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impossibilia-8-octubre-2014

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ixamente marcadas na escrita destinada a crianças e jovens, propondo o uso do discurso indireto, frasesmais longas e vocabulário que supera o pré-concebido domínio cognitivo em português padrão do leitorprincipiante, como se fez notar. O exemplo visto leva ao questionamento das restrições de linguagematribuídas ao campo e em que medida eses limites coninariam o gênero e o reduziriam a umasubliteratura, considerada de menor qualidade. Para Saldanha (2005), obras que se restringem a seguir asconvenções limitadoras do que seria literatura infantojuvenil acabam por não se conigurar como literatura,independentemente do destinatário, e apresentam um material literário que não estabelece com o leitor umdiálogo interpretativo.As obras escolhidas para a análise podem ser consideradas infantojuvenis se vistas sob um prismamais amplo do conceito de literatura para crianças e jovens. Tanto A chuva pasmada, de Mia Couto, comoA guera dos fazedores de chuva com os caçadores de nuvens, de Luandino Vieira, não se prenderiam a formatosrígidos de linguagem ou de faixa etária para produzir um texto destinado ou editado para pequenos leitores.A utilização de expresões como ‘chuveirar’, ‘tesourar’, ‘viravoltear’, ‘muene’, ‘tabucar’, ‘porinhadas’ e oestilo empregado pelos autores levam à discusão sobre o que seria a literatura infantojuvenil, seconsolidando esta previamente como fenômeno artístico.Para Coelho, “literatura infantil é antes de tudo literatura; ou melhor, é arte: fenômeno decriatividade que representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra” (2000: 27). Percebe-se que asobras para crianças e jovens precisam ser entendidas de início como literatura para depois seremcategorizadas em gêneros já não tão ixos, como observamos nos livros de Mia Couto e Luandino Vieira.O trabalho simbólico desenvolvido por ambos os autores pode ser uma das pistas para suaclasicação mais aberta de livro infantojuvenil: “no meu pensamento, já cardumes atravesavam as nuvens,rebrilhando entre a sarapintada claridade. E cheguei mesmo a escutar o bater de barbatanas, o ar asobiandoentre as coloridas escamas dos peixes” (Couto, 2004: 24). A carga onírica do trecho pode indicar que ele sejaconsiderado literatura para crianças, segundo a deinição elucidativa de Góes: “Literatura Infantil élinguagem caregada de signicados até o máximo grau posível e dirigida ou não às crianças, mas queresponda às exigências que lhes são próprias” (Góes, 2010: 27). A deinição de Góes pode ser aplicada aoconceito de literatura em geral, evidenciando que ambas devem primar pelos mesmos princípios. Asexigências entendidas pela estudiosa podem ser comprendidas como necesidades do proceso dedesenvolvimento da criança, mas sem que esa especicidade se torne uma bareira intransponível.Outro ponto que A chuva pasmada questiona sobre o que seria a literatura para crianças e jovens dizrespeito à morte e outros temas tidos como desadequados para crianças:Zuza, Júlia. “O fenômeno crosover fiction e as obras editadas para crianças e jovens de Mia Couto e Luandino Vieira: uma discusão sobre opúblico leitor”. Imposibilia Nº8, Págs. 86-103 (Octubre <strong>2014</strong>) Artículo recibido el 05/08/<strong>2014</strong> – Aceptado el 11/09/<strong>2014</strong> – Publicado el 30/10/<strong>2014</strong>.95

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