Desigualdad Social y Equidad en Salud: Perspectivas Internacionales
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tência, etc. e chegando a uma caracterização do efeito social do dano, o qual reforçaa própria condição estrutural de classe, onde o baixo patrimônio educativo afetadiretamente a condição sócio-ocupacional e, portanto a condição de classe social.Figura 1.O sentido de buscar uma representação de classe social no exercício das análisespropostas, caracteriza-se como a busca de uma representação orgânica da fragilidadesocial, com objetivo de superar a mera descrição do não-igual para passar a umaproblematização das iniqüidades que não deveriam existir e que, portanto devemser objeto de intervenções que cheguem aos que estão sofrendo essa situação de iniqüidade,já não mais caracterizados de formas dispersas por variáveis colineares maspor um constructo capaz de orientar a necessária transetorialidade da intervençãoorientada a afetar a dimensão estrutural das formas de reprodução da fragilidadesocial.As Medidas de Iniqüidades em Relação ao Justo,Bom e Desejável ou os Padrões de Referenciada Materialidade dos Direitos Humanoscomo Parâmetros para a Medição das Diferenças InjustasTendo explorado no capitulo anterior o uso do constructo classe social vertebradopela inserção sócio–ocupacional, como elemento articulador da identidade dos indivíduose seus coletivos como aqueles que serão objetos de análise de iniqüidadesDe Negri Filho263
ou seja de diferenças sistemáticas e injustas frente a outros padrões de qualidade devida e inclusão social, nos vemos agora frente a tarefa de construir um padrão nãorelativizável do que poderia ser a referência para estabelecer a distancia que separamos indivíduos e seus coletivos em relação ao que seria bom, justo e desejável.Neste caso o desejável deveria buscar uma materialidade dos direitos humanoscomo referencia do mais alto nível de realização dos mesmos segundo o estado deavanço encontrado para este direito na humanidade. Porem este nível de máximoavanço encontra sempre em sua expressão um limite imposto por sua racionalidade– ou seja o bom e justo significam do ponto de vista coletivo não que todos sejammilionários o tenham acesso ao luxo ou ao supérfluo, mas sim a busca dos parâmetrosdo que permite uma existência digna. Neste sentido a busca de que todos tenhamuma renda suficiente para cobrir suas necessidades de alimentação adequada,vestuário, moradia, educação, acesso a cultura, lazer, esportes, transporte e energia,dentre outros requisitos para a vida, expressam uma visão radicalmente distinta doque estamos acostumados a adotar acriticamente, pois se institui desta maneira umabusca de definição material de parâmetros que levem a uma existência sem ameaçasa qualidade de vida. Seria este pensamento uma utopia? Pensemos que o gênio humanosempre encontrou frente aos desafios as formas de superá-los, bastando paraisso romper o impedimento ideológico que não permite ver como desejável o que e’necessário para o bem estar de todos.Por isso me arrisco a dizer que a ruptura da aceitação passiva do que hoje entendemoscomo “possível” para a adoção do imperativo ético do que e’ necessário, nospermite aceitar não só os direitos humanos como parâmetro para pensar o necessáriocomo também nos motiva a definir isto que e’ justo e bom, desejável, poremrazoável no sentido de alicerçado pela razão ética como caminho para a construçãode sua possibilidade política e portanto de sua materialidade.Ao assumir esta possibilidade, a mesma tem um impacto imediato na forma demedir as iniqüidades, pois deixaremos de vê-las como a condição relativa dos indivíduosou coletividades frente a uma determinada condição, por exemplo a condiçãoeducativa segundo etnias ou gêneros – distancia relativa que hoje medimos pelodesempenho comparativo entre o melhor e pior, para começarmos a tomar comoparâmetro de iniqüidade a distancia de cada quem em relação ao padrão que seriabom, digno e assim desejável para todos, passando então a medir apenas de formacomplementar a distancia relativa entre os grupos.Isto significa, por exemplo, interpretar desde um novo olhar o que descreve orelatório da Comissão Brasileira de Determinantes Sociais da Saúde, publicado em2008, que ao descrever o gradiente da mortalidade infantil entre quintis de rendapor região, demonstra que a taxa de mortalidade do pior quintil da região Sul e’equivalente ao desempenho do melhor quintil do Nordeste (Comissão Brasileira deDeterminantes Sociais da Saúde, 2008). Se aplicamos um olhar desde a equidade emrelação ao que seria justo e desejável, devemos medir o desempenho em termos de264 A necessidade de uma educação política para um novo olhar
