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La teología de la liberación en prospectiva - Noticias más vistas

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amando no vazio ou, pelo m<strong>en</strong>os, quer<strong>en</strong>do amar, ainda que seja comuma parte infinitesimal <strong>de</strong><strong>la</strong> mesma. Então, um dia, Deus virá a e<strong>la</strong> e mostrar-lhe-áa beleza do mundo” 16 .Simone Weil também faz esta experiência do c<strong>en</strong>turião:É na <strong>de</strong>sgraça mesma, em meio <strong>de</strong> uma amargura inconsolável, que resp<strong>la</strong>n<strong>de</strong>cecompletam<strong>en</strong>te o amor <strong>de</strong> Deus. Se a alma cai perseverandono amor, até o ponto em que não po<strong>de</strong> reter mais o grito ‘Deus meu, porque me abandonaste’, se permanece nesse ponto sem cessar <strong>de</strong> amar,acaba tocando algo que não é mais a <strong>de</strong>sgraça, que não é a alegria, queé a essência c<strong>en</strong>tral, ess<strong>en</strong>cial, pura, não s<strong>en</strong>sível, comum à alegria e aosofrim<strong>en</strong>to, que é o amor mesmo <strong>de</strong> Deus 17 .Nessa pres<strong>en</strong>ça na ausência, há algo da dim<strong>en</strong>são da separação, da interiorida<strong>de</strong>,do segredo ou, o que quer que seja, que escapa à minha compre<strong>en</strong>são18 . Algo que exce<strong>de</strong> os limites <strong>de</strong> meu conhecim<strong>en</strong>to, algo que<strong>de</strong>manda reconhecim<strong>en</strong>to. É outrem quem “se reve<strong>la</strong> a mim e me reve<strong>la</strong>”,interromp<strong>en</strong>do meu monólogo com o ser. Essa dim<strong>en</strong>são da separação, dosegredo, do mistério que “me escapa”.nExperiência mística <strong>de</strong> Simone Weil à ética lévinasianaSegundo Lévinas, uma re<strong>la</strong>ção ética converge para a direção com a qualme <strong>de</strong>paro diante do outro e guardo a minha distância, porque a distânciaimplica respeito, mas também admite proximida<strong>de</strong> —para cuidar dooutro. Ao <strong>de</strong>parar-me com o outro, anteriorm<strong>en</strong>te a re<strong>la</strong>ção, ele se diz eeu escuto a pa<strong>la</strong>vra que emana <strong>de</strong> seu rosto. Pois a força está na nu<strong>de</strong>z dorosto: não matarás 19 . Encontrar com o rosto é <strong>en</strong>contrar com aquele quese faz forte, mas ao mesmo tempo é fraco. A re<strong>la</strong>ção se dá no dar-se e noretirar-se. O que se retira do domínio é forte em sua fraqueza. Sou eu, apartir <strong>de</strong>ste mom<strong>en</strong>to, quem garante a “vida” do outro. Torno-me “guardião”,mas não por <strong>de</strong>cisão assim “autônoma” minha e sim porque o outroconstituiu para isto porque é anterior ao meu “ser” 20 .A separação é essa condição da alterida<strong>de</strong>. Porque há separação <strong>en</strong>ão uma simbiose, há mistério, pois acessar o outro seria reduzi-lo ao16 Ibi<strong>de</strong>m, p. 84.17 Ibi<strong>de</strong>m, p. 58.18 Emmanuel Lévinas, Ética e infinito: diálogos com Philippe Nemo, Lisboa: Edições 70, 1988,p. 60.19 Emmanuel Lévinas, Entre nós: <strong>en</strong>saio sobre a alterida<strong>de</strong>. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 15.20 Ibi<strong>de</strong>m, p. 35.522 x Andreia Cristina Serrato

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