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impossibilia-8-octubre-2014

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nas obras destinadas para o público infantojuvenil foram postas em xeque, tanto em função do novopanorama pós-moderno, em que há uma relexão maior sobre conceitos e ideias, como também aimportância que esa literatura alcançou no mercado editorial. Um dos principais fatores que contribuírampara ese panorama seria o fenômeno da crosover fiction, capaz de desestabilizar categorias ixas de leitores eserá analisado em breve. Para o corpus do trabalho foram escolhidas duas obras: A chuva pasmada (2004), domoçambicano Mia Couto, e A guera dos fazedores de chuva com os caçadores de nuvens (2006), do angolanoLuandino Vieira.A chuva pasmada, de Mia Couto, trata da chuva que icou presa entre céu e tera em uma pequenavila e retrata como a família do narador lida com a circunstância. A água realiza na história um pano defundo para a discusão de questões profundas, como o papel desempenhado pela tradição, percebido naigura da avó morta do protagonista que se mantém viva na história ou a presença de lendas e mitos nanarativa. Outro ponto que o livro toca pela via da chuva/água/rio são os problemas sociais e econômicosdaquele povoado, pois a fábrica gerenciada pelos brancos apenas gera pobreza e opresão na comunidade.Ficam evidenciados ritos de pasagem com o nascimento de um novo rio na vila, metaforizando o (re)nascimento da nação e a relexão sobre a identidade moçambicana, sempre levando em consideração ainfância do protagonista e como ele se relaciona com os temas citados.A guera dos fazedores de chuva com os caçadores de nuvens: guera para crianças nara a luta travadaentre os fazedores de chuva, representados pelos angolanos colonizados e os caçadores de nuvensrepresentados pelos portugueses colonizadores. A história é contada em tópicos, descrevendo, quadro aquadro, a batalha que evidencia importantes asuntos, como o antagonismo de força entre os oponentes, aguera da linguagem que denuncia a opresão sofrida pelos colonizados, a revisitação de narativas oraistradicionais de Angola e o comportamento não usual das crianças diante dese cenário, capaz de questionaros desdobramentos e marcas da luta. A água também serve de simbologia para a guera de independênciaangolana até seu desfecho, culminando com a morte de um antigo rio e as consequências advindas, em queos conceitos de nação, identidade e pertencimento são repensados.A investigação procurará aprofundar a questão da faixa etária a que se destinam os livros paracrianças e jovens escritos por Mia Couto e Luandino Vieira, obras capazes de gerar um debate sobre asclasicações das obras como infantojuvenis e em geral sobre a segmentação do público leitor.BREVE DISCUSSÃO SOBRE O CONCEITO DE LITERATURA INFANTOJUVENILE talvez tenha então chegado a uma interogaçãocentral: o que é, para que serve, a literatura “para”Zuza, Júlia. “O fenômeno crosover fiction e as obras editadas para crianças e jovens de Mia Couto e Luandino Vieira: uma discusão sobre opúblico leitor”. Imposibilia Nº8, Págs. 86-103 (Octubre <strong>2014</strong>) Artículo recibido el 05/08/<strong>2014</strong> – Aceptado el 11/09/<strong>2014</strong> – Publicado el 30/10/<strong>2014</strong>.88

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