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ou seja de difer<strong>en</strong>ças sistemáticas e injustas fr<strong>en</strong>te a outros padrões de qualidade devida e inclusão social, nos vemos agora fr<strong>en</strong>te a tarefa de construir um padrão nãorelativizável do que poderia ser a referência para estabelecer a distancia que separamos indivíduos e seus coletivos em relação ao que seria bom, justo e desejável.Neste caso o desejável deveria buscar uma materialidade dos direitos humanoscomo refer<strong>en</strong>cia do mais alto nível de realização dos mesmos segundo o estado deavanço <strong>en</strong>contrado para este direito na humanidade. Porem este nível de máximoavanço <strong>en</strong>contra sempre em sua expressão um limite imposto por sua racionalidade– ou seja o bom e justo significam do ponto de vista coletivo não que todos sejammilionários o t<strong>en</strong>ham acesso ao luxo ou ao supérfluo, mas sim a busca dos parâmetrosdo que permite uma existência digna. Neste s<strong>en</strong>tido a busca de que todos t<strong>en</strong>hamuma r<strong>en</strong>da sufici<strong>en</strong>te para cobrir suas necessidades de alim<strong>en</strong>tação adequada,vestuário, moradia, educação, acesso a cultura, lazer, esportes, transporte e <strong>en</strong>ergia,d<strong>en</strong>tre outros requisitos para a vida, expressam uma visão radicalm<strong>en</strong>te distinta doque estamos acostumados a adotar acriticam<strong>en</strong>te, pois se institui desta maneira umabusca de definição material de parâmetros que levem a uma existência sem ameaçasa qualidade de vida. Seria este p<strong>en</strong>sam<strong>en</strong>to uma utopia? P<strong>en</strong>semos que o gênio humanosempre <strong>en</strong>controu fr<strong>en</strong>te aos desafios as formas de superá-los, bastando paraisso romper o impedim<strong>en</strong>to ideológico que não permite ver como desejável o que e’necessário para o bem estar de todos.Por isso me arrisco a dizer que a ruptura da aceitação passiva do que hoje <strong>en</strong>t<strong>en</strong>demoscomo “possível” para a adoção do imperativo ético do que e’ necessário, nospermite aceitar não só os direitos humanos como parâmetro para p<strong>en</strong>sar o necessáriocomo também nos motiva a definir isto que e’ justo e bom, desejável, poremrazoável no s<strong>en</strong>tido de alicerçado pela razão ética como caminho para a construçãode sua possibilidade política e portanto de sua materialidade.Ao assumir esta possibilidade, a mesma tem um impacto imediato na forma demedir as iniqüidades, pois deixaremos de vê-las como a condição relativa dos indivíduosou coletividades fr<strong>en</strong>te a uma determinada condição, por exemplo a condiçãoeducativa segundo etnias ou gêneros – distancia relativa que hoje medimos pelodesemp<strong>en</strong>ho comparativo <strong>en</strong>tre o melhor e pior, para começarmos a tomar comoparâmetro de iniqüidade a distancia de cada quem em relação ao padrão que seriabom, digno e assim desejável para todos, passando <strong>en</strong>tão a medir ap<strong>en</strong>as de formacomplem<strong>en</strong>tar a distancia relativa <strong>en</strong>tre os grupos.Isto significa, por exemplo, interpretar desde um novo olhar o que descreve orelatório da Comissão Brasileira de Determinantes Sociais da Saúde, publicado em2008, que ao descrever o gradi<strong>en</strong>te da mortalidade infantil <strong>en</strong>tre quintis de r<strong>en</strong>dapor região, demonstra que a taxa de mortalidade do pior quintil da região Sul e’equival<strong>en</strong>te ao desemp<strong>en</strong>ho do melhor quintil do Nordeste (Comissão Brasileira deDeterminantes Sociais da Saúde, 2008). Se aplicamos um olhar desde a equidade emrelação ao que seria justo e desejável, devemos medir o desemp<strong>en</strong>ho em termos de264 A necessidade de uma educação política para um novo olhar