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E-book - Universidad Nacional de Rosario

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A inserção do Estado Brasileiro no Regime <strong>de</strong> Não-Proliferação <strong>de</strong>Armas Nucleares: uma análise à luz das relações Brasil-Argentinauma postura <strong>de</strong> rivalida<strong>de</strong>. A primeira fase está relacionada com o início do processo. É o momentocrítico, uma vez que implica em superar a inércia da situação anterior, envolvendo uma mudança <strong>de</strong>percepção por ambas as partes. Já a segunda fase está relacionada com o momento seguinte que éo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e consolidação das medidas <strong>de</strong> construção da confiança. A questão-chave nacompreensão da primeira fase refere-se aos motivos que levam os governos a alterarem suas respectivasposturas <strong>de</strong> rivalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sconfiança recíprocas (Oelsner, 2005:11). Nesse sentido, a respostaao nosso questionamento remete à análise da conjunção <strong>de</strong> fatores internos e externos, vivenciadospelos dois países, no fim da década <strong>de</strong> 1970. Por meio <strong>de</strong>ssa análise é possível extrair os fatores queimpulsionaram os governos brasileiro e argentino a iniciar o processo <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> tensões e construçãoda confiança mútua.No que tange aos fatores externos afetos ao Brasil, na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 1970, po<strong>de</strong>mser <strong>de</strong>stacados os seguintes: o relacionamento com os EUA havia se <strong>de</strong>teriorado como conseqüênciada política norte-americana <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dos direitos humanos; e do aumento das restrições ao programanuclear brasileiro, por parte do governo Jimmy Carter. Internamente, a economia brasileira,pautada no processo <strong>de</strong> substituição <strong>de</strong> importações e <strong>de</strong> industrialização acelerada, em gran<strong>de</strong>parte promovida mediante empréstimos estrangeiros, já não crescia nas mesmas taxas do “milagreeconômico”. Estes fatores associados ao processo <strong>de</strong> abertura política em curso <strong>de</strong>ram ímpeto aogoverno brasileiro para reorientar sua política externa com a Argentina, buscando disten<strong>de</strong>r as tensõesentre os dois países. Isso porque os fatores supracitados <strong>de</strong>mandavam atenção prioritária doscírculos <strong>de</strong>cisórios diplomáticos, econômicos e políticos. Assim, a distensão com a Argentina po<strong>de</strong>riaeliminar, ou reduzir, uma fonte <strong>de</strong> problemas diplomáticos, permitindo maior atenção às questõesprementes da economia.Paralelamente, na segunda meta<strong>de</strong> da década <strong>de</strong> 1970, a Argentina vivia um período crítico, <strong>de</strong>correntedo conflito armado interno e da severa repressão política, opondo as suas Forças Armadas eos movimentos armados <strong>de</strong> esquerda, o que caracterizava um contexto on<strong>de</strong> a principal ameaça aoEstado vinha <strong>de</strong> um movimento interno. Externamente, além das pressões norte-americanas quantoà questão dos direitos humanos e ao programa nuclear argentino, ocorria a <strong>de</strong>terioração das relaçõescom o Chile em função da posse <strong>de</strong> algumas ilhas no Canal <strong>de</strong> Beagle. Os dois países estiveramà beira do confronto militar, em 1978, sendo que a questão só foi <strong>de</strong>finitivamente resolvida em1985, com a mediação do Papa João Paulo II. Esse contexto favoreceu a percepção da Junta Militar,que então governava o país, no sentido <strong>de</strong> que a manutenção da relação <strong>de</strong> confronto com o Brasilimplicaria em uma dispersão <strong>de</strong> recursos que não resultaria em uma posição hegemônica sobre a região,haja vista os resultados <strong>de</strong>correntes do processo <strong>de</strong> industrialização brasileiro. Por outro lado,a reaproximação po<strong>de</strong>ria trazer algumas vantagens concretas no que tange ao não direcionamento<strong>de</strong> recursos em corridas armamentistas, nas quais estava incluída a área nuclear (Oelsner, 2005:13).211Essa conjuntura permitiu que os dois governos i<strong>de</strong>ntificassem a distensão como proveitosa, a começarpela questão <strong>de</strong> Itaipu-Corpus. Deste modo, em outubro <strong>de</strong> 1979, os governos da Argentina,Brasil e Paraguai assinaram o Acordo Tripartite (20) que finalizou o contencioso acerca do aproveitamentodos recursos hídricos do rio Paraná. Com esse Acordo, criou-se o ambiente propício para o20- Acordo Tripartite tratou, em linhas gerais, da compatibilização técnica entre os projetos <strong>de</strong> Itaipu e Corpus, otimizando oaproveitamento conjunto do rio Paraná. Para maiores informações acerca do tema, sugere-se a leitura da dissertação <strong>de</strong> mestradoem Ciência Política <strong>de</strong> José Marcos Castellani Fajardo, intitulada Acordo Tripartite Itaipu-Corpus: ponto <strong>de</strong> inflexão entre a disputageopolítica e a política <strong>de</strong> cooperação, disponível em: (Nota do Autor).

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