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impossibilia-8-octubre-2014

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necesidades, onde o alto e o baixo são ambivalentes” (141). Esas imagens ixam o instante da transição:“todo o golpe dado ao mundo velho ajuda o nascimento do novo” (79); as formas grotescas encontradas nãose destinam a asustar, trata-se de uma grande expresão excluindo o medo e o teror e dando vazão àalegria. As imagens exercem asim um papel importante na escrita rabelaisiana. Para as retratações debanquetes, Bakhtin aprende um conjunto de imagens caracterizadas pelo “hiperbolismo positivo” devido àligação entre a alimentação, o corpo, as festividades e a sociedade.As imagens de banquete do carnaval e da festa popular e também em parte as “conversações a mesa”ofereciam o riso, o tom, o vocabulário, todo o sistema das imagens que exprimiam a comprensão daverdade. O banquete e as imagens de banquete eram o meio mais favorável a uma verdade absolutamenteintrépida e alegre (Bakhtin, 1987: 249).Em “A imagem grotesca do corpo em Rabelais e suas fontes”, comprendemos que não se separa aimagem grotesca do princípio cômico, sendo a sua estética em grande parte a do disforme: “O exagero, ohiperbolismo, a profusão, o exceso são os sinais característicos mais marcantes do estilo grotesco” (265). Aimagem grotesca se caracteriza como um fenômeno em estado de transformação, algo em procesoconstante que não pode ser considerado como forma ou estado deinitivo. Esa metamorfose não poderá serconsiderada completa em momento algum, pois ica situada no estágio da morte e do nascimento, docrescimento e da evolução. As situações criadas nos livros de Rabelais fazem alusão a certos acontecimentosda vida política e da corte, suas personagens são verdadeiras paródias do comportamento de políticos doperíodo medieval.No último capítulo, “As imagens de Rabelais e a realidade do seu tempo”, o autor deiniu umaligação entre a icção rabelaisiana e a realidade contemporânea, além de reletir sobre a cultura popular,concluindo que não há cultura popular pura: as clases dominadas estão entrelaçadas com as clasesdominantes, partilhando um proceso social em comum. O riso posui um sentido amplo e profundo: “eleconcretiza a esperança popular num futuro melhor, num regime social e econômico mais justo, numa novaverdade” (70).Esa “verdade”, pois, no caso de Sangre fresco, está justamente no reconhecimento de que adistinção entre alta literatura e literatura de masa pode ser relativizada diante do comportamento do leitorcontemporâneo, em constante intercâmbio entre diferentes esferas de produção cultural. A violência e arapidez das ações, por exemplo, dão ritmo acelerado à aventura da turma do Gordo, durante a qual sãorompidos estereótipos sobre o que é “bom”, “mau”, mais apropriado às clases “altas” ou característicos das“baixas”, o que, evidentemente, convida o leitor infantil a ampliar sua comprensão de mundo.Arlindo, Caroline y Alves Valente, Tiago. “François Rabelais e João Carlos Marinho: um gordo, dois gordos”.Imposibilia Nº8, Págs. 29-45 (Octubre <strong>2014</strong>) Artículo recibido el 31/07/<strong>2014</strong> – Aceptado el 11/09/<strong>2014</strong> – Publicado el 30/10/<strong>2014</strong>.38

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