Maria, Victor Graeff e Giruá. As inaugurações de Giruá e Victor Graeff foram em setembro, e em Santa Maria<br />

a inauguração aconteceu em outubro. Todos os eventos contaram com a participação dos gestores das unidades,<br />

autoridades locais, além de seus respectivos prefeitos de cada município e representantes da câmara de vereadores<br />

e da comunidade. Para essas novas térmicas, o investimento total foi de R$ 25 milhões. Esse foi o primeiro projeto entregue<br />

do plano de investimentos da CRVR, que prevê mais de R$ 1 bilhão nos próximos 5 anos no desenvolvimento<br />

de tecnologias que ofereçam melhorias ao meio ambiente, impactando também a comunidade de maneira positiva<br />

com a geração de novos empregos e valorização de resíduo.<br />

Para o ano de 2023, a UVS de São Leopoldo da CRVR também deve ganhar sua biotérmica. Dessa forma, todas<br />

as UVS da CRVR irão gerar energia elétrica verde a partir dos resíduos orgânicos depositados nos aterros sanitários.<br />

“É muito gratificante conseguir reaproveitar e gerar valor com itens que são considerados resíduos pela sociedade”,<br />

destaca a Supervisora da Biotérmica de São Leopoldo da CRVR, Andressa Schummacher.<br />

Na cerimônia de inauguração das biotérmicas de Giruá e Victor Graeff, Leomyr Girondi, diretor-presidente da<br />

CRVR, agradeceu a parceria com os municípios e o empenho de todos os colaboradores que fizeram com que o<br />

projeto se concretizasse. O superintendente técnico da CRVR, Rafael Salamoni, também aproveitou a oportunidade<br />

para ressaltar a importância de transformar resíduos em energia: “Dessa forma, demonstramos na prática que todas<br />

as nossas ações estão baseadas em nosso grande compromisso com o meio ambiente e a sociedade.”<br />

A CRVR recebe os resíduos sólidos urbanos e dispõe adequadamente em aterro, preservando solo e água. Os<br />

resíduos orgânicos se decompõem, iniciando o processo de geração de gás, que é canalizado e enviado para a purificação.<br />

Na etapa seguinte, são abastecidos os motores a combustão com o gás metano proveniente da decomposição<br />

dos resíduos, e os motores geram energia elétrica. Esta energia é enviada para a rede elétrica.<br />

Foto: divulgação<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

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NOTAS<br />

SEMINÁRIO ESG<br />

O Campus da Indústria da FIEP (Federação das Indústrias<br />

do Estrado do Paraná), em Curitiba (PR), recebeu em outubro<br />

o Seminário Executivo de Prática de ESG e Sustentabilidade,<br />

promovido por três instituições referenciais no assunto: a<br />

Paraná Metrologia, a UNILIVRE (Universidade Livre do Meio<br />

Ambiente), e o SESI Paraná (Serviço Social da Indústria). O<br />

evento foi voltado para empresas, áreas governamentais e<br />

estudantes. “Estamos vivendo uma das mais severas crises<br />

climáticas dos últimos 200 anos. Não a maior da história do<br />

planeta, porque seguramente nosso planeta já viveu várias<br />

crises climáticas e algumas seguramente mais caóticas e<br />

catastróficas do que essa. Mas, do ponto de vista de nossa<br />

espécie, da humanidade, é a maior que já enfrentamos.<br />

Cientistas e estudiosos, órgãos e institutos multilaterais da<br />

ONU são unânimes em alertar que se trata de uma crise de<br />

extinção”, alarmou Carlos Alberto Tavares Ferreira, presidente<br />

da FUNTAFE (Fundação Tavares Ferreira), que desenvolve atividades relacionadas à ecocultura, educação, ciência e meio ambiente.<br />

Ferreira comandou o painel: ESG I – Desafios e Perspectivas de Financiamento ESG e Créditos de Carbono no contexto das Economias<br />

Verdes e Azuis. “Essa alteração climática poderá causar a extinção de grande biodiversidade de fauna e da flora. Correm o risco<br />

de extinção vários biomas e grande diversidade de espécies, inclusive um grande risco para a própria espécie humana.”<br />

A sigla ESG (em inglês) significa questões ambientais, sociais e de governança. Um dos temas que estão relacionados é a mitigação<br />

de gases de efeito estufa pela chamada pegada de carbono. O palestrante explica que é preciso estruturar e modernizar os<br />

processos produtivos para diminuir a degradação causada pelo ser humano no meio ambiente e criar medidas atenuantes. “Créditos<br />

de carbono são instrumentos, mecanismos e ferramentas de geração de valores e recursos que promovam efetivamente a proteção,<br />

recuperação e preservação socioambiental. Hoje, créditos de carbono, ESG e crise climática são palavras e temas indissociáveis, não<br />

há como falar ou tratar de um, sem falar e tratar de todos”, pontua.<br />

Sendo assim, como mitigar as pegadas de carbono? “O ideal é que não poluíssemos, ou que conseguíssemos auto mitigar nossas<br />

próprias pegadas, mas como isso é tecnicamente e no cotidiano praticamente impossível, os créditos de carbono são um importante<br />

instrumento socioeducativo e punitivo, para aqueles que poluem muito e que ainda não conseguem zerar os impactos negativos<br />

que causam no meio ambiente e no planeta. Sendo assim, é fundamental que o hemisfério norte, que foi e é o maior gerador de<br />

emissões de gases de efeito estufa, arquem com os custos da recuperação e preservação socioambiental, em outras proporções e<br />

medidas, mas num mesmo círculo de reflexão, a mesma coisa acontece com as estruturas produtivas e de negócios, que afetam a<br />

comunidade e os biomas onde estão inseridos.”<br />

Com base nessa espécie de multa paga por quem mais polui, os créditos de carbono seriam recursos aplicados na preservação<br />

do meio ambiente. “São recursos para serem usados na preservação, as águas que bebemos, os solos que nos alimentam e as florestas,<br />

rios e mares que nos geram oxigênio e vida.”<br />

Ferreira relata, ainda, que há esforços em vários locais do mundo como Europa, China e EUA (Estados Unidos da América), que já<br />

aderiram à agenda de uso consciente dos recursos do planeta e buscam alternativas ao grande consumo dos combustíveis fósseis,<br />

um dos maiores vilões. Segundo ele, o Brasil está na contramão: houve algum avanço na consciência social, mas falta regulamentação,<br />

legislação e boa vontade. “Todo ser humano, todo brasileiro precisa entender que ser ambientalista não é ser de esquerda ou de<br />

direita, mas é ser responsável com a vida, com nossos filhos e com as próximas e futuras gerações.”<br />

A responsabilidade, segundo o palestrante, é da sociedade, mas também individual e de cada organização. “Cada um de nós<br />

deve buscar entender e mitigar sua pegada e igualmente nossas empresas e negócios. O ESG é para isso, para entendermos o risco<br />

do negócio e para pensarmos em como podemos trabalhar para ajustar e equilibrar cada um dos itens do tripé de nossa empresa ou<br />

empreendimento.”<br />

Além disso, o Paraná está tomando a dianteira no país, com o lançamento dos primeiros passos: Projeto Paraná NET Zero; com<br />

ações que podem ser aderidas pelas empresas do Estado. “Se implementarmos verdadeiramente o ESG em todas as indústrias e empresas<br />

do Paraná, e se tivermos o apoio de nossos governos, podemos sensibilizar nossa população para que cada cidadão zere, nos<br />

próximos anos, suas pegadas de carbono”, considera Ferreira.<br />

Foto: divulgação<br />

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BIOENERGIA<br />

Em uma comparação entre o setor sucroenergético e a agroindústria da palma de óleo, pesquisadores de quatro<br />

instituições brasileiras apontam que o dendê possui acentuada capacidade para imobilização do carbono atmosférico,<br />

reflorestamento de áreas degradadas, cultivo em solos ácidos e pobres, restauração do balanço hídrico e liberação de<br />

oxigênio. O artigo: Dendê no Brasil - potencial para o sistema produtivo de óleo vegetal mais sustentável do planeta; foi<br />

escrito por André Bernardo, Márcio Turra de Ávila, ambos da UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos); Edson Barcelos<br />

da Silva, da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária); Jayr de Amorim Filho, do ITA (Instituto Tecnológico<br />

de Aeronáutica); e Rafael Silva Capaz, da UNIFEI (Universidade Federal de Itajubá).<br />

De acordo com os autores, muitas destas possibilidades encontram correspondência na indústria de açúcar e etanol.<br />

“A cana-de-açúcar e a palma de óleo são culturas que expressam profunda similaridade no que se refere ao fornecimento<br />

de seus principais produtos (caldo de sacarose e óleo vegetal, respectivamente) e de resíduos”, observam os pesquisadores.<br />

Em linhas gerais, os autores pontuam que a agricultura familiar e a população rural sofrem impacto positivo no entorno<br />

dos empreendimentos agroindustriais com a palma de óleo, em decorrência da oferta de trabalho de qualidade e com<br />

salários superiores aos vigentes na região, da melhoria da segurança alimentar e do bem estar das famílias pelo aumento<br />

da renda domiciliar, e da consequente redução da pressão sobre os recursos naturais, notadamente na caça, pesca, extração<br />

ilegal de madeira, carvão, etc., pelo atendimento das necessidades mínimas da comunidade em função da massa<br />

salarial que passa a circular locorregionalmente, gerando diversas oportunidades do ponto de vista socioeconômico.<br />

Também defendem que a comparação da ocupação das áreas degradadas atuais com práticas de décadas ou séculos<br />

atrás não faz o menor sentido. As críticas que se fazem à cultura do dendê equivalem esta iniciativa à implantação da<br />

cana na Zona da Mata no século XVI ou do café na Mata Atlântica no século XIX. Tal equivalência em 2022 não deveria ser<br />

considerada. No entanto, é absolutamente necessário entender que o aproveitamento econômico sustentável de áreas<br />

degradadas pode ser ferramenta de proteção ambiental ao gerar oportunidades à comunidade que vive no local, não<br />

sairá de lá e precisa de alternativas sustentáveis de renda. A simples proibição de qualquer atividade na Amazônia Legal,<br />

ignorando as necessidades econômicas da sua população, não apresenta fundamento contributivo. Apesar disso, há uma<br />

insistência pouco racional na estratégia. Dessa forma, é plenamente possível a aptidão do Brasil para o cultivo do dendê e<br />

o fomento de sua agroindústria, com reais condições de vir a ostentar os plantios mais sustentáveis do planeta, defendem<br />

os articulistas.<br />

Foto: divulgação<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

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NOTAS<br />

ENERGIA EÓLICA<br />

Projetos de PD&I (pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação) conduzidos por petroleiras, serão importantes para<br />

que o Brasil conheça melhor seus recursos para geração de energia eólica no mar e possa impulsionar essa nova fonte em meio<br />

