A. J. TORRES et al. 74 Figura 1. Estágios <strong>de</strong> vida e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carrapatos Rhipicephalus Boophilus microplus encontrados nos animais da proprieda<strong>de</strong> 2 (com a presença <strong>de</strong> bovinos) durante o período <strong>de</strong> experimento. Figura 2. Relação do número <strong>de</strong> animais com carrapatos e o número <strong>de</strong> carrapatos encontrados durante o período <strong>de</strong> experimento. Figura 3. Chuvas e umida<strong>de</strong> relativa do ar no período <strong>de</strong> experimento. Rev. Ibero-Latinoam. Parasitol. (2012); 71 (1): 70-77
apatos, 100% apresentaram sorologia positiva para theileriose equina e os que não apresentaram carrapatos, 15 (66,67%) também eram soropositivos. A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> éguas parasitadas e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carrapatos colhidos durante os meses <strong>de</strong> experimento estão na Figura 2. As chuvas no período foram relacionadas com a temperatura média durante o mesmo período, seg<strong>un</strong>do dados do INMET (Instituto Nacional <strong>de</strong> Meteorologia). Foram observados altos índices pluviométricos em Outubro 2007 (170 mm), J<strong>un</strong>ho 2008 (180 mm) e Agosto 2008 (180 mm). As médias da temperatura se mantiveram elevadas nos meses <strong>de</strong> Dezembro 2007, Janeiro 2008, Fevereiro 2008 e Março 2008. As chuvas nos meses <strong>de</strong> experimento e a umida<strong>de</strong> relativa do ar nos dias <strong>de</strong> coleta durante o período foram relacionadas, seg<strong>un</strong>do dados do INMET e estão na Figura 3. DISCUSSÃO Neste estudo foram avaliados os resultados sorológicos <strong>de</strong> theileriose equina, através do método <strong>de</strong> Im<strong>un</strong>ofluorescência Indireta, em 47 equinos, sendo que 21 animais <strong>de</strong>monstraram positivida<strong>de</strong> para T. equi. Os resultados sorológicos positivos para os equinos da raça PSI foram <strong>de</strong> 40%, este resultado assemelha-se ao obtido por Nizoli et al., (2008), que observaram incidência <strong>de</strong> 15,05% para esta enfermida<strong>de</strong> em equinos <strong>de</strong>sta mesma raça e mesma região do estudo. Para os animais da raça Crioula, obteve-se incidência <strong>de</strong> 90,9%, este resultado está diretamente relacionado com a presença dos carrapatos vetores na proprieda<strong>de</strong>, já que em 2008, foi obtido em animais da raça Crioula incidência <strong>de</strong> 55%. As variações <strong>de</strong> prevalência, relacionados <strong>de</strong> acordo com os sistemas <strong>de</strong> criação, já foram <strong>de</strong>scritos por em diferentes regiões do Brasil, caracterizando que os equinos que trabalham e convivem com bovinos apresentaram as maiores prevalências (C<strong>un</strong>ha et al., 1996). Isto po<strong>de</strong> ser explicado pelas altas prevalências encontradas em equinos utilizados no manejo <strong>de</strong> bovinos e manutenção em campos consi<strong>de</strong>rados sujos e carrapateados (Kerber et al., 1999). Os animais positivos para theileriose equina Rev. Ibero-Latinoam. Parasitol. (2012); 71 (1): 70-77 EPIDEMIOLÓGA DA THEILERIOSE EQUINA DO RIO GRANDE DO SUL não <strong>de</strong>monstraram alterações no exame clínico, fato também observado em animais utilizados para o trabalho <strong>de</strong> campo, cronicamente positivos, os quais não apresentaram alterações significativas nos parâmetros clínicos (Torres et al., 2008). Isto po<strong>de</strong> ser explicado pois durante a fase crônica não há alteração significativa entre hematócrito <strong>de</strong> equinos não infectados e portadores <strong>de</strong> T. equi (Hailat et al., 1997). Na comparação entre animais positivos e negativos não se obteve diferença significativa na avaliação <strong>de</strong> hematócrito e número <strong>de</strong> hemácias (P < 0,05). O valor para o hematócrito dos animais positivos para a doença é inferior 12,2% em relação ao valor obtido para os animais negativos. Assim, a queda do hematócrito é um sensível indicador do inicio das alterações patológicas induzidas pelo parasito e que a ocorrência da parasitemia está diretamente relacionada com a queda nos valores do hematócrito. Porém, neste estudo não foram observados casos agudos, não havendo, portanto, oscilação nestes valores De Waal et al., 1988; Kutler et al., 1988). Os resultados do exame clínico realizado nos animais <strong>de</strong>ste estudo não tiveram relação com a infestação <strong>de</strong> carrapatos, com a <strong>de</strong>terminação do hematócrito nem com a sorologia positiva para a doença nos meses em que foram realizados exames <strong>de</strong> alg<strong>un</strong>s parâmetros do hemograma. Isto po<strong>de</strong> ser atribuído a continua estimulação do sistema im<strong>un</strong>e pelos parasitos que persistem no organismo durante a fase crônica da enfermida<strong>de</strong>. Dessa forma, estes valores po<strong>de</strong>m estar relacionados a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adaptação do organismo frente as taxas <strong>de</strong> hematopoiese, hematócrito e hemoglobina circulante. A presença <strong>de</strong> carrapatos nos equinos da proprieda<strong>de</strong> 2 (31,8% das éguas), está relacionada a convivência dos equinos diretamente com os bovinos, hospe<strong>de</strong>iros preferenciais do R. B. microplus. Po<strong>de</strong>-se relacionar a presença <strong>de</strong> carrapatos nesta proprieda<strong>de</strong>, com os campos <strong>de</strong> pastagem naturais, os quais não são roçados com frequência, favorecendo a presença do vetor. A vegetação é f<strong>un</strong>damental no ciclo <strong>de</strong> vida do R. B. microplus, garantindo abrigo a teleóginas, ovos e larvas, protegendo-os da incidência solar direta e mantendo a temperatura e umida<strong>de</strong> relativa favoráveis, <strong>de</strong>sta forma, os campos sujos, com invasoras e arbustos, são excelentes para o carrapato e ocasionam altas 75