Desigualdad Social y Equidad en Salud: Perspectivas Internacionales

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11.07.2015 Views

ao relatar uma associação entre maiores níveis de escolaridade e a ocorrência decesariana, traz à discussão o potencial efeito mediador de uma maior freqüência aopré-natal entre estas mulheres com conseqüente aumento nas chances de decisão poruma cesária eletiva (Freitas, 2000).Ainda que mulheres com pouco acesso aos cuidados de saúde em geral e obstétricos,em particular, possam ser vistas como de baixo risco para intervenções obstétricas,como trabalho de parto induzido e cesárea eletiva, diversos estudos mostramuma relação clara entre más condições socioeconômicas, altas taxas de cesarianae um perfil de alto risco entre as mães e recém-nascidos (Villar et al., 2006; SouzaJunior, Kunkel, Gomes, & Freitas, 2007). No Brasil, taxas de cesariana mais altasentre as mulheres de etnia branca e entre aquelas tendo parto em hospitais privados,ou seja, entre as mulheres potencialmente de menor risco obstétrico (Freitas, Drachler,Leite, & Grassi, 2005), nos remete à hipótese da “equidade inversa”, conformepostulado por Hart (1971). De acordo com este autor, o acesso aos serviços de saúdeestaria disponível primeiro aos indivíduos que deles menos necessitam.No Brasil as altas taxas de cesarianas constituem um problema de saúde pública eapontam para diversas formas de desigualdade social, representadas por taxas maiselevadas em mulheres potencialmente de menor risco obstétrico.A multidimensionalidade e regionalidade da cesariana no Brasil indicam que asintervenções dirigidas ao problema passam necessariamente pelo conhecimento dasparticularidades socioculturais locais. O entendimento das crescentes taxas de cesarianano Brasil a partir de uma perspectiva multifatorial, que leve em conta osdiferentes níveis de influência envolvidos, do individual ao coletivo, e a inter-relaçãoentre variáveis específicas dentre estes, pode ser visto como essencial no entendimentomais amplo do problema. Uma relação direta entre indicadores sociais e a chancede cesariana tem sido relatada por diversos estudos utilizando enfoques metodológicosvariados, tanto no nível individual quanto regional, conforme amplamente documentadoanteriormente. Entretanto, poucos estudos exploraram simultaneamenteos níveis ecológico e individual desse fenômeno, ou sua interação.Os estudos cujos resultados são aqui apresentados tiveram como objetivo comumentender a questão das altas taxas de cesariana sob a perspectiva multifatorial dosdeterminantes sociais, em cinco dimensões principais: 1) Influência das variáveissócio-demográficas de idade, escolaridade, etnia e freqüência ao pré-natal 2) Distribuiçãogeográfica e temporal das taxas de cesariana e sua associação com indicadoressocioeconômicos; 3) Interação entre variáveis sociais, individuais e coletivas,influenciando as taxas de cesariana 4) Fatores associados às diferenças nas taxas decesariana ao comparar os setores público e privado; 5) Desigualdades sociais nascomplicações associadas ao tipo de parto.É válido pensar que fatores socioeconômicos regionais interajam com fatores individuaisda mulher e do recém nascido na determinação das taxas de cesariana. Osresultados dos estudos selecionados ao incorporar hierarquias, contextos e correla-Fontoura, Drachler51