à transição energética global, concluíram em seminário realizado recentemente, os agentes do setor de energia e representantes<br />

do governo brasileiro. A energia eólica offshore virou objeto de interesse de empresas como Petrobras, Shell e Equinor, que<br />

veem nela uma alternativa para descarbonizar seus portfólios no Brasil aproveitando sua experiência em alto mar e potenciais<br />

sinergias com operações de exploração e produção de petróleo e gás.<br />

“A agência reguladora ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) já contabiliza dez projetos de<br />

PD&I de petroleiras dedicados a identificar e desenvolver soluções para geração eólica offshore”, disse Symone Araújo, diretora<br />

da agência, durante seminário. Segundo ela, os projetos relacionados a compromissos contidos nos contratos de exploração e<br />

produção das petroleiras, ganharam mais incentivo após atualização regulatória, que permitiu que os investimentos pudessem<br />

ser direcionados a temas da transição energética, como hidrogênio e captura de carbono. “É muito relevante esse movimento.<br />

Entendemos que há um papel relevante da cláusula de pesquisa, desenvolvimento e inovação [nos contratos] para que a gente<br />

possa cada vez mais acelerar e estar on board no processo de transição energética”, disse Symone.<br />

Gustavo Pires Ponte, representante da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), lembrou que a cessão de uso de recursos no<br />

mar será gratuita para atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, conforme decreto assinado pelo governo no<br />

início deste ano para desenvolver a geração eólica offshore.<br />

O MME (Ministério de Minas e Energia) vem avançando com a regulamentação necessária para que os projetos comecem a<br />

sair do papel. Atualmente, os empreendimentos eólicos offshore em licenciamento no IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente<br />

e dos Recursos Naturais Renováveis) somam 169 GW (gigawatts) de potência. Grandes grupos de energia e petroleiras<br />

vêm estudando oportunidades na fonte, que pode se tornar uma alternativa para a produção de outros combustíveis do futuro,<br />

como hidrogênio verde.<br />

“Esses projetos de pesquisa e desenvolvimento vão nos ajudar na superação desses desafios todos, como na formação de<br />

mão de obra. Há um desafio de se conhecer melhor o recurso eólico no mar. Precisamos reduzir as incertezas, porque ainda<br />

nos baseamos em dados de modelos de satélite. A Petrobras é um ótimo exemplo, com recursos de P&DI, fizeram a medição de<br />

ventos no mar”, afirmou Gustavo.<br />

A Shell está conduzindo estudos sobre a fonte focados em entender os recursos eólicos no Brasil, a fim de desenvolver<br />

tecnologias que sejam mais compatíveis com a realidade nacional”, disse Camila Brandão, gerente do programa de pesquisa e<br />

desenvolvimento tecnológico em geração renovável da Shell Brasil.<br />

Foto: divulgação<br />

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BENEFÍCIOS DO ICMS<br />

O governador Rodrigo Garcia, de São Paulo, anunciou no final de novembro a alteração do regulamento do ICMS<br />

(Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de serviços relacionados à bioenergia. O objetivo é fomentar o<br />

uso de combustíveis renováveis e aumentar a competitividade no mercado paulista. Na ocasião, o governo paulista<br />

também assinou o acordo de cooperação com a ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica), visando<br />

o aproveitamento de energia solar fotovoltaica, aquisição de energia do mercado livre e implementação de usinas<br />

solares para a geração e compensação de créditos de energia elétrica nos prédios públicos.<br />

“O incentivo fiscal é um instrumento que promove desenvolvimento econômico, pois encoraja setores estratégicos<br />

do Estado a contribuir com novas práticas. Hoje estamos fazendo uma escolha pela sustentabilidade e pela perspectiva<br />

de mudança da matriz energética do Estado de São Paulo”, disse Rodrigo Garcia.<br />

O benefício de diferimento do ICMS vale para operações internas com biogás e biometano quando o gás natural<br />

for consumido em processo de industrialização em usina geradora de energia elétrica. Neste caso, o lançamento do imposto<br />

é realizado apenas no momento em que ocorre a saída da energia do estabelecimento industrializador e permite<br />

maior fôlego financeiro para as empresas produtoras. A medida faz parte do PPE 2050 (Plano Paulista de Energia) para<br />

que o Estado alcance a neutralidade das emissões líquidas de gases de efeito estufa em diferentes setores. A ação também<br />

vai ao encontro dos compromissos internacionais, Race to Zero e Race to Resilience, que São Paulo assinou com a<br />

ONU (Organização das Nações Unidas), e do PAC-2050 (Plano de Ação Climática), lançado durante a COP27, no Egito. O<br />

decreto foi publicado no Diário Oficial do Estado e já está em vigor.<br />

Foto: divulgação<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

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NOTAS<br />

ENERGIA SOLAR<br />

A Vila Restauração, localizada em Marechal Thaumaturgo (AC), na Reserva Extrativista do Alto Juruá, foi escolhida<br />

por uma empresa de energia para o desenvolvimento de uma experiência de autossuficiência energética.<br />

Atualmente, os 200 habitantes deste local isolado no Acre recebem fornecimento energético contínuo gerado<br />

por placas solares.<br />

A (Re)Energisa, empresa do grupo de setor energético voltada para o desenvolvimento de soluções em<br />

energia solar, contou com ajuda da unidade acriano e R$ 20 milhões em investimentos para conseguir deslocar<br />

os equipamentos necessários para a instalação de geradores com backup de 828 kW/h (quilômetros por hora)<br />

- quatro racks de baterias, de 207 kW/h cada, instalados em contêiner com sistema de refrigeração e combate a<br />

incêndio próprios - .<br />

O principal objetivo era criar capacidade de armazenamento suficiente para atender as 222 unidades conectadas<br />

à recém criada rede. Para isso, a empresa precisou instalar na região um conjunto de 580 placas solares<br />

fotovoltaicas, com capacidade de 325 kWp. Para garantir o sistema limpo, dois geradores a biodiesel foram substituídos<br />

por baterias de lítio para armazenamento de energia.<br />

Gustavo Buiatti, diretor de desenvolvimento, negócio e tecnologia da (Re)Energisa, explica que esse arranjo<br />

entre captação e armazenamento energético é que torna o projeto uma experiência relevante, ao gerar energia<br />

limpa numa pequena unidade de fazenda solar para atender apenas às necessidades dos moradores locais. "Você<br />

despacha para a bateria e deixa ela fazer o serviço, porque ela é muito dinâmica e traz a qualidade para o sistema<br />

elétrico", explicou Buiatti.<br />

Após a implementação do projeto, a (Re)Energisa monitora o sistema instalado no Acre de forma remota, a<br />

partir da sede na cidade de Uberlândia (MG). Até o momento, foram gerados mais de 1,33 GW/h (Gigawatts por<br />

hora) na comunidade, que também conta com 840 kW/h armazenados.<br />

Buiatti diz que há um mercado a ser explorado para esse tipo de geração de energia, além de que o armazenamento<br />

por bateria é uma solução sustentável. "Estamos mapeando consumidores que precisam ter esse<br />

aumento de disponibilidade de energia. A partir daí, criamos uma solução específica para aquela demanda",<br />

completou.<br />

Foto: divulgação<br />

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Foto: divulgação<br />

LÍDER EM PRODUÇÃO<br />

O Rio Grande do Norte é o Estado líder em produção de energia eólica no Brasil. A força dos ventos impulsiona aerogeradores<br />

gigantes, que cortam os céus do litoral ao sertão potiguar. A produção local, de todos os parques do estado,<br />

está integrada ao sistema interligado nacional - sistema de produção e transmissão de energia elétrica do país-, que<br />

escoa a produção de acordo com as demandas de cada região.<br />

Em operação desde 2014, o complexo eólico Campos dos Ventos, na cidade interiorana de João Câmara, foi o primeiro<br />

parque de uma das empresas que mais investiram em parques eólicos no Estado, e uma das maiores companhias do<br />

segmento de energia renovável do país, que tem sede em Campinas (SP).<br />

No Estado, a companhia construiu 423 turbinas eólicas em 33 parques, uma capacidade instalada para gerar 840 MW<br />

(megawatts) de energia. Já são 250 empregos criados em cidades como João Câmara, Parazinho, Touros, São Miguel do<br />

Gostoso e Baía Formosa.<br />

Recentemente, executivos da empresa inauguraram um escritório local em Natal, demonstrando intenção de continuar<br />

investindo no Estado, que tem tudo que é necessário para produzir energia limpa, não-poluente.<br />

"O Rio Grande do Norte é um Estado fundamental, estratégico para o Brasil. O que atrai investimento e vai continuar<br />

atraindo é o potencial de vento. Então a gente tem vento o ano inteiro, tem muito bem definido os períodos de vento,<br />

o que facilita a gente planejar pra poder gerar energia limpa", explica Francisco Galvão, diretor de operação da CPFL<br />

Renováveis.<br />

A produção beneficia não só o próprio Rio Grande do Norte, mas consegue ser escoada para outras regiões.<br />

"O Rio Grande do Norte não é uma ilha. A gente não está isolado do resto do país. A energia que é produzida aqui, ela<br />

não é consumida aqui. Toda essa energia gerada a partir dos parques eólicos, por exemplo, elas entram em uma grande<br />

rede nacional. Então essa energia que está sendo produzida aqui pode ser consumida no Rio Grande do Sul, em São Paulo.<br />

Só que depois ela é distribuída para um sistema abaixo, que são as distribuidoras. E aqui no Rio Grande do Norte, no<br />

nosso caso, temos o grupo Neoenergia, que distribui para todos nós, para a população de maneira em geral. E é bom que<br />

seja assim", afirma Darlan Santos, diretor-presidente do CERNE (Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia).<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

17


NOTAS<br />

Foto: divulgação<br />

FÁBRICA DE PAINÉIS<br />

Foi inaugurada no final de outubro em Cascavel (PR) a indústria Sengi Solar, maior fábrica de painéis solares<br />

fotovoltaicos do Brasil. A unidade no oeste do Paraná recebeu investimentos de R$ 220 milhões e vai gerar mais<br />

de 1.500 postos de trabalho diretos e indiretos.<br />

A fábrica conta com equipamentos automatizados de última geração e capacidade produtiva de 3.600 módulos<br />

por dia, o que representa 500 MWp (megawatts-pico) por ano. Operando em três turnos, a empresa possui<br />

potencial para produzir uma placa fotovoltaica a cada 23s (segundos). Com esse volume, os painéis fotovoltaicos<br />

fabricados na indústria poderão gerar 63 GW/h/ano (gigawatts por hora, por ano).<br />

