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E-book - Universidad Nacional de Rosario

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A inserção do Estado Brasileiro no Regime <strong>de</strong> Não-Proliferação <strong>de</strong>Armas Nucleares: uma análise à luz das relações Brasil-ArgentinaEm consonância com esse programa, a segunda usina nuclear, Angra II, foi adquirida da KraftwerkUnion AG (KWU), em 1976. Prevista para entrar em operação em 1983, teve inúmeros atrasos quepostergaram sua operação efetiva para 2000. A Central <strong>de</strong> Angra III, que também foi adquirida naRFA, teve seu cronograma <strong>de</strong> execução congelado no governo do presi<strong>de</strong>nte Fernando Collor <strong>de</strong> Melloe postergado pelos governos Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso (18) (Oliveira, 1998:7).Nesse ponto, é pertinente a comparação entre os pontos <strong>de</strong> tangência dos programas nuclearesbrasileiro e argentino. Nesse sentido, po<strong>de</strong>mos apontar o projeto <strong>de</strong> várias usinas nucleares para aprodução <strong>de</strong> energia elétrica (seis na Argentina e oito no Brasil) e o <strong>de</strong>sdobramento dos respectivosprogramas nucleares em duas vertentes: uma <strong>de</strong> controle civil e outra <strong>de</strong> controle militar. A última,<strong>de</strong>stinada ao domínio da tecnologia <strong>de</strong> enriquecimento <strong>de</strong> urânio, incluindo sua possível aplicaçãobélica. Tanto na Argentina, quanto no Brasil, a vertente militar alcançou progressos significativos.Esse sucesso po<strong>de</strong> ser percebido no domínio da tecnologia do ciclo <strong>de</strong> enriquecimento <strong>de</strong> Urânio,alcançado pelos dois países no início da década <strong>de</strong> 1980 (CERVO, 2008, p. 138).Particularmente no caso do programa nuclear brasileiro, no fim da década <strong>de</strong> 1970, foi iniciado ochamado programa nuclear paralelo, visando o <strong>de</strong>senvolvimento do ciclo completo <strong>de</strong> enriquecimento<strong>de</strong> Urânio e sua eventual aplicação bélica. O programa seria conduzido à margem das salvaguardasda Agência Internacional <strong>de</strong> Energia Atômica e com um eixo <strong>de</strong> pesquisa a cargo <strong>de</strong> cadauma das Forças Armadas. Deste modo, a Marinha, em cooperação com o Instituto <strong>de</strong> PesquisasEnergéticas e Nucleares (IPEN), ficou encarregada <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver a tecnologia <strong>de</strong> enriquecimentoisotópico <strong>de</strong> urânio por meio da ultracentrifugação gasosa. O Exército foi encarregando <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvera tecnologia obtenção <strong>de</strong> Plutônio por meio <strong>de</strong> um reator <strong>de</strong> produção (19) e a Força Aérea tevesob sua responsabilida<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento da tecnologia <strong>de</strong> enriquecimento do urânio por meiodo laser. Posteriormente, dado os resultados alcançados nos projetos <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> cada uma dasForças Armadas, o governo concentrou os recursos no programa conduzido pela Marinha, isto é, o <strong>de</strong>enriquecimento <strong>de</strong> urânio por meio da ultracentrifugação gasosa. A principal instalação <strong>de</strong> pesquisae <strong>de</strong>senvolvimento do programa conduzido pela Marinha encontrava-se no Centro Experimental <strong>de</strong>Aramar (CEA), em Iperó - SP, on<strong>de</strong> foi construído o módulo inicial <strong>de</strong> uma planta <strong>de</strong> enriquecimento<strong>de</strong> Urânio por ultracentrifugação, em escala industrial (Cirincione; Rajkumar; WolfsthAL, 2005:396).Em setembro <strong>de</strong> 1982 foi conduzida, com êxito, a primeira operação <strong>de</strong> enriquecimento empregandoum protótipo <strong>de</strong> ultracentrífuga projetado e construído no Brasil (Pedrosa, 2006:4-5).À luz dos programas a cargo das Forças Armadas, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong>r que o propósito do programanuclear paralelo era o <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da tecnologia para a obtenção <strong>de</strong> material físsil, fosse oPlutônio ou o Urânio enriquecido até o Weapons Gra<strong>de</strong>, ou seja, consi<strong>de</strong>rava-se o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> um artefato nuclear explosivo. Naquele contexto, o avanço do programa nuclear brasileiro causavapreocupações junto aos militares da Argentina, que percebiam que a vantagem existente erapaulatinamente encurtada. Ainda na década <strong>de</strong> 1970, a questão <strong>de</strong> ter ou não armas nucleares apresentava-secomo um dilema, principalmente na esfera militar, dos dois países. Quando a perspectivado domínio completo do ciclo nuclear tornou-se visível a ambos, no fim dos anos 1970, iniciaram-se20918- A construção da Central Nuclear <strong>de</strong> Angra III foi retomada em 2010, <strong>de</strong>vendo ser concluída em cerca <strong>de</strong> cinco anos. Angra IIIterá uma potência elétrica <strong>de</strong> 1.350 MWe, sendo capaz <strong>de</strong> gerar cerca <strong>de</strong> 10,9 milhões <strong>de</strong> MWh por ano - o equivalente a um terçodo consumo do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (Eletronuclear. Angra 3. O empreendimento. ).19- Um reator <strong>de</strong>stinado a produzir Plutônio (Pu239) por meio da irradiação <strong>de</strong> U238 com nêutrons (Cirincione; Rajkumar; Wolfsthal,2005:462).

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