ções no entendimento dos fatores associados às taxas de cesariana, de acordo comdiferentes níveis de influência, apresentam enfoques metodológicos até aqui poucoexplorados. A boa qualidade dos dados do Sistema de nascidos Vivos para SantaCatarina e os resultados obtidos a partir de diferentes enfoques trazem informaçãoessencial relativa a diferenças no perfil do risco individual ao considerar a influênciaconjunta da dimensão coletiva.Os achados buscam subsidiar profissionais gestores e formadores de opinião, comvistas à elaboração de políticas que promovam o uso racional da operação cesariana.A informação é relevante não apenas para o Brasil mas também para a AméricaLatina como um todo, uma vez que muitos dos fatores determinantes são compartilhadospelos países da região.MetodologiaSão apresentados resultados de cinco estudos recentes conduzidos no Brasil. Trêsdestes, conduzidos na Região Sul, cujos resultados já foram divulgados (E1,E2 e E3)e outros dois cujas análises encontra-se ainda em andamento (E4 e E5). Foram selecionadosestudos que incluíssem em seus objetivos a investigação das desigualdadessociais na ocorrência do parto cesáreo. Metodologias destes estudos levaram emconta os diferentes níveis de influência envolvidos, do individual ao coletivo, assimcomo sua inter-relação, aqui entendida como essencial na compreensão mais amplado problema.Estudos selecionados e metodologias utilizadasEstudo E1.Desigualdade social nas taxas de cesariana em primíparas.(Freitas, PF; Drachler, ML; Leite, JCC; Grassi, PR).Estudo com delineamento transversal conduzido no Estado do Rio Grande do Sulutilizou dados do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) com o objetivode investigar o efeito das desigualdades sociais nas taxas de cesariana em primíparas,com gravidez única e parto hospitalar nos anos de 1996, 1998 e 2000. Foramobtidas taxas anuais e das Razões de chance de cesariana (RC) brutas e ajustadaspara escolaridade e idade maternas, etnia/cor da pele e macro-regional de saúde,duração da gestação e número de consultas pré-natal.Estudo E2.Uso de tecnologia no parto: determinantes sociais das taxas de cesariana na Regiãoda Amurel, Santa Catarina(Freitas, PF).52 Desigualdades Sociais nas Taxas de Cesariana no Brasil

ções no <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>to dos fatores associados às taxas de cesariana, de acordo comdifer<strong>en</strong>tes níveis de influência, apres<strong>en</strong>tam <strong>en</strong>foques metodológicos até aqui poucoexplorados. A boa qualidade dos dados do Sistema de nascidos Vivos para SantaCatarina e os resultados obtidos a partir de difer<strong>en</strong>tes <strong>en</strong>foques trazem informaçãoess<strong>en</strong>cial relativa a difer<strong>en</strong>ças no perfil do risco individual ao considerar a influênciaconjunta da dim<strong>en</strong>são coletiva.Os achados buscam subsidiar profissionais gestores e formadores de opinião, comvistas à elaboração de políticas que promovam o uso racional da operação cesariana.A informação é relevante não ap<strong>en</strong>as para o Brasil mas também para a AméricaLatina como um todo, uma vez que muitos dos fatores determinantes são compartilhadospelos países da região.MetodologiaSão apres<strong>en</strong>tados resultados de cinco estudos rec<strong>en</strong>tes conduzidos no Brasil. Trêsdestes, conduzidos na Região Sul, cujos resultados já foram divulgados (E1,E2 e E3)e outros dois cujas análises <strong>en</strong>contra-se ainda em andam<strong>en</strong>to (E4 e E5). Foram selecionadosestudos que incluíssem em seus objetivos a investigação das desigualdadessociais na ocorrência do parto cesáreo. Metodologias destes estudos levaram emconta os difer<strong>en</strong>tes níveis de influência <strong>en</strong>volvidos, do individual ao coletivo, assimcomo sua inter-relação, aqui <strong>en</strong>t<strong>en</strong>dida como ess<strong>en</strong>cial na compre<strong>en</strong>são mais amplado problema.Estudos selecionados e metodologias utilizadasEstudo E1.<strong>Desigualdad</strong>e social nas taxas de cesariana em primíparas.(Freitas, PF; Drachler, ML; Leite, JCC; Grassi, PR).Estudo com delineam<strong>en</strong>to transversal conduzido no Estado do Rio Grande do Sulutilizou dados do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) com o objetivode investigar o efeito das desigualdades sociais nas taxas de cesariana em primíparas,com gravidez única e parto hospitalar nos anos de 1996, 1998 e 2000. Foramobtidas taxas anuais e das Razões de chance de cesariana (RC) brutas e ajustadaspara escolaridade e idade maternas, etnia/cor da pele e macro-regional de saúde,duração da gestação e número de consultas pré-natal.Estudo E2.Uso de tecnologia no parto: determinantes sociais das taxas de cesariana na Regiãoda Amurel, Santa Catarina(Freitas, PF).52 <strong>Desigualdad</strong>es Sociais nas Taxas de Cesariana no Brasil

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