Contando com engenharia de produto nacional e com aporte também na pesquisa e inovação, a Sengi Solar<br />

desenvolveu uma linha de produtos de alta eficiência e durabilidade. Os módulos fotovoltaicos são produzidos<br />

com insumos provenientes de fornecedores de diferentes partes do mundo.<br />

A instalação da planta em Cascavel também deve estimular a reindustrialização nacional com foco em produtos<br />

do futuro, destacou o presidente das empresas do Grupo Tangipar, Daniel da Rocha. “Esta é a primeira de<br />

muitas fábricas que virão, porque ela também representa um estímulo à inovação e ao fortalecimento do setor<br />

fotovoltaico no Paraná e no Brasil.”<br />

O Grupo Tangipar, controlador da nova unidade, acredita que o aumento da demanda por insumos industrializados<br />

para a fabricação de módulos solares viabilizará novas fábricas vinculadas à cadeia de suprimentos do<br />

silício, vidro, polímeros e metalurgia.<br />

A nova unidade industrial do grupo paranaense, que tem inserção internacional e faturamento anual próximo<br />

a R$ 3 bilhões, vai ampliar a oferta de produtos de energia renováveis de alta tecnologia, expandindo os níveis de<br />

qualidade e atendimento no mercado nacional.<br />

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ENTREVISTA<br />

Foto: divulgação<br />

ENTREVISTA<br />

RODRIGO<br />

VÉRAS<br />

Cargo: Diretor de sustentabilidade da<br />

ComBio Energia<br />

Formação: Formado em Administração<br />

e Comunicação Social, é diretor de<br />

sustentabilidade na ComBio. Também é<br />

membro do conselho fiscal do Sistema<br />

B e membro do conselho consultivo da<br />

UNESCO-SOST Transcriativa. Na COP26<br />

e COP27, participou de painéis sobre<br />

o mercado de transição energética e<br />

economia circular.<br />

PRODUTIVIDADE<br />

EM ASCENSÃO<br />

O<br />

ano de 2022 foi de muitos resultados para a ComBio Energia, eleita Best for the World na<br />

categoria Meio Ambiente. Criada em 2008 e considerada uma Empresa B (que tem como<br />

modelo de negócio o desenvolvimento social e ambiental) desde 2014, a ComBio é uma das<br />

protagonistas no Brasil em fornecimento de energia proveniente de biomassa, com atuação<br />

em todo o país, contribuindo para a migração energética com a substituição do uso de combustíveis<br />

fósseis. Atualmente, as operações da ComBio Energia reduzem a emissão de aproximadamente 450 mil<br />

toneladas de CO2/ano (gás carbônico por ano). A estimativa, até 2024, é evitar que cerca de 900 mil toneladas<br />

de CO2/ano sejam lançadas na atmosfera. Diretor de sustentabilidade da ComBio, Rodrigo Véras,<br />

atua na empresa desde 2009. Nessa entrevista exclusiva à Revista REFERÊNCIA BIOMAIS, Véras detalha as<br />

perspectivas para a empresa diante do cenário atual da biomassa no Brasil e no mundo.<br />

20 www.REVISTABIOMAIS.com.br


Como foi o ano de 2022 para a ComBio Energia?<br />

O ano de 2022 foi muito bom para a ComBio, tanto<br />

pela entrega de nossas operações em andamento, como<br />

pela perspectiva de aumento da produção futura. Um<br />

destaque para o ano foi o fechamento de dois contratos<br />

com a Ingredion, uma empresa norte americana que<br />

produz insumos à base de milho. Esses projetos são de<br />

grande porte, e terão uma capacidade instalada de 300<br />

ton/h (toneladas por hora). Serão duas caldeiras de 100<br />

ton/h no município de Mogi Guaçu (SP), e duas caldeiras<br />

de 50 ton/h em Balsa Nova (PR). Essa quantidade nos leva<br />

a um parque de caldeiras de praticamente 800 ton/h de<br />

capacidade nominal instalada.<br />

Houve algum novo investimento em estrutura,<br />

sede, produtos ou serviços que queiram enfatizar?<br />

Podemos destacar a mudança de nossa sede, em<br />

São Paulo (SP), para um novo escritório, um espaço de<br />

1000 m² (metros quadrados), totalmente reformado e<br />

com capacidade para comportar até 150 pessoas. Nosso<br />

escritório administrativo em Piracicaba (SP) também cresceu<br />

com o aumento no número de colaboradores locais<br />

para atuar em nossos projetos na região: uma unidade<br />

de vapor com a Klabin, uma área de plantio de eucalipto<br />

e, a novidade de 2022, o nosso laboratório de pesquisa<br />

e desenvolvimento ComBio. O laboratório da ComBio<br />

expande a nossa estratégia com biomassa, pois passamos<br />

a oferecer para o mercado análises laboratoriais de<br />

biomassa, cinzas e águas de processos.<br />

Além disso, foram realizados também<br />

investimentos em maquinário florestal,<br />

o que nos leva hoje a um parque de<br />

máquinas de mais de cinquenta equipamentos,<br />

dentre picadores, escavadeiras<br />

e colheitadeiras.<br />

europeu, construindo estações de liquefação do gás para<br />

poder exportar e suprir, assim, a demanda causada pela<br />

guerra. Esse movimento traz um aumento natural no<br />

preço do combustível, que evidencia ainda mais a baixa<br />

competitividade do gás natural quando comparado à<br />

biomassa. Embora a própria biomassa também tenha<br />

sofrido um aumento em seus preços, ela não perdeu<br />

competitividade, uma vez que o gás natural, que é a<br />

alternativa da biomassa na geração de energia térmica,<br />

inflacionou ainda mais.<br />

Qual a perspectiva da empresa e do setor da biomassa<br />

para 2023?<br />

O mercado de biomassa no Brasil é muito amplo,<br />

com cenários muito diferentes a depender da região.<br />

No Estado de São Paulo, por exemplo, já existem muitas<br />

indústrias com caldeiras à biomassa. Temos um setor<br />

com bastante demanda, que concorre, por exemplo, com<br />

papel e celulose. Já o bagaço de cana-de-açúcar pode ser<br />

usado também na geração de energia elétrica; a ComBio,<br />

que produz energia térmica, tem nessa área uma concorrência<br />

de uso.<br />

E como isso afeta a produção da empresa?<br />

Para que não haja nenhum tipo de limitação, não<br />

ficamos dependentes de nenhuma biomassa específica.<br />

Então, o bagaço de cana-de-açúcar e o cavaco de<br />

madeira, por exemplo, que são os mais conhecidos,<br />

Como a guerra na Ucrânia e o<br />

cenário mundial vêm afetando o<br />

mercado?<br />

A guerra da Ucrânia trouxe uma<br />

grande movimentação no mercado de<br />

combustíveis, porque afeta diretamente<br />

o fornecimento de gás natural da Rússia<br />

para países da Europa, em especial a<br />

Alemanha. Com isso, países como os<br />

EUA (Estados Unidos da América), por<br />

exemplo, passam a ter interesse em<br />

exportar gás natural para o continente<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

21


ENTREVISTA<br />

22 www.REVISTABIOMAIS.com.br


PRINCIPAL<br />

NOVOS MERCADOS<br />

PARA A<br />

BIOMASSA<br />

EMPRESA INVESTE EM<br />

DIVERSIFICAÇÃO PARA<br />

ATENDER A INDÚSTRIA<br />

DE PELLETS<br />

FOTOS EMANOEL CALDEIRA<br />

24 www.REVISTABIOMAIS.com.br


REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

25


PRINCIPAL<br />

C<br />

om capacidade de produção de duas<br />

toneladas de pellets por hora, a JSIC Comex<br />

– especializada na comercialização e<br />

instalação de equipamentos e máquinas<br />

para área de biomassa de madeira – está investindo<br />

em novos mercados para 2023, diante do aumento<br />

significativo da procura por energias sustentáveis, que<br />

vislumbram no pellet de madeira uma das principais<br />

fontes para gerar energia limpa. “A indústria vai precisar<br />

fazer novos investimentos e aumentar a capacidade<br />

de produção para atender a demanda de mercado,<br />

tanto nacional, quanto internacional. Nossas expectativas<br />

são atender nossos clientes que desejam aumentar<br />

suas capacidades de produção, em seguida ajudar a<br />

montar novas plantas em todo o Brasil. Estamos preparados<br />

para atender nossas importações e o mercado<br />

brasileiro. Sabemos da demanda na Ásia, Europa e EUA<br />

(Estados Unidos da América), já que nossos clientes estão<br />

se movimentado em investimentos e infraestrutura<br />

para atender esse setor em pleno crescimento”, projeta<br />

Dalclis Azevedo, gerente da JSIC Comex.<br />

Com sede em Curitiba (PR), a empresa trabalha<br />

com importação e exportação de máquinas, peças<br />

de reposição, equipamentos, plantas completas de<br />

produção, desenvolvimento de projetos e consultoria<br />

técnica. “Distribuímos máquinas, peças e prestamos su-<br />

26<br />

www.REVISTABIOMAIS.com.br


porte técnico aos nossos clientes. Assim que adquirem<br />

nossos equipamentos, a equipe técnica pré-agendada<br />

faz a instalação e startup das máquinas e do processo.<br />

Em seguida, há um treinamento da equipe interna do<br />

cliente que vai operar a máquina para que saibam todos<br />

os processos para conseguir a melhor performance<br />

de produção”, enfatiza Dalclis.<br />

Importante destacar, ainda, que esse trabalho reflete<br />

diretamente na imagem que a empresa possui<br />

no mercado. "Estamos falando de uma empresa séria<br />

e competente, que entrega o que promete e ainda<br />

presta assistência qualificada. Estamos há mais de um<br />

ano trabalhando com a JSIC Comex e estão sempre<br />

disponíveis quando precisamos. Os recomendo com<br />

tranquilidade e segurança", elogia Ademir Beraldin, diretor<br />

da indústria de pellets Vesúvio, de Araucária (PR)<br />

–, que se tornou referência no processo de peletização,<br />

com equipamentos instalados em uma planta modelo<br />

muito bem estruturada na região metropolitana de<br />

Curitiba.<br />

MARCA RECONHECIDA<br />

O ano de 2022 reforçou o posicionamento da JSIC<br />

Comex no mercado industrial de pellets. “Nossa marca<br />

é reconhecida e citada quando se fala em investimentos<br />

na produção de biomassa de madeira. Substituímos<br />

outras máquinas adquiridas por clientes que não<br />

funcionavam adequadamente. Nossos equipamentos<br />

dão segurança e isso é essencial no mercado. Temos<br />

muito orgulho de vê-los aumentar suas plantas para<br />

instalação de mais máquinas e dobrar a capacidade<br />

de produção. Nossos clientes já sinalizaram o aumento<br />

das plantas e a aquisição de novas máquinas para 2023.<br />

É um orgulho sermos procurados com um feedback positivo<br />

de que nossos equipamentos atendem as expectativas”,<br />

ressalta Dalclis.<br />

Outro ponto alto do pós-venda são as equipes técnicas<br />

da Retsul de Santo Augusto (RS), parceiros que<br />

atendem os clientes da JSIC Comex praticamente 24h<br />

(horas) por dia prestando consultorias, serviços técnicos,<br />

suporte e manutenções periódicas. “Todos nossos<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA 27


REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

29


INVESTIMENTO<br />

ENERGIA<br />

SOLAR<br />

30 www.REVISTABIOMAIS.com.br


INVESTIMENTOS EM ENERGIA SOLAR NOS<br />

TELHADOS ULTRAPASSAM R$ 32,7 BILHÕES<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

31


INVESTIMENTO<br />

O<br />

s investimentos privados em sistemas<br />

de geração própria de energia solar em<br />

telhados e pequenos terrenos atingiram<br />

R$ 32,7 bilhões somente este ano no<br />

país. Segundo mapeamento da WIN Solar, distribuidora<br />

de equipamentos fotovoltaicos pertencente ao<br />

Grupo All Nations, os recursos aplicados nos projetos<br />

em residências, comércios, indústrias e propriedades<br />

rurais saltaram de R$ 44 bilhões acumulados em<br />

janeiro para R$ 76,6 bilhões no final de outubro, um<br />

crescimento de 74%.<br />

De acordo com o mapeamento, feito com base<br />

nos dados oficiais da ANEEL (Agência Nacional de<br />

Energia Elétrica) e da ABSOLAR (Associação Brasileira<br />

de Energia Solar Fotovoltaica), entre janeiro e<br />

outubro deste ano, a potência acumulada na última<br />

década da geração própria de energia solar cresceu<br />

55,5%, passando de 9 GW (gigawatts) para 14 GW,<br />

igualando assim a capacidade da usina de Itaipu, a<br />

segunda maior do mundo.<br />

Já o nível de emprego no setor desde 2012<br />

subiu de 260 mil postos de trabalho acumulados<br />

em janeiro para 420 mil em outubro, aumento de<br />

61,5%. Segundo a WIN Solar, o número de sistemas<br />

instalados em telhados e pequenos terrenos cresceu<br />

136%, saltando de 720 mil em janeiro para mais de<br />

1,7 milhão em agosto.<br />

Os aportes acumulados<br />

na última década<br />

cresceram 74% em<br />

2022, saltando de R$<br />

44 bilhões em janeiro<br />

para R$ 76,7 bilhões<br />

em outubro<br />

Para Camila Nascimento, diretora da WIN Solar,<br />

o avanço dos projetos fotovoltaicos no país reflete a<br />

busca dos consumidores por alternativas sustentáveis<br />

para reduzir gastos na conta de luz. “A energia<br />

solar é atualmente um investimento bastante<br />

rentável e ajuda a aliviar o orçamento das famílias<br />

brasileiras e ampliar a competitividade das empresas”,<br />

explica.<br />

“Os consumidores brasileiros que pretendem<br />

instalar sistemas de energia solar em residências e<br />

empresas têm menos de dois meses para solicitar o<br />

sistema fotovoltaico antes das mudanças de regras<br />

aprovadas pelo congresso nacional”, avisa Camila,<br />

que também é coordenadora estadual da ABSOLAR<br />

no Rio de Janeiro.<br />

Pela nova Lei nº 14.300/2022, publicada no<br />

início deste ano, há um período de transição que<br />

garante até 2045 a manutenção das regras atuais aos<br />

consumidores que fizerem a solicitação de acesso<br />

do sistema de geração própria de energia solar até o<br />

final de 6 de janeiro de 2023.<br />

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INFORME<br />

FORNALHA<br />

AUTOMATIZADA<br />

PROCESSO AUTOMÁTICO<br />

DA IMTAB AMPLIA A<br />

PRODUTIVIDADE E REDUZ<br />

ACIDENTES DE TRABALHO<br />

R<br />

econhecidas há 10 anos no mercado nacional e sul-americano,<br />

as fornalhas da IMTAB vêm se destacando<br />

neste ano com uma novidade que reduz a possibilidade<br />

de acidentes de trabalho na geração de energia<br />

térmica: é o sistema de acendimento automatizado.<br />

“O processo automático das fornalhas, através do sistema<br />

de resistência, funciona sem a necessidade de intervenção de<br />

um operador. Com isso, reduzimos a possibilidade de erros,<br />

acidentes e falhas humanas no processo, uma demanda do<br />

mercado que atendemos com êxito. Tanto que estamos com<br />

bastante procura de clientes novos e clientes já existentes,<br />

alguns fazendo uma espécie de retrofit de suas fornalhas”,<br />

explica Joel Padilha, diretor comercial da IMTAB.<br />

Com sede em Agrolândia (SC), a IMTAB é reconhecida<br />

pelas soluções sustentáveis na transformação de biomassa<br />

em energia térmica. “Com estrutura de fábrica adequada para<br />

atender as demandas do mercado, já executamos mais de<br />

340 projetos em toda a América do Sul. Para 2023, estamos<br />

avaliando projetos na Argentina, Paraguai, Uruguai e Peru.<br />

Nossa especialidade é avaliar a necessidade do cliente, projetar<br />

e executar, com soluções voltadas para geração de energia<br />

térmica com fontes sustentáveis como biomassa vegetal,<br />

resíduos industriais, urbanos e agrícolas”, detalha Joel.<br />

FORNALHA DE CALCINAÇÃO<br />

Outro processo que se destacou ao longo de 2022, segundo<br />

o diretor comercial da IMTAB, foi o lançamento da fornalha<br />

de calcinação da cal. “É voltada para queima da pedra da<br />

cal. A procura também tem sido grande, pois só existia uma<br />

empresa fornecedora – que não é focada em biomassa como<br />

a IMTAB.”<br />

Os geradores de calor são os grandes destaques de know-<br />

-how da empresa. Com o aquecimento do mercado, a IMTAB<br />

diversificou e se preparou para avançar com responsabilidade<br />

e estrutura na fabricação de caldeiras e aquecedores de<br />

fluido térmico. “Dessa forma, atuamos nos setores madeireiro,<br />

alimentício, de cervejarias, fertilizantes, mineração, papel e<br />

celulose, química, têxtil e grãos. Desde a pandemia, tivemos<br />

um aumento na busca pela matriz energética de biomassa,<br />

em especial após os conflitos na Europa e no corte do fornecimento<br />

de gás por parte da Rússia. Com isso, leva vantagem<br />

o pellet brasileiro, que tem maior poder calorífico ocupando<br />

menos espaço (em metros cúbicos de matéria-prima) do que<br />

o cavaco de madeira, beneficiando muito a logística marítima<br />

e de exportação”, explica Joel.<br />

O diretor comercial destaca ainda a ampliação fabril da<br />

IMTAB para aumentar a gama de produtos no mercado –<br />

como a caldeira flamotubular –, avançando em caldeiras de<br />

pequeno e médio porte. “É um nicho de mercado carente de<br />

um bom fabricante, com boa tecnologia”, ressalta o diretor<br />

comercial da IMTAB.<br />

Imagem: divulgação<br />

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PELO MUNDO<br />

ENERGIAS<br />

RENOVÁVEIS<br />

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GUERRA DESTRÓI INFRAESTRUTURA<br />

