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La teología de la liberación en prospectiva - Noticias más vistas

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P<strong>en</strong>sar a teologia como herm<strong>en</strong>êutica não significa se tornar adogmáticoe, muito m<strong>en</strong>os, a-tradicional 10 . Significa, sobretudo, tomar a sérioa historicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> toda a verda<strong>de</strong>, mesmo que seja a verda<strong>de</strong> reve<strong>la</strong>da,como também a historicida<strong>de</strong> do ser humano <strong>en</strong>quanto sujeito interpretante,cujo ato <strong>de</strong> conhecim<strong>en</strong>to é inseparável <strong>de</strong> uma interpretação <strong>de</strong>si mesmo e do mundo. A interpretação é a exigência necessária da fé, àmedida que o objeto da fé não é verda<strong>de</strong> morta, mas verda<strong>de</strong> viva, sempretransmitida numa mediação histórica, e que tem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser atualizadaconstantem<strong>en</strong>te <strong>de</strong> forma criativa.Uma teologia que se quer herm<strong>en</strong>êutica tem como exigência o estaraberto à opinião do outro, isto é, do texto. O fazer teológico herm<strong>en</strong>êuticotem que se mostrar receptivo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o princípio, para a alterida<strong>de</strong> dotexto. Isso não pressupõe neutralida<strong>de</strong> com re<strong>la</strong>ção ao “mundo do texto”,nem tampouco auto-anu<strong>la</strong>ção, mas inclui a apropriação das própriasopiniões prévias e preconceitos. O que importa é dar-se conta da historicida<strong>de</strong>do sujeito, para que o texto possa se apres<strong>en</strong>tar em sua alterida<strong>de</strong>.“Trata-se <strong>de</strong> proce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> tal modo que a reve<strong>la</strong>ção compre<strong>en</strong>didacomo Pa<strong>la</strong>vra <strong>de</strong> Deus seja um ev<strong>en</strong>to sempre atual” (Geffré, 2004: 42).A interpretação, portanto, diz respeito à experiência em duas vert<strong>en</strong>tes:a do texto que <strong>de</strong>ve ser interpretado e a do intérprete ou comunida<strong>de</strong>que interpreta.Insistimos que o próprio cristianismo é, do início ao fim, empre<strong>en</strong>dim<strong>en</strong>toherm<strong>en</strong>êutico. Nasceu como testemunho, como interpretação <strong>de</strong>uma experiência fundante e se fez Escritura e Tradição que nos acompanhamaté os dias atuais. A teologia herm<strong>en</strong>êutica do s<strong>en</strong>tido evocaum movim<strong>en</strong>to do fazer teológico que, colocando em re<strong>la</strong>ção viva opassado e o pres<strong>en</strong>te, possibilita uma interpretação sempre nova do cristianismopara hoje. Uma teologia herm<strong>en</strong>êutica do s<strong>en</strong>tido talvez possaser consi<strong>de</strong>rada um risco, conforme o título original da obra <strong>de</strong> Geffré,porque po<strong>de</strong> expor o cristianismo ap<strong>en</strong>as à interpretação, “mas, se a preocupaçãocom uma interpretação criativa nos expõe ao risco do arbítrio,a obsessão com a luci<strong>de</strong>z não nos expõe ao risco do reducionismo?”(Geffré, 1989: 9).10 Os dois termos não significam a mesma coisa: “tradicional” não necessariam<strong>en</strong>te é “dogmático”.Os próprios dogmas po<strong>de</strong>m receber uma releitura contextualizadora, a partir <strong>de</strong>novas perspectivas. Obra significativa, neste s<strong>en</strong>tido, é O dogma que liberta, <strong>de</strong> Juan LuisSegundo.104 x Fábio César Junges

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