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La teología de la liberación en prospectiva - Noticias más vistas

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<strong>de</strong> nós nesse “odre novo” traz também um “vinho novo” 9 , que caracterizaa midiatização digital (suas formas características <strong>de</strong> ser, p<strong>en</strong>sar, agir etc.na era digital). Junto com o <strong>de</strong>s<strong>en</strong>volvim<strong>en</strong>to <strong>de</strong> um novo meio, como a internet,vai nasc<strong>en</strong>do também um novo ser humano e, por conseguinte, umnovo sagrado e uma nova religião, por meio <strong>de</strong> algumas microalterações.Por um <strong>la</strong>do, temporalm<strong>en</strong>te, os tempos e períodos tradicionais davida litúrgica da Igreja mudam fortem<strong>en</strong>te na internet. Agora, um ritualreligioso po<strong>de</strong> ser feito a qualquer hora do dia e em qualquer lugar, in<strong>de</strong>p<strong>en</strong><strong>de</strong>ntem<strong>en</strong>tedos horários e da localização dos <strong>de</strong>mais membros dacomunida<strong>de</strong> religiosa. O sistema se <strong>en</strong>carrega <strong>de</strong> mediar essa interação.Os processos l<strong>en</strong>tos e vagarosos da ascese espiritual (os “séculos dos séculos”,“até que a morte os separe”) vão s<strong>en</strong>do agora substituídos pe<strong>la</strong> lógicada velocida<strong>de</strong> absoluta. Passamos assim a viver a fé na expectativa <strong>de</strong>onitemporalida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> imediaticida<strong>de</strong> (tudo <strong>de</strong>ve estar disponível agora,já) (cf. Brasher, 2004).Por outro <strong>la</strong>do, há um <strong>de</strong>slocam<strong>en</strong>to espacial da experiência religiosa:a celebração feita do outro <strong>la</strong>do do mundo po<strong>de</strong> ser agora assistida pelofiel em seu quarto – e é ele quem <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> quando vai começar, ao clicar nop<strong>la</strong>y. Assim, instaura-se uma nova forma <strong>de</strong> pres<strong>en</strong>ça: uma “telepres<strong>en</strong>ça”,como indica Manovich (2000), possibilitada pe<strong>la</strong> produção <strong>de</strong> pres<strong>en</strong>ça<strong>en</strong>carnada nas repres<strong>en</strong>tações e simu<strong>la</strong>ções <strong>de</strong> sagrado disponíveis no sistemacatólico online. Mas a essência <strong>de</strong>ssa nova modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pres<strong>en</strong>çaé a não pres<strong>en</strong>ça, a “antipres<strong>en</strong>ça”. Não é necessário que o fiel esteja láfisicam<strong>en</strong>te para estar lá digitalm<strong>en</strong>te.Além disso, a fé digital traz consigo uma materialida<strong>de</strong> totalm<strong>en</strong>teprópria: numérica, <strong>de</strong> dígitos que po<strong>de</strong>m ser alterados, <strong>de</strong>letados, recombinados<strong>de</strong> acordo com a vonta<strong>de</strong> do sistema e/ou do fiel, embora comresquícios <strong>de</strong> uma religiosida<strong>de</strong> pré-midiática (como o uso <strong>de</strong> “ve<strong>la</strong>s”, porexemplo). Hoje, acresc<strong>en</strong>tam-se novas camadas intermediatórias <strong>en</strong>tre fiele Deus, agora tecnocomunicacionais. Porém, tudo isso, po<strong>de</strong> passar <strong>de</strong>spercebidopelo fiel, reforçando a transparência da técnica: a s<strong>en</strong>sação <strong>de</strong>sagrado construída pelo sistema promove (ou reforça) a cr<strong>en</strong>ça <strong>de</strong> que ofiel está diante <strong>de</strong> (e ap<strong>en</strong>as <strong>de</strong>) Deus, sem at<strong>en</strong>tar para todas as processualida<strong>de</strong>se lógicas da técnica comunicacional.Discursivam<strong>en</strong>te, o fiel constrói s<strong>en</strong>tido religioso por meio <strong>de</strong> narrativasfluidas e hipertextuais, marcadas por uma constante transformação.9 Fazemos, aqui, referência ao trecho evangélico <strong>de</strong> Mateus 9, 17, que diz: “Não se põe vinhonovo em odres velhos, s<strong>en</strong>ão os odres se arreb<strong>en</strong>tam, o vinho se <strong>de</strong>rrama e os odres se per<strong>de</strong>m.Mas vinho novo se põe em odres novos, e assim os dois se conservam”.242 x Moisés Sbar<strong>de</strong>lotto

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