ENERGÉTICA NA UCRÂNIA<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

37


PELO MUNDO<br />

I<br />

niciada em fevereiro deste ano, a guerra<br />

entre Rússia e Ucrânia vem causando um<br />

impacto devastador na infraestrutura de<br />

energia renovável do país. De acordo com<br />

Emine Dzheppar, primeira vice-ministra das<br />

Relações Exteriores da Ucrânia, cerca de 90%<br />

da infraestrutura de energia eólica da Ucrânia<br />

e entre 40% a 50% de sua infraestrutura de<br />

energia solar foi destruída.<br />

A energia solar e eólica representou 7%<br />

do consumo de energia da Ucrânia em 2021,<br />

segundo a TEK, uma empresa de comércio de<br />

energia ucraniana. Atualmente, o Ministério da<br />

Energia da Ucrânia não fornece um detalhamento<br />

das fontes de consumo de energia do<br />

país devido às restrições da lei marcial.<br />

As autoridades ucranianas acreditam que<br />

os ataques de drones e mísseis de cruzeiro em<br />

todo o país feitos pela Rússia estão sendo cui-<br />

Segundo dados das<br />

relações exteriores da<br />

Ucrânia, cerca de 90% da<br />

infraestrutura de energia<br />

eólica do país e 50%<br />

de energia solar foram<br />

destruídas pela guerra<br />

38 www.REVISTABIOMAIS.com.br


dadosamente orquestrados para atingir infraestruturas<br />

importantes à medida que a Ucrânia<br />

entra no inverno. Ao atingir usinas termelétricas,<br />

subestações de eletricidade, transformadores<br />

e oleodutos, as forças russas impactam<br />

diretamente a capacidade dos ucranianos de<br />

acessar energia, água e internet.<br />

ALTERNATIVAS NA ÁFRICA<br />

Diante deste cenário crítico, líderes europeus<br />

estão se dirigindo a capitais africanas,<br />

ansiosos por encontrar alternativas ao gás<br />

natural russo. Com isso, despertam esperanças<br />

entre seus colegas na África de que a Guerra da<br />

Ucrânia possa modificar a relação desigual do<br />

continente com a Europa, atraindo uma nova<br />

onda de investimentos em gás, a despeito da<br />

pressão para migrar para fontes de energia<br />

renováveis.<br />

Em setembro, o presidente da Polônia foi<br />

ao Senegal em busca de negócios com gás.<br />

O premiê alemão, Olaf Scholz, chegou em<br />

maio à procura da mesma coisa, afirmando ao<br />

parlamento de seu país que a crise energética<br />

exige "que trabalhemos com países onde há<br />

possibilidade de desenvolver campos de gás",<br />

ao mesmo tempo cumprindo promessas de<br />

redução das emissões de gases causadores do<br />

efeito estufa.<br />

"A guerra provocou uma virada total. A<br />

narrativa mudou", declarou Mamadou Fall Kane,<br />

assessor energético do presidente do Senegal.<br />

A enxurrada de manifestações de interesse por<br />

parte da Europa está levando a projetos energéticos<br />

novos ou que estão sendo acelerados, e<br />

fala-se em mais ainda por vir.<br />

GÁS NATURAL<br />

A esperança nas capitais africanas é que a<br />

demanda europeia leve ao financiamento de<br />

instalações de gás não apenas para exportação,<br />

mas para o consumo interno. A questão assume<br />

importância enorme em algumas partes do<br />

continente.<br />

Ministros do governo italiano vêm acompanhando<br />

executivos da Eni, uma das maiores<br />

empresas energéticas do mundo, para a Argélia,<br />

Angola, República do Congo e Moçambique,<br />

onde um terminal de gás natural operado<br />

pela empresa deverá começar a fornecer gás à<br />

Europa. A Eni discute com o governo moçambicano<br />

a possibilidade de construção de um<br />

terminal adicional.<br />

Alguns líderes africanos lamentam que foi<br />

preciso uma guerra a milhares de quilômetros<br />

de distância, na Ucrânia, para lhes conferir<br />

poder de barganha em negócios energéticos,<br />

descrevendo o que enxergam como dois pesos<br />

e duas medidas. Afinal, por centenas de anos<br />

a Europa usou não apenas gás natural, mas<br />

também combustíveis muito mais sujos, como<br />

o carvão, para alimentar uma era de industrialização<br />

e formação de impérios.<br />

O argumento principal dessas lideranças<br />

da África é que os países menos desenvolvidos<br />

deveriam ter liberdade de usar mais gás nos<br />

próximos anos, a despeito da crise climática e<br />

da necessidade de o mundo reduzir o consumo<br />

de combustíveis fósseis, porque seus cidadãos<br />

merecem um padrão de vida mais alto e acesso<br />

maior a fontes confiáveis de eletricidade e<br />

outros serviços básicos. Mas, segundo eles, os<br />

credores europeus e internacionais tornaram<br />

isso caro demais.<br />

Líderes europeus frequentemente parecem<br />

pregar aos africanos sobre a importância de<br />

reduzir emissões de dióxido de carbono, mas<br />

oferecem pouca ajuda financeira para ajudá-<br />

-los a criar alternativas energéticas verdes. Ao<br />

mesmo tempo, a Europa continua a produzir<br />

emissões muito maiores que a África. "Poucos<br />

meses atrás, os mesmos europeus que estavam<br />

nos pregando sermões dizendo não ao gás,<br />

vieram dizer que agora querem um meio-termo",<br />

ponderou Amani Abou-Zeid, comissária<br />

de energia e infraestrutura da União Africana.<br />

"Estamos tentando sobreviver. Mas, em vez<br />

disso, estamos sendo infantilizados."<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

39


PRÊMIO REFERÊNCIA<br />

20ª EDIÇÃO DO PRÊMIO<br />

REFERÊNCIA PREMIA EMPRESAS<br />

QUE SE DESTACARAM EM 2022<br />

FOTOS EMANOEL CALDEIRA<br />

40 www.REVISTABIOMAIS.com.br


O<br />

Prêmio REFERÊNCIA completou 20 anos<br />

e contemplou as empresas que mais se<br />

destacaram no setor em 2022. Entre elas,<br />

empresas do setor de biomassa e energias<br />

renováveis.<br />

A vigésima edição contou com celebração especial<br />

no final do mês de novembro, no restaurante Porta<br />

Romana, em Curitiba (PR), com a presença de 140<br />

convidados. Organizada pela JOTA Editora, responsável<br />

pela publicação das revistas: REFERÊNCIA FLORES-<br />

TAL, REFERÊNCIA INDUSTRIAL, REFERÊNCIA CELULOSE<br />

& PAPEL, REFERÊNCIA PRODUTOS DE MADEIRA e<br />

REFERÊNCIA BIOMAIS, a premiação é um marco para o<br />

segmento e atrai a cada ano mais indicados e interesse<br />

do público em relação aos vencedores.<br />

Os critérios para a seleção dos vencedores são<br />

muito ponderados, desde as indicações recebidas<br />

por clientes, parceiros, anunciantes e personalidades<br />

do setor, passando pela avaliação realizada internamente<br />

pelos membros da organização do evento.<br />

Muito além do prêmio, o objetivo é valorizar quem<br />

mais trabalhou para o fortalecimento e crescimento<br />

da indústria de biomassa e geração de energia<br />

limpa. É reconhecimento dado para uma empresa ou<br />

associação, mas que reflete no trabalho de todos os<br />

que fazem o setor mais forte e representativo para a<br />

economia nacional. “A importância crescente que o<br />

setor confere à premiação é uma alegria enorme para<br />

nós, assim como um reconhecimento do trabalho que<br />

realizamos há mais de duas décadas em prol do fortalecimento<br />

da indústria madeireira de base florestal<br />

nacional e geração de energia sustentável. Prova disso<br />

é o grande número de indicações recebidas todos os<br />

anos”, celebra Fábio Machado, diretor comercial da<br />

JOTA Editora.<br />

PAINEL SUSTENTABILIDADE<br />

O evento de premiação teve início com o Painel<br />

Sustentabilidade, que reuniu quatro especialistas do<br />

setor de base florestal para analisar aspectos do panorama<br />

brasileiro e internacional. A primeira apresentação<br />

foi de Deryck Pantoja Martins, diretor técnico<br />

da AIMEX (Associação das Indústrias Exportadoras de<br />

Madeiras do Estado do Pará), que gera mais de 7 mil<br />

empregos, com média anual de aproximadamente<br />

US$ 200 milhões em exportação e faturamento anual<br />

de R$ 946,8 milhões.<br />

“Mesmo o Brasil tendo 59% de seu território com<br />

áreas florestais – a segunda maior do mundo, atrás<br />

apenas da Rússia -, nossa participação é de apenas 4%<br />

no mercado mundial de produtos florestais, estimado<br />

em US$ 350 bilhões, segundo dados da CNI (Confe-<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

41


PRÊMIO REFERÊNCIA<br />

deração Nacional da Indústria). Ou seja, temos muito<br />

a crescer no setor, com imenso potencial. Nas últimas<br />

décadas, a oferta de matéria-prima industrial teve<br />

aumento nas florestas plantadas e queda nas florestas<br />

nativas. Entre 2019 e 2021, conseguimos estabilizar as<br />

exportações de madeira no Pará, na faixa de US$ 200<br />

milhões anuais”, destacou Deryck.<br />

O diretor apresentou ainda o balanço das exportações<br />

de janeiro a outubro de 2022, com alta de 106%<br />

e US$ 318 milhões exportados. “Ao todo, foram 237<br />

mil toneladas de madeira e crescimento de 28%. Os<br />

principais produtos exportados são pisos e decks, seguidos<br />

de madeira serrada e painéis de MDF (fibras de<br />

madeira aglomerada), tendo como principais destinos<br />

EUA (Estados Unidos da América), França, Holanda,<br />

Dinamarca e Bélgica.”<br />

TENDÊNCIAS PARA O MERCADO<br />

Na sequência, Paulo Pupo, superintendente executivo<br />

da Abimci (Associação Brasileira da Indústria<br />

de Madeira Processada Mecanicamente) abordou o<br />

tema: Mercado e tendências para madeira processada.<br />

“O Brasil tem meio bilhão de ha (hectares) de<br />

florestas, somos um Brasil florestal, mas ainda não<br />

madeireiro, com apenas 2% de florestas plantadas<br />

e 98% nativa. Aumentou a demanda e o consumo<br />

da madeira processada. Em relação ao plantio de<br />

eucalipto, temos 7,46 milhões de ha em todo o país, a<br />

maior parte em Minas Gerais, São Paulo e Mato Grosso<br />

do Sul. Já no plantio de pinus, temos 1,7 milhão de ha<br />

com a liderança do Paraná, seguido de Santa Catarina<br />

e do Rio Grande do Sul. Coincidentemente, a região<br />

sul concentra 90% da indústria de madeira processada”,<br />

explicou Paulo.<br />

O especialista enfatizou ainda a mudança no perfil<br />

econômico da floresta. “Temos baixo crescimento da<br />

área de florestas plantadas frente à demanda de consumo.<br />

Um aumento efetivo de áreas para agricultura e<br />

pressão por terras agrícolas, além de redução de áreas<br />

de pequenos produtores. Concentração de áreas<br />

Pedro Bartoski Jr., da Revista REFERÊNCIA, Rafael Mason, do CIPEM, Deryck Pantoja Martins, da AIMEX, Paulo Pupo, da Abimci,<br />

