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La teología de la liberación en prospectiva - Noticias más vistas

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mundo religioso e a conversa cotidiana confirmava que este é um universo<strong>en</strong>cantado que escon<strong>de</strong> e reve<strong>la</strong> um po<strong>de</strong>r espiritual. A exigência <strong>de</strong> ums<strong>en</strong>tido para a vida trazia às religiões certa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e lhes dava vida.(Alves, 2008: 9). Consequ<strong>en</strong>tem<strong>en</strong>te, durante muitos séculos a religião estev<strong>en</strong>a vida cotidiana e no c<strong>en</strong>tro da existência humana. Frequ<strong>en</strong>tar umaigreja era quase condição obrigatória. Os sinais religiosos ditavam o ritmodo tempo. As festas religiosas regu<strong>la</strong>vam os ciclos da vida dos indivíduos eda coletivida<strong>de</strong> (Cf. Hervieu-Léger, 2008: 15). O ano estava <strong>de</strong>terminadopelos tempos litúrgicos, com suas festivida<strong>de</strong>s e comemorações sagradas,o dia obe<strong>de</strong>cia ao ritmo marcado pe<strong>la</strong>s sucessivas horas sagradas, o toquedo “Angelus”, o chamado à missa, ao rosário, ao serviço religioso.Enfim, o relógio paroquial insta<strong>la</strong>do na torre da Igreja, com seus toques,era o indicar do tempo sagrado e profano (Cf. Mardones, 1996: 144). Omundo religioso era um mundo <strong>en</strong>cantado. Apesar <strong>de</strong> o <strong>en</strong>canto ter sidoquebrado, a religião não <strong>de</strong>sapareceu. Porém, houve um processo <strong>de</strong> mudançachamado <strong>de</strong> secu<strong>la</strong>rização, na qual as pessoas abandonaram asinstituições religiosas, ou estas não foram mais referência religiosa, consequ<strong>en</strong>tem<strong>en</strong>teos indivíduos apres<strong>en</strong>taram difer<strong>en</strong>tes atitu<strong>de</strong>s e re<strong>la</strong>çõescom o transc<strong>en</strong><strong>de</strong>nte, com a idéia <strong>de</strong> Deus. As cr<strong>en</strong>ças passaram há nãoser mais herdadas e transmitidas <strong>de</strong> uma geração para outra. Em muitoscasos a religião como instituição <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> dar aos indivíduos e grupos oconjunto <strong>de</strong> referências, normas, valores e símbolos que <strong>de</strong>ram s<strong>en</strong>tido àvida e a existência.Se por um <strong>la</strong>do houve uma re-significação religiosa na cida<strong>de</strong>, por outro<strong>la</strong>do houve um afastam<strong>en</strong>to, acreditamos que essa mudança é fruto dasecu<strong>la</strong>rização, 9 embora o conceito nascesse no contexto europeu, emboraquando se fa<strong>la</strong> da religião refere-se mais à tradição judaico-cristã. ParaStefano Martelli (1995: 275), o termo <strong>de</strong>signa os processos <strong>de</strong> <strong>la</strong>icização,a autonomia em re<strong>la</strong>ção à esfera religiosa, que surgiram no Oci<strong>de</strong>nte apartir da dissolução do feudalismo, 10 Porém, não há unanimida<strong>de</strong> sobre9 A religião <strong>de</strong>ntro da secu<strong>la</strong>rização <strong>de</strong>ve ser p<strong>en</strong>sada em três níveis: institucional, cognitivoe <strong>de</strong> comportam<strong>en</strong>to. Em termos institucionais repres<strong>en</strong>tou a substituição no amplo campo<strong>de</strong> difer<strong>en</strong>tes funções, da instituição religiosa para instituições autônomas. Em termos cognitivos,secu<strong>la</strong>rização significou o processo <strong>de</strong> racionalização das explicações da realida<strong>de</strong>.E por fim, em termos <strong>de</strong> comportam<strong>en</strong>to, significou a privatização da própria experiênciareligiosa. Não há extinção da religião, mas seu <strong>de</strong>slocam<strong>en</strong>to para a esfera do sujeito (Guerriero,2004: 168).10 Nas décadas <strong>de</strong> 1960 e 1970, em âmbito internacional, o que também repercutiu no Brasil,o <strong>de</strong>s<strong>en</strong>cantam<strong>en</strong>to e a secu<strong>la</strong>rização emergiram <strong>de</strong> forma contun<strong>de</strong>nte: fa<strong>la</strong>va-se no exíliodo sagrado (para o refúgio <strong>de</strong> grupos comunitários), em “religião invisível” e em “Eclipse dosagrado”. Vivia-se o período da “crise das instituições religiosas produtoras <strong>de</strong> s<strong>en</strong>tido”, dasigrejas vazias, da crise <strong>de</strong> vocações religiosas para o sacerdócio, da perda da influência dasCongreso Contin<strong>en</strong>tal <strong>de</strong> Teología x 123

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