10.07.2015 Views

impossibilia-8-octubre-2014

impossibilia-8-octubre-2014

impossibilia-8-octubre-2014

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

da linearidade por meio da utilização do luxo da consciência. Neste contexto, como airmam Bordini eAguiar (1988), o papel do leitor se valoriza: “Ao reconstruir por meio da linguagem todo o universosimbólico que as palavras enceram e pela concretização dese universo com base em suas vivências pesoais,o leitor de literatura asume seu papel” (15).Inluenciado principalmente pela temática urbana, Marinho, em seu primeiro livro, O Gênio doCrime, publicado em 1969, expõe traços de histórias policiais, como a presença de um enigma a serdesvendado, um detetive internacional, muitos suspeitos, testemunhas e um enredo bem engendrado. Otítulo é dado pela existência de um gênio que desvenda todos os crimes e uma fábrica clandestina deigurinhas, cujo dono será desmascarado pelo Gordo e sua turma. Os personagens saem imunes aos atosviolentos, uma vez que enfrentam a situação com grande desenvoltura, bom humor e criatividade.Como asinalam Lajolo e Zilberman:João Carlos Marinho inaugurou na literatura infanto-juvenil brasileira uma nova trajetória, em que umgrupo de meninos e meninas (da elite) que resolvem os mistérios, que são insolúveis para os adultos, sãoindependentes e decididos, sendo que suas aventuras têm continuidade de uma obra para outra,caracterizando uma série, seus livros abordam temas críticos entre efeitos do “maravilhoso” em uma incrívelcombinação de realidade e fantasia (Lajolo; Zilberman, 1999: 141).Desde sua primeira obra, o estilo de João Carlos Marinho se deine pelo acúmulo dos detalhes deviolência ou pela forma, ora natural, ora exagerada, de narar as ações, promovendo um discurso crítico quese perfaz pela ironia e pelo riso (Lajolo; Zilberman, 1999: 141). As autoras explicam:A forma pela qual o texto dese autor envereda por uma representação crítica do real é muito sutil erigorosamente literária: por via da redundância vertiginosa e agresiva dos detalhes da violência ou,paradoxalmente, na naturalidade de registro de ações e instrumentos mirabolantes, ou ainda na sucesão deapelos a recursos soisticados da técnica, seus livros ferem a nota crítica (Lajolo; Zilberman, 1999: 142).Outro traço da narativa contemporânea que caracteriza a obra de Marinho é o luxo de consciênciapresente no livro O Caneco de Prata (1971), no qual se nara uma aventura fantástica em que criançasdisputam um campeonato de futebol entre escolas de São Paulo. Peroti (1986) registra que, com apublicação desta obra, João Carlos Marinho rompeu com a tradição retórica e o discurso utilitário herdadosdos europeus, o que já havia sido realizado de modo contundente por Monteiro Lobato. Este factoevidencia a autonomia e a originalidade do texto literário de Marinho no contexto da produção brasileira,bem como a relação deste com a criação lobatiana. O escritor constrói, pois, uma narativa fragmentada emesclada de imagens com anotações, esquemas, ilustrações (de Érica Verzuti) e tabelas de jogo. A obra éArlindo, Caroline y Alves Valente, Tiago. “François Rabelais e João Carlos Marinho: um gordo, dois gordos”.Imposibilia Nº8, Págs. 29-45 (Octubre <strong>2014</strong>) Artículo recibido el 31/07/<strong>2014</strong> – Aceptado el 11/09/<strong>2014</strong> – Publicado el 30/10/<strong>2014</strong>.33

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!