Evaldo Braz, da Embrapa Florestas e Fábio Machado, da Revista REFERÊNCIA<br />

42 www.REVISTABIOMAIS.com.br


destinadas ao segmento papel e celulose, e ciclos<br />

florestais que estão diminuindo, com maior produção<br />

de madeira fina."<br />

Como oportunidades e desafios, Paulo Pupo<br />

destacou que é preciso a padronização técnica e<br />

normativa dos produtos, para garantir isonomia no<br />

mercado. "Como potencial de crescimento, temos a<br />

recuperação da construção civil e o déficit habitacional<br />

pelo país, além da demanda reprimida para uso de<br />

produtos estruturais. Os desafios são a manutenção<br />

do crescimento da atividade econômica, da inflação e<br />

das taxas de juros.<br />

MANEJO SUSTENTÁVEL<br />

As duas últimas apresentações do painel foram de<br />

Evaldo Braz, pesquisador da EMBRAPA FLORESTAS,<br />

e Rafael Mason, presidente do CIPEM (Centro das<br />

Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira do<br />

Estado de Mato Grosso). Enquanto Evaldo abordou:<br />

A prática do manejo sustentável de florestas naturais;<br />

Rafael apresentou o tema: Mercado da madeira nativa<br />

de Mato Grosso. “A produtividade e a implementação<br />

dos planos de manejo sustentável podem ser<br />

melhoradas. Com isso, precisaremos integrar pesquisa<br />

e legislação, saindo da taxa fixa de 30 m3 (metros cúbicos)<br />

por hectare que temos na Amazônia, uma taxa<br />

que faz sentido em outros locais do país, mas que é<br />

extremamente baixa para aquele bioma”, ponderou<br />

Evaldo.<br />

Rafael Mason destacou, que no Mato Grosso, existem<br />

hoje 4,2 milhões de ha de áreas manejadas, com<br />

compromisso com o governo estadual de chegar a 6<br />

milhões de ha de madeira via manejo florestal. Entre<br />

eles, manejos do segundo ciclo, de 35 anos atrás.<br />

“Tivemos um crescimento de 30% na nossa demanda<br />

em 2020, ano passado chegamos a 50%, algo<br />

inimaginável até então. Nesse ano e para 2023, não<br />

teremos o mesmo crescimento, mas há uma estabilidade.<br />

O desafio hoje é a mudança do consumidor<br />

final buscando nossos produtos: os produtos que<br />

tiveram elevação nos preços precisaram de retração<br />

posterior, com queda de 30% nos valores. Hoje, a demanda<br />

maior é nos produtos de baixo valor comercial,<br />

como espécies mais baratas. Com isso, a exportação<br />

também foi afetada diante da guerra na Ucrânia, além<br />

dos custos em fretes e logística”, explanou Rafael.<br />

A seguir, confira as empresas de biomassa e do<br />

setor de energias renováveis que ganharam o Prêmio<br />

REFERÊNCIA 2022:<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

43


PRÊMIO REFERÊNCIA<br />

Pedro Bartoski Jr., diretor executivo da Revista REFERÊNCIA,<br />

entrega o Prêmio REFERÊNCIA para Juliano Vieira de Araújo,<br />

presidente da Abimci<br />

ABIMCI<br />

A ABIMCI comemora 50 anos em 2022, amplamente reconhecida<br />

pelo extenso trabalho em prol da indústria madeireira<br />

e defesa dos interesses do setor. A entidade é a principal<br />

fonte de informações para organismos governamentais<br />

brasileiros e estrangeiros, referencial para a imprensa, universidades<br />

e entidades setoriais. "Estamos diante de muitos<br />

desafios no mercado e no consumo. Mas acreditamos no<br />

potencial das pessoas envolvidas em nossa cadeia florestal<br />

e industrial, além dos nossos associados", enalteceu Juliano<br />

Araújo, presidente da ABIMCI.<br />

ENEBRA ENERGIA<br />

A Enebra Energia atua no fornecimento de biomassa de<br />

eucalipto e supressão nativa em todas as suas formas, oferecendo<br />

uma fonte de energia sustentável às indústrias por<br />

meio de florestas próprias certificadas. É uma das empresas<br />

premiadas pelo notável trabalho desenvolvido em 2022,<br />

além do crescimento no setor de cavaco para biomassa, na<br />

região centro oeste do país. “A Enebra é uma empresa jovem,<br />

foi criada no Mato Grosso por mim e pelo meu sócio Nedil<br />

de Lima Junior, às vésperas da pandemia. Desenvolvemos o<br />

cavaco a partir de madeiras que não tinham mais uso, com<br />

uma das maiores e mais modernas operações do mundo na<br />

picagem e no processamento dessa madeira”, disse Guilherme<br />

Elias, sócio-proprietário da Enebra Energia.<br />

Guilherme Elias (esq), Nedil Lima (dir), sócios da Enebra Energia,<br />

recebem o Prêmio REFERÊNCIA de Diego Vieira, diretor da DRV<br />

José Carlos Haas Junior, diretor da Haas Madeiras recebe o Prêmio<br />

REFERÊNCIA de Tiago Correa, gerente comercial da Effisa<br />

HAAS MADEIRAS<br />

Com início da operação de uma fábrica própria de pellets<br />

em 2022, uma moderna unidade fabril de 50 mil m² (metros<br />

quadrados) de área construída em Venâncio Aires (RS), a<br />

Haas Madeiras conta com estrutura capaz de produzir 2,5 mil<br />

toneladas de pellets por mês, que também abriga o depósito<br />

dessa biomassa que a empresa investe nos últimos anos.<br />

"Temos 49 anos e estamos nos transformando nos últimos<br />

tempos. O pellet de madeira não é tão novo no mercado,<br />

mas temos uma fábrica de ponta trabalhando com eucalipto.<br />

Somos a primeira fábrica totalmente informatizada integrada<br />

em uma serraria de grande porte que trabalha com eucalipto.<br />

Fico feliz pelo reconhecimento", agradeceu José Carlos Haas<br />

Junior, diretor da Haas Madeiras.<br />

44 www.REVISTABIOMAIS.com.br


Fabiane Piovesan recebendo o Prêmio REFERÊNCIA das mãos de<br />

Mario Sergio Lima, proprietário da MSM Química<br />

PIOMADE<br />

Soluções sustentáveis são chave para o desenvolvimento<br />

do setor e da sociedade, por isso a Piomade alcançou lugar<br />

de destaque em 2022. O ano foi marcado pela inauguração<br />

da nova fábrica de pellets da empresa. As soluções e biomassa<br />

se tornaram essenciais para vários segmentos, além do<br />

próprio setor florestal, que supre caldeiras e outros equipamentos<br />

que necessitam de calor como a madeira em pellets.<br />

Trabalhar por um mundo mais sustentável é trabalhar para<br />

que o setor florestal seja cada dia mais forte e necessário. “É<br />

uma honra receber essa premiação. Um agradecimento especial<br />

aos que acreditam nesse mercado e aos nossos colaboradores,<br />

que nos auxiliam no crescimento da nossa indústria”,<br />

declarou Fabiane Piovesan, diretora da Piomade.<br />

VETORIAL<br />

Com ampla experiência no mercado desde 1969, o Grupo<br />

Vetorial atua no setor minério-siderúrgico, produzindo<br />

carvão vegetal e ferro gusa, além de extração de minério de<br />

ferro. No setor de energia renovável, produz carvão vegetal<br />

com sustentabilidade, exclusivamente de florestas plantadas<br />

renováveis, com aproveitamento de material lenhoso para<br />

a produção do Ferro Gusa Verde. "Atuamos há mais de 50<br />

anos em siderurgia e, nos últimos 25 anos, estamos atuando<br />

com produtos altamente sustentáveis no Mato Grosso do Sul,<br />

exportando o ferro gusa para o mundo todo. Agradecemos<br />

termos sido reconhecidos pelo Prêmio REFERÊNCIA", celebrou<br />

Mario Cleiro de Sousa, diretor de operações da Vetorial.<br />

Mario Cleiro Sousa, após receber o Prêmio de Deryck Martins,<br />

diretor técnico da AIMEX<br />

Entre as empresas premiadas<br />

estão grandes indústrias de<br />

biomassa, como cavaco e pellets<br />

de madeira, que impulsionam as<br />

formas renováveis de energia no<br />

setor florestal<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

45


CLICK PRÊMIO REFERÊNCIA<br />

Paulo Pupo,<br />

da Abimci<br />

Crislaine Briatori, Fabiana Tokarski e<br />

Mayara Laurindo, da Jota Editora<br />

Marcele Coelho,<br />

da Jota Editora<br />

Fabiane Piovesan, Maria Beatriz<br />

e João Piovesan, da Piomade<br />

Evaldo Braz,<br />

da Embrapa Florestas<br />

Francisleine Machado, Fernanda Machado<br />

e Fábio Machado, da Jota Editora<br />

Mylena Passig e Suelen Alves,<br />

da Woodflow<br />

Letícia Souza e Fábio Washington,<br />

da Solution Focus<br />

Giovane Savian e<br />

Marcos Antônio Cheuchuk, da Pesa<br />

Milton Watanabe e Willian Watanabe,<br />

da Watanabe Comércio de Máquinas<br />

Ângela Dias e Silvana Dias,<br />

da Agro Florestal Sepac<br />

Diogo Dias Greca, Thiago Dias Ceschin e<br />

Gabriel Silveira, da Agro Florestal Sepac<br />

46 www.REVISTABIOMAIS.com.br


Alexandre Coutinho e Rafael Boiani,<br />

da MIP Florestal<br />

Toni Casagrande<br />

Felliphe Marinho Costa e Sigfrid Kirsch,<br />

da Sindusmad<br />

Deryck Martins,<br />

da AIMEX<br />

Everson Stelle,<br />

da Montana Química<br />

Rafael Mason,<br />

da CIPEM (MT)<br />

Gilberto de Sousa e Thiago Felippi,<br />

da Felipe Diesel<br />

Edinei Blasius e Taciana Blasius,<br />

da B2 Madeiras<br />

Wilson Andrade,<br />

da ABAF (BA)<br />

Mário Sousa e Vânia dos Santos,<br />

da Vetorial Siderurgia<br />

Valéria Brizola e Luiz Carlos Crimaco,<br />

da Informa Markets<br />

Patrícia Nazário,<br />

da Rede Mulher Florestal<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

47


CLICK PRÊMIO REFERÊNCIA<br />

Kleber Mafra e Márcio Molleta,<br />

da Himev<br />

Marcos Araújo,<br />

da Mendes Máquinas<br />

Ronaldo Lins e Sidnei Kaefer,<br />

da Manos Implementos<br />

Marise Senff de Araújo e Juliano Vieira<br />

de Araújo, da Abimci<br />

Jeferson Souza,<br />

da Oregon<br />

Cristiane Oliveira Henriques e Antônio<br />

Carlos Henriques, da A.C. Henriques<br />

Guilherme Elias e Vanessa Elias,<br />

da Enebra<br />

Ana Lídia e Nedil Lima,<br />

da Enebra<br />

Camile e Carla Bartoski<br />

Igor Rover e Niege Rover,<br />

da Relvaplac Compensados<br />

Ailson Loper,<br />

da APRE<br />

Roberta Pitta e Marco Pitta<br />

48 www.REVISTABIOMAIS.com.br


Emily Hoffelder e Mario Sergio Lima,<br />

da MSM Química<br />

Mariana Schuchovski,<br />

da Rede Mulher Florestal<br />

Diego Ricardo Vieira<br />

e Liliane Cordeiro, da DRV<br />

João Ricardo Pavin e<br />

Michele Cordeiro, da DRV<br />

Alexandre Falce, Rafael Milarch<br />

e Sérgio Jr., da Lion Equipamentos<br />

Clara Machado, Vanessa Machado<br />

e Cláudio Machado<br />

Marluci Paludo e Maicos Zucchi,<br />

do Grupo Paludo<br />

Diogo Paludo,<br />

do Grupo Paludo<br />

Odete Paludo e Rui Paludo,<br />

do Grupo Paludo<br />

Rodrigo Ferrari e Tatiana Paludo Ferrari,<br />

do Grupo Paludo<br />

Danielle Paludo,<br />

do Grupo Paludo<br />

Joel Rosa e Wesley Baticini,<br />

da Gell Tecno Solution<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

49


CLICK PRÊMIO REFERÊNCIA<br />

Martin Kemmsier,<br />

da Birka<br />

Rodrigo Contesini e<br />

Evanderson Marques, da Logmax<br />

Gustavo Milazzo e Cristiane Milazzo,<br />

da GCM Trade - Woodflow<br />

Dalclis Azevedo,<br />

da JSIC Comex<br />

Liamara Mortari e Alfredo Berros,<br />

da Sauerland<br />

Gisele Cristina Santos e Giullian<br />

Fernanda Silva, da GCM Trade - Woodflow<br />

Edina Moresco,<br />

da Embrapa Florestas<br />

Keila Angélico e David Kretski,<br />

da Adami<br />

Diogo Lorenzetti,<br />

da Neocert<br />

Rafael Nanami,<br />

da Lion Equipamentos<br />

Enridimar Gomes,<br />

da Vetorial Siderurgia<br />

Leila Simon e Ricardo Simon,<br />

da Lufer Forest<br />

50 www.REVISTABIOMAIS.com.br


Luciane Evangelista e<br />

Joaquim de Almeida, da Marrari<br />

Matheus Demuner,<br />

da Demuner Marcenaria<br />

Robson Lemos,<br />

da Bonardi Química<br />

Amanda Marini Piton,<br />

da Marini Compensados<br />

José Carlos Júnior,<br />

da Haas Madeiras<br />

Bruno Pereira,<br />

da Remsoft<br />

Tiago Correa da Rosa,<br />

da Effisa<br />

Gerson Penkal e Carlos Augusto,<br />

da Jota Editora<br />

Dario Pires Machado Filho,<br />

da Indumec<br />

Egídio Felippi,<br />

da Lacombe Turbinas<br />

Marcos Gaveliki,<br />

da Tecmater<br />

Pedro Bartoski Jr. e Fábio Machado,<br />

da Jota Editora<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

51


DESCARBONIZAÇÃO<br />

HIDROGÊNIO<br />

VERDE<br />

COMBUSTÍVEL É ESSENCIAL NA TRANSIÇÃO<br />

PARA A ECONOMIA DE BAIXO CARBONO<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

