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La teología de la liberación en prospectiva - Noticias más vistas

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A experiência mística <strong>de</strong> Simone WeilNeste último ponto, <strong>la</strong>nçarei sinais da experiência mística que se manifestana ausência e, assim re<strong>la</strong>cionar a experiência mística <strong>de</strong> Simone Weil àética lévinasiana.nExperiência mística na ausênciaPara apres<strong>en</strong>tar a ausência ou a dim<strong>en</strong>são do respeito à separação tãopres<strong>en</strong>te na mística, citamos o reconhecim<strong>en</strong>to do c<strong>en</strong>turião diante <strong>de</strong>Jesus. Trata-se <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>c<strong>la</strong>ração <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque, pois todo o Evangelho seori<strong>en</strong>ta para a culminação expressa nesta confissão do c<strong>en</strong>turião: “Verda<strong>de</strong>iram<strong>en</strong>te,este é o Filho <strong>de</strong> Deus” (Mc 15,39). Trata-se <strong>de</strong> um pagão, queO reconhece não no mom<strong>en</strong>to <strong>de</strong> um mi<strong>la</strong>gre, mas no mom<strong>en</strong>to em queo vê morrer. A confissão do c<strong>en</strong>turião se abre diante <strong>de</strong> uma exc<strong>la</strong>mação<strong>de</strong> surpresa e maravilham<strong>en</strong>to e, ao mesmo tempo, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> segurançadiante do “nada”: um homem morr<strong>en</strong>do crucificado. A <strong>de</strong>c<strong>la</strong>ração doc<strong>en</strong>turião exprime sem dúvida, uma gran<strong>de</strong> estupefação diante da maneiracomo morre o crucificado: Ele assumiu sua morte dignam<strong>en</strong>te, sem revoltacontra ninguém —o que não exclui as dúvidas e os questionam<strong>en</strong>tos quepossa ter s<strong>en</strong>tido.Neste mom<strong>en</strong>to, para que o c<strong>en</strong>turião reconheça Jesus, ele percebea <strong>en</strong>trega <strong>de</strong> Jesus diante do “vazio”. Acabou-se a certeza, irrompeu a fé,e a dim<strong>en</strong>são da <strong>en</strong>trega em um mom<strong>en</strong>to <strong>de</strong> apar<strong>en</strong>te abandono: “Pai,em tuas mãos <strong>en</strong>trego meu espírito” (Lc 23, 46). Um homem diante <strong>de</strong> tal<strong>en</strong>trega reconhece o filho <strong>de</strong> Deus. Cristo na cruz s<strong>en</strong>te a ausência do Pai,s<strong>en</strong>te o “abandono” 13 .Nesta ausência 14 , Deus se torna distante por um tempo, e durante a“ausência não há nada a amar” 15 . Simone Weil experim<strong>en</strong>tou isto: o terrívelé que, se durante a ausência, a alma <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> amar, a ausência <strong>de</strong>Deus po<strong>de</strong> se tornar <strong>de</strong>finitiva. Assim “é necessário que a alma continue13 Po<strong>de</strong>ria fazer alusão ainda a parábo<strong>la</strong> do Filho pródigo (Lc 15, 11-32). Quando s<strong>en</strong>te o <strong>de</strong>sejo<strong>de</strong> retornar para casa do Pai, não sabe o que <strong>en</strong>contrará. Contudo, a confiança o move. Eo Pai? Não sabe se o filho retornará, mas contemp<strong>la</strong> o horizonte, o “vazio”, na confiança <strong>de</strong>que o Filho chegará. Nesta parábo<strong>la</strong> acontece a confiança, a <strong>en</strong>trega na ausência.14 Simone expressa essa ausência afirmando que a <strong>de</strong>sgraça (malheur) é o que mantém Deusaus<strong>en</strong>te. A pa<strong>la</strong>vra é uma forma <strong>de</strong> dizer o mal <strong>en</strong>quanto pecado e <strong>en</strong>quanto <strong>de</strong>sgraça. Cf.Att<strong>en</strong>te <strong>de</strong> Dieu: Para Simone no domínio do sofrim<strong>en</strong>to a <strong>de</strong>sgraça é escravidão: “a <strong>de</strong>sgraçaé um <strong>de</strong>sarraigam<strong>en</strong>to da vida, um mais ou m<strong>en</strong>os at<strong>en</strong>uado equival<strong>en</strong>te da morte, levadoirrestivelm<strong>en</strong>te a estar pres<strong>en</strong>te na alma pelo alcance ou o receio imediato da dor física”, pp.81-82. É “a <strong>de</strong>gradação social” que produz o s<strong>en</strong>tim<strong>en</strong>to <strong>de</strong> ser abandonado por Deus, p. 97.15 Simone Weil, Att<strong>en</strong>te <strong>de</strong> Dieu, ob. cit., p. 84.Congreso Contin<strong>en</strong>tal <strong>de</strong> Teología x 521

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