MANUAL DE KARATÉ-DÓ JYOSHINMON
31 KARATÉ PARA INICIADOSPREFÁCIO DA PRIMEIRA EDIÇÃOQuando o movimento desportivo vulgarizava-se na cidade doKuito, no início da década 80, um período que, hoje, olhando um poucopara trás, encorajámo-nos a cognomina-lo de “época de grande euforiadesportivo-juvenil”, precisamente porque a juventude biena, em particular,e a de todo o país, de modo geral, duma forma ou doutra engajava-se,com todo um espirito patriótico, ao movimento popular desportivo.Era um renascimento, em todas as modalidades, com asrealizações de grandes torneios, quer nacionais, quer internacionais, emtodas as idades, sem discriminação de sexo, cujo ponto culminante, semsombras de dúvidas, foi a realização dos II Jogos da Africa Central de1981.Até então, jamais alguém teria imaginado que esta época juvenilpassaria e o movimento iria declinar-se, pois é desde 1982 que adispersão começa a ganhar maior folego quando muitos iam sendoencaminhados para a tropa e para diferentes institutos de ensino médioem todos os cantos de Angola. Claro que o regresso foi cada vez difícil.Se uns morreram, outros desapareceram, existem aqueles que nãoregressando mais para a terra natal, resistiram, obviamente,independentemente de tudo o que servia de factores impeditivos, com assuas opções desportivo-culturais. Aponta-los estes, embora, não tanto, oespaço pode ficar pequeno. Mas, é importante sublinhar aqui, entre eles,o nome de Abel Sicato, de cuja obra, hoje, engrandece o cenário nacionale faz-lhe peculiar mestre.Deixamo-nos de nos ver, no meio de toda esta dispersão,precisamente em 1982, mas 10 anos depois, pela ironia do destinochegaria-nos a informação de como estando nas Lundas, não teria
Abel Sicato 32deixado a modalidade, em tenra idade e muito cedo escolhida. Entretanto,a maior surpresa é quando há um ano apresenta-nos o seu primeiromanual intitulado “Karaté para Iniciados”, uma verdadeira resposta detodo um conjunto de experiências por ele acumuladas ao longo destagrande luta, esta sobrevivência, este heroísmo, esta vontade de partilharo saber, enfim, tudo quanto caracteriza a nossa sacrificada geração.O que seria, hoje, se de facto, cada jovem, sobretudo de geraçãoantes da independência, partilhasse com os demais as suas invulgaresexperiências à semelhança de Abel Sicato?Com este manual “Karaté para Iniciados” de Abel Sicato, na idadeescolar, por nós seus colegas, conhecido por “Adamó” e hoje, o mestredesportista Maó, mais uma invulgar ‘escola’ se inaugura no nosso país.Em abono da verdade, deve-se reconhecer que Angola inteira não seacostumara com obras desta envergadura, senão no mínimo, do que sesabe sobre o Karaté não como desporto, mas como uma arte deagressividade praticada entre delinquentes e bandidos do repertório dosfilmes televisivos, do vídeo e por vezes, raras vezes, de algumas revistasespecializadas cheias de fantasias e excesso de falsidade.Com Abel Sicato, a inaugurar este acervo bibliográfico, estamosnuma outra dimensão; - na dimensão desportivo-pedagógica, onde omestre demonstra claramente o lado educacional e científico duma arteque até então foi vista como nociva. A falta de informações importantescomo estas e o exagero nas suas demonstrações em produtos depropaganda meramente comerciais e, quiçá, a queda de valores, nosúltimos anos que assombra sobretudo a geração pós-independência, étudo mais o que se pode apontar como elementos contribuintes aoconstante desprezo desta tão apaixonante arte.
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deixado a modalidade, em tenra idade e muito cedo escolhida. Entretanto,
a maior surpresa é quando há um ano apresenta-nos o seu primeiro
manual intitulado “Karaté para Iniciados”, uma verdadeira resposta de
todo um conjunto de experiências por ele acumuladas ao longo desta
grande luta, esta sobrevivência, este heroísmo, esta vontade de partilhar
o saber, enfim, tudo quanto caracteriza a nossa sacrificada geração.
O que seria, hoje, se de facto, cada jovem, sobretudo de geração
antes da independência, partilhasse com os demais as suas invulgares
experiências à semelhança de Abel Sicato?
Com este manual “Karaté para Iniciados” de Abel Sicato, na idade
escolar, por nós seus colegas, conhecido por “Adamó” e hoje, o mestre
desportista Maó, mais uma invulgar ‘escola’ se inaugura no nosso país.
Em abono da verdade, deve-se reconhecer que Angola inteira não se
acostumara com obras desta envergadura, senão no mínimo, do que se
sabe sobre o Karaté não como desporto, mas como uma arte de
agressividade praticada entre delinquentes e bandidos do repertório dos
filmes televisivos, do vídeo e por vezes, raras vezes, de algumas revistas
especializadas cheias de fantasias e excesso de falsidade.
Com Abel Sicato, a inaugurar este acervo bibliográfico, estamos
numa outra dimensão; - na dimensão desportivo-pedagógica, onde o
mestre demonstra claramente o lado educacional e científico duma arte
que até então foi vista como nociva. A falta de informações importantes
como estas e o exagero nas suas demonstrações em produtos de
propaganda meramente comerciais e, quiçá, a queda de valores, nos
últimos anos que assombra sobretudo a geração pós-independência, é
tudo mais o que se pode apontar como elementos contribuintes ao
constante desprezo desta tão apaixonante arte.