52 www.REVISTABIOMAIS.com.br


REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

53


DESCARBONIZAÇÃO<br />

F<br />

undamental para o processo de descarbonização<br />

no setor industrial, o hidrogênio<br />

verde é produzido a partir da eletricidade<br />

gerada por fontes de energia renováveis.<br />

Ao longo dos próximos anos, o objetivo é trocar<br />

o hidrogênio produzido a partir de fontes fósseis<br />

pelo hidrogênio verde, que não emite carbono.<br />

O hidrogênio é obtido a partir de água em<br />

um processo chamado eletrólise, que divide as<br />

moléculas e separam o hidrogênio do oxigênio.<br />

Por utilizar fontes energéticas limpas, o processo<br />

se torna sustentável. O hidrogênio verde contribui<br />

para o cumprimento das metas do Acordo de Paris<br />

– tratado internacional sobre mudanças climáticas,<br />

adotado em 2015 por 196 nações, que incentiva<br />

formas e financiamentos que reduzam o impacto<br />

das mudanças climáticas.<br />

Monica Saraiva Panik, diretora de relações<br />

institucionais da ABH2 (Associação Brasileira de<br />

Hidrogênio), explica que a atual demanda por<br />

hidrogênio verde é diretamente ligada às metas de<br />

descarbonização e de mudanças climáticas acordadas<br />

pelos países. Ele substitui a energia de fontes<br />

poluidoras e outros insumos fósseis.<br />

Até o final de 2017, o hidrogênio era visto como<br />

alternativa aos combustíveis tradicionais apenas<br />

pelo setor de transportes. “Com essa tomada de<br />

consciência de que o hidrogênio pode descarbonizar<br />

simultaneamente quase todos os setores<br />

da economia, principalmente indústrias de difícil<br />

descarbonização e também o transporte, o setor de<br />

hidrogênio ganhou muito mais visibilidade e maior<br />

volume de investimentos a nível mundial”, explica<br />

Monica.<br />

LARGA ESCALA<br />

Edmar Almeida, professor da UFRJ (Universidade<br />

Federal do Rio de Janeiro), lembra que o proces-<br />

<strong>54</strong><br />

www.REVISTABIOMAIS.com.br


so de inclusão do hidrogênio verde na produção<br />

começou pelas indústrias que hoje consomem<br />

hidrogênio no seu processo de produção. “Na Europa,<br />

já há muitos projetos em implementação nos<br />

segmentos de refino e químico. Eles estão substituindo<br />

o gás pelo hidrogênio verde”, exemplifica.<br />

O professor conta, que segundo levantamento<br />

da AIE (Agência Internacional de Energia), há mais<br />

de 100 programas em implementação no mundo,<br />

principalmente na Alemanha, na Espanha, nos EUA<br />

(Estados Unidos da América), na China e agora no<br />

Brasil. Segundo ele, a primeira fábrica de hidrogênio<br />

verde no Brasil deverá entrar em funcionamento<br />

no final de 2023. O projeto é da Unigel, que<br />

atua no segmento de fertilizantes e amônia, e será<br />

instalado na Bahia.<br />

Edmar Almeida afirma que o hidrogênio verde<br />

será usado principalmente nos setores de refino de<br />

petróleo, químico, cerâmico e de transportes. Na<br />

Hidrogênio Verde contribui<br />

para o cumprimento das<br />

metas do Acordo de Paris,<br />

Tratado Internacional<br />

Sobre Mudanças<br />

Climáticas, adotado em<br />

2015 por 196 nações


DESCARBONIZAÇÃO<br />

56 www.REVISTABIOMAIS.com.br


ARTIGO<br />

OPORTUNIDADES E DESAFIOS DO USO DE<br />

BIOMASSA COMPACTADA<br />

PARA FINS ENERGÉTICOS<br />

FOTOS DIVULGAÇÃO<br />

ASTROGILDO PIRES BERNARDO<br />

UFT (Universidade Federal do Tocatins)<br />

JUAN CARLOS VALDÉS SERRA<br />

UFT (Universidade Federal do Tocatins)<br />

ÁLISON MOREIRA DA SILVA<br />

ESALQ/USP (Universidade de São Paulo)<br />

FABÍOLA MARTINS DELATORRE<br />

UFES (Universidade Federal do Espírito Santo)<br />

ANANIAS FRANCISCO DIAS JÚNIOR<br />

UFES (Universidade Federal do Espírito Santo)<br />

58 www.REVISTABIOMAIS.com.br


ERESUMO<br />

stima-se que a oferta mássica de biomassa no<br />

Brasil seja de 2898 milhões de toneladas no ano de<br />

2030. Correspondente a grande parte por resíduos,<br />

seja agrícola ou florestal, podem se tornar<br />

uma grande problemática ambiental se gerido de forma<br />

inadequada. Contudo, estes materiais possuem grande<br />

potencial energético, obtido pela combustão direta ou por<br />

tecnologias avançadas de conversão. O presente trabalho<br />

contemplou uma revisão bibliográfica sistemática,<br />

buscando consolidar dados existentes sobre métodos de<br />

aproveitamento de resíduos agrícolas e florestais para a<br />

produção de pellets, além do levantamento do mercado<br />

atual de biomassa adensada no Brasil. Concluiu-se que<br />

os pellets são biocombustíveis renováveis que possuem<br />

bom potencial energético e constituem-se uma crescente<br />

oportunidade de mercado para o Brasil, com expansão<br />

em diferentes aplicações, considerando a possibilidade de<br />

exportação.<br />

Palavras-chave: Biomassa Compactada, Pellets,<br />

Mercado de Biomassa.<br />

INTRODUÇÃO<br />

A energia oriunda da biomassa residual é considerada<br />

umas das principais alternativas para substituir a dependência<br />

dos combustíveis fósseis globalmente. As atividades<br />

voltadas a agricultura e silvicultura representam 27,4%<br />

do PIB (Produto Interno Bruto) no Brasil (CEPEA, 2021).<br />

Também são altamente geradoras de biomassa considerados<br />

resíduos, com potencial risco em causar problemas<br />

ao meio ambiente, se descartado de forma inadequada.<br />

Estes resíduos necessitam ser devidamente gerenciados, a<br />

fim de não promover nenhum impacto e desequilíbrio ambiental<br />

(Moreira, 2019). Lima (2020) estima que nos planos<br />

de manejo florestal sustentável, para cada 1 tonelada de<br />

madeira extraída, são geradas 2,13 toneladas de resíduos<br />

na forma de sapopemas, maravalhas, serragem, restos de<br />

troncos e galhos.<br />

Devido ao baixo custo e pronta disponibilidade os resíduos<br />

podem ser aproveitados, tendo em vista a redução<br />

de custos de produção e impactos ambientais (Costa Filho,<br />

2017).<br />

A quantidade de biomassa produzida no Brasil é<br />

expressiva, devido sua abundância de recursos naturais e<br />

aptidão agrícola e florestal. Considerada uma das fontes de<br />

produção de energia com maior potencial de crescimento<br />

(ANEEL, 2020), a biomassa é apontada como alternativa<br />

para a diversificação da matriz energética mundial. A<br />

agricultura representa 33% do potencial energético da biomassa<br />

no Brasil, grande parte representado pelo bagaço<br />

de cana, enquanto as atividades florestais correspondem<br />

a 65% (Moraes, 2017). Contudo, os resíduos de biomassa<br />

gerados nas atividades agropecuárias e florestais ainda são<br />

subutilizados. Dessa forma, a biomassa produzida necessita<br />

de avaliações mais precisas quanto ao seu potencial de<br />

utilização energético.<br />

Segundo o Centro Nacional de Referência em Biomassa,<br />

é possível classificar a obtenção da energia da biomassa<br />

em duas categorias principais: (i) tradicional, em que é obtida<br />

por meio de combustão direta de madeira, lenha, resíduos<br />

agrícolas, resíduos de animais e urbanos, para cocção,<br />

secagem e produção de carvão; ou (ii) moderna, em que é<br />

obtida por meio de tecnologias avançadas de conversão,<br />

como pirólise de biomassa, geração de eletricidade por<br />

REVISTA + BIOMASSA + ENERGIA<br />

59


ARTIGO<br />

meio do gás de síntese ou na produção de biocombustíveis<br />

sólidos por adensamento (CENBIO, 2020).<br />

O presente trabalho contempla um levantamento das<br />

principais características químicas e energéticas, análise<br />

sobre a demanda mundial, normativas europeias, qualidade<br />

e mercado e produção brasileira dos pellets. com a finalidade<br />

de consolidar dados existentes sobre tecnologias<br />

de processamento de resíduos agrícolas e florestais para<br />

produção de biomassa adensada ou pellets; vislumbrando<br />

um panorama sobre a demanda energética no Brasil e as<br />

principais fontes de energia renovável; demanda mundial<br />

por pellets, exigências das normas internacionais e capacidade<br />

de produção de pellets no Brasil.<br />

MATERIAL E MÉTODO<br />

Este trabalho foi desenvolvido sobre os preceitos do<br />

estudo exploratório, através de uma pesquisa bibliográfica,<br />

por meio de uma abordagem sistêmica. Para obter-se<br />

êxito, utilizou-se para pesquisas: livros, artigos, teses,<br />

dissertações e outros. Foram consultados, também, sites<br />

de empresas e órgãos tais como: EPE (Empresa de Pesquisa<br />

Energética), MME (Ministério de Minas e Energia), ANEEL<br />

(Agência Nacional de Energia Elétrica). As bases utilizadas<br />

como fonte de pesquisa dentro da plataforma Capes<br />

foram: web of Science, Scielo e google acadêmico. As palavras<br />

chaves utilizadas para que a busca obtivesse sucesso<br />

foram: pellets; biomassa adensada; briquetes.<br />

Foi feito levantamento sobre a importância da biomassa<br />

como a principal fonte renovável na Matriz Energética<br />

Brasileira no Site da EPE e a participação das fontes<br />

renováveis na matriz elétrica brasileira junto ao site do<br />

MME; foram abordados trabalhos técnicos sobre o conceito<br />

de pellets e um estudo comparativo das suas principais<br />

características químicas e energéticas; uma análise sobre<br />

a demanda mundial por pellets, as exigências das normas<br />

europeias de qualidade e mercado de pellets e; produção<br />

brasileira de pellets.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Biomassa como principal fonte de energia renovável<br />

no Brasil. Estimativas apontam, que até o ano de 2050,<br />

mais de 90% da população mundial estará vivendo em<br />

países em desenvolvimento. Todavia haverá uma elevada<br />

demanda global por energia e total incentivo na busca por<br />

fontes energéticas alternativas para suprir a demanda (Moraes,<br />

2017). O Brasil, como um dos maiores produtores de<br />

biomassa do mundo, partiu de uma oferta mássica de 558<br />

milhões de toneladas em 2005, tendo uma projeção para<br />

1.402 milhões de toneladas para o ano de 2030 (EPE, 2017).<br />

De acordo com o Atlas da eficiência energética de<br />

2021 (EPE, 2021), a participação de fontes renováveis<br />

na matriz energética brasileira está entre as maiores do<br />

mundo: 45,1% da energia produzida no país vêm de<br />

fontes renováveis de energia (biomassa, hidráulica, lenha,<br />

carvão vegetal e outros), valor três vezes superior à média<br />

mundial, que é de aproximadamente 14%.<br />

O Brasil ficou 15% mais eficiente energeticamente entre<br />

2005 e 2019, com destaque para os setores residencial<br />

e de transportes. A indústria consome um terço de toda<br />

a energia produzida no país para a fabricação de seus<br />

produtos. Até 2017 era o setor que mais consumia energia,<br />

mas foi superado pelo setor de transporte por conta<br />

da crise econômica que abateu o país a partir de 2014.<br />

Eletricidade, bagaço de cana, lenha e carvão vegetal são<br />

as principais fontes de energia da indústria (EPE, 2021).<br />

As principais fontes de energia renovável no Brasil são<br />

biomassas, correspondentes a 34,1% da Oferta Interna de<br />

Energia Elétrica (OIEE) do país, com destaque para a cana-<br />

-de-açúcar (bagaço e etanol) ao qual respondem atualmente<br />

por 16,5% da matriz elétrica (MME, 2021). Contudo,<br />

lenha, carvão vegetal e outras somam 17,6% (EPE, 2021).<br />

O bom desempenho da geração de energia por biomassa<br />

é atribuído ao bagaço de cana, com crescimento<br />

de 3% em 2021 quando comparado ao ano anterior. Ao<br />

todo o Brasil produziu 3.108,6 MW médios, superando o<br />

resultado de 3.007,1 MW médios de 2018. O crescimento<br />

decorre principalmente da ampliação do número de empreendimentos<br />

dedicados à produção de energia a partir<br />

da fonte, sendo 295 usinas contabilizadas em dezembro<br />

ante 274 no mesmo mês do ano passado. A capacidade<br />

instalada também apresentou crescimento, com 13,09<br />

GW aferidos, 2% maior que os 12,82 GW anteriores (MME,<br />

2021).<br />

O principal problema da utilização de resíduos para<br />

geração de energia é a baixa densidade energética. Uma<br />

forma eficaz de solucionar esse problema é a compactação<br />

da biomassa, ou seja, produção de materiais sólidos<br />

densificados, com alta concentração de energia, denominados<br />

pellets ou briquetes (Silva et al., 2015).<br />

BIOMASSA COMPACTADA<br />

O pellet é um biocombustível granulado à base de<br />

biomassa vegetal moída e compactada em alta pressão. O<br />

calor gerado pela fricção na passagem pelos furos da matriz<br />

peletizadora provoca a transformação dos componentes<br />

lignocelulósicos. O resultado é um produto adensado<br />

de alto poder calorífico e boa resistência mecânica (ABIB,<br />

2016).<br />

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Para produzir o pellet, vários tipos de biomassa são<br />

utilizados. Todavia, a principal fonte de matéria-prima vem<br />

da atividade agropecuária e florestal. A transformação de<br />

subprodutos madeireiros possui baixo valor comercial e<br />

produz um biocombustível de excelente qualidade, devido<br />

ao baixo teor de cinza (Wolf; Vidlund; Andersson, 2006).<br />

Depois de recolhida e triturada, a biomassa é transformada<br />

em pó e comprimida para obter a forma final. Assim, de<br />

6 m3 (metros cúbicos) a 8 m3 de serragem ou cavacos de<br />

madeira, depois de secos, processados e comprimidos,<br />

geram 1 m3 de pellets.<br />

Alguns produtores utilizam um agente ligante (binder)<br />

do tipo lignossulfonato. Em contrapartida, têm efeito<br />

negativo no seu valor calorífico e aumentam a emissão<br />

de monóxido de carbono (AHN et al., 2014). Por isso, as<br />

normas limitam o uso desses agentes ao máximo de 2% da<br />

massa total do produto (Tarasov; Shahi; Leitch, 2013). Os<br />

biocombustíveis sólidos são comercializados internacionalmente.<br />

Sua geometria regular e cilíndrica permite ótima<br />

fluidez e facilita a automatização de processos, comerciais<br />

e industriais, de queima do produto. Além disso, é um produto<br />

de fácil manuseio, transporte e ocupa pouco espaço<br />

na armazenagem (Garcia, 2017).<br />

A biomassa desenvolvida para a combustão dos pellets<br />

tem capacidade de redução significativa das emissões de<br />

GEE. Entretanto, devido as fontes de matéria-prima serem<br />

provenientes de resíduos, ainda haverá uma contribuição<br />

significativa na redução do risco de incêndios florestais. A<br />

Tabela 3 (conferir no link ao final da publicação) apresenta<br />

as principais características dos pellets (Camargo et al.,<br />

2017).<br />

POTENCIAL FONTE DE BIOMASSA PARA<br />

PRODUÇÃO DE PELLETS<br />

No Brasil, os principais resíduos energéticos em<br />

potencial para pronto aproveitamento são os gerados no<br />

setor sucroalcooleiro e nas indústrias madeireiras. Algumas<br />

biomassas não têm grande aplicação imediata devido a<br />

custos logísticos de coleta, transformação e pesquisa aplicada<br />

(ABIB, 2016). A principal utilização do bagaço é como


ARTIGO<br />

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AGENDA<br />

MARÇO 2023<br />

EXPOCANAS 2023<br />

Data: 29 a 2 de abril<br />

Local: Nova Alvorada do Sul (MS)<br />

Informações: https://expocanas.com.br/index.php/contato<br />

DESTAQUE<br />

MAIO 2023<br />

E-WORLD<br />

Data: 23 a 25<br />

Local: Essen (Alemanha)<br />

Informações: https://www.e-world-essen.com/en/<br />

JUNHO 2023<br />

ENASE (ENCONTRO NACIONAL DE AGENTES<br />

DO SETOR ELÉTRICO) 2023<br />

Data: 21 a 22<br />

Local: Rio de Janeiro (RJ)<br />

Informações: www.enase.com.br<br />

AGOSTO 2023<br />

FENASUCRO & AGROCANA<br />

Data: 15 a 18 de agosto<br />

Local: Sertãozinho (SP)<br />

Informações: www.fenasucro.com.br<br />

EXPOCANAS<br />

Data: 29 de março a 2 de abril<br />

Local: Nova Alvorada do Sul (MS)<br />

Informações: https://expocanas.com.br/<br />

index.php/contato<br />

Realizada em Nova Alvorada do Sul (MS),<br />

cidade com a segunda maior área de produção de<br />

cana-de-açúcar do Brasil, a Expocanas foi criada<br />

para reunir as maiores empresas e profissionais do<br />

segmento e evidenciar o que há de mais moderno<br />

para o setor, entre insumos, máquinas e equipamentos,<br />

estudos e pesquisas, inovação e tecnologia,<br />

desde o preparo da terra até a colheita. Em sua<br />

primeira edição, a intenção é que a EXPOCANAS se<br />

torne o maior evento do setor em todo o país, com<br />

mais de 58 mil m² (metros quadrados) de extensão.<br />

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OPINIÃO<br />

Foto: divulgação<br />

O QUE ESPERAR DE<br />

RESULTADOS DA COP-27?<br />

N<br />

o último mês, o Egito sediou a COP-27, a<br />

27ª Conferência da ONU (Organização das<br />

Nações Unidas) sobre Mudanças Climáticas,<br />

que teve como tema central as mudanças<br />

climáticas e a agenda 2050. Foi um dos maiores eventos<br />

no pós-pandemia para debater, discutir e propor<br />

ações para a melhoria da qualidade de vida no planeta<br />

e, em especial, o foco central voltado ao clima e à prática<br />

dos países em fazer valer os pactos iniciados neste<br />

milênio, em destaque os ODS (Objetivos do Desenvolvimento<br />

Sustentável).<br />

As principais razões do debate são as mudanças<br />

climáticas, que conforme divulgado este ano pelo<br />

IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças<br />

Climáticas), apresentaram dados que preocupam os<br />

países em relação aos efeitos climáticos no planeta e<br />

às catástrofes ambientais.<br />

Em recentes declarações, a ONU, por meio de<br />

um dos seus órgãos executivos sobre a convenção<br />

do clima, trouxe uma visão preocupante em relação<br />

às emissões, sendo que há um pacto de alcançar a<br />

neutralidade de emissões de carbono até 2050. Para se<br />

atingir a meta ambiciosa de 1,5 grau, é necessário um<br />

maior esforço de todos os países.<br />

O apelo se deve ao fato de que, na última reunião<br />

das grandes economias mundiais, revelou-se que esses<br />

países são responsáveis por 80% das emissões globais<br />

de GEE (gases de efeito estufa). Por isso, segundo<br />

analistas globais, a COP-27 deverá acontecer sob a<br />

ótica de um cenário de pressão, para que se possam<br />

alcançar as metas do Acordo de Paris.<br />

Segundo um importante relatório da The Nature<br />

Conservancy, “o aumento da frequência e intensidade<br />

desses eventos ameaçam a saúde e a segurança de<br />

milhões de pessoas ao redor do mundo, tanto por<br />

impacto direto quanto por consequências das dificuldades<br />

para produção de alimentos e acesso à água<br />

potável.”<br />

A grosso modo, especialistas pontuam que, por<br />

um lado, um grande avanço foi conquistado na COP-<br />

27, com a criação de um fundo de reparação – conhecido<br />

como Perdas e Danos – para países vulneráveis<br />

que não conseguem se adaptar às mudanças no<br />

clima. Mas por outro, temas essenciais no combate ao<br />

aquecimento global foram deixados de lado mais uma<br />

vez no texto final da COP-27, como a eliminação ou<br />

mitigação dos combustíveis fósseis.<br />

Por fim, clima, adaptação e vulnerabilidade, foram<br />

os temas mais debatidos e concorridos da COP-27.<br />

Ainda não há nenhuma certeza de resultados positivos<br />

e pactos globais a partir deste importante evento,<br />

mas o que se debateu anteriormente a isso são os<br />

acordos celebrados para uma agenda positiva 2030 e<br />

2050 nas questões socioambientais.<br />

Por Rodrigo Berté<br />

Ph.D. em Educação e Ciências Ambientais e pró-reitor de graduação do Centro Universitário Internacional Uninter<br />

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