Universidad Alberto Hurtado

ficar aberto lá mais horas, entendeu? Temos aqui embaixo as aulinha de balé
com a Lusianne, tem a salinha de arte agora, então mostra para o sujeito que
ele é capaz de construir, independente da classe social que ele vive. E isso foi
que cativou a comunidade e cada dia que passa se apaixona, porque começou
com um número pequeno de participantes, mas aí, os outros que estão de fora
viam a coisa bonita crescendo, aí “vou lá fazer também” E eu acho que assim é
que tem que começar, não adianta querer fazer um projeto, seja em qualquer
comunidade de qualquer área, já querendo grande!, querendo uma grande
aceitação, com grandes componentes. Não, se agente começa com dois, com
três, vamos fazer com dois com três e mostra o resultado, que os outros verão
e vão querer participar.
M: Me fala um pouquinho do dia que a GPAE chegou aqui, como que foi?
Vocês foram anunciados?
R: O dia eu não sei, posso te falar mais ou menos a época.
M: Não precisa de data, senão como que foi esse dia quando você viu à GPAE
ali.
R: Foi muito... foi muito assim: foi muito violento. Foi de uma forma muito
violenta, de que forma? Os policias vieram teve uma troca de tiros, violento, foi
muito esclarecido. Isso, teve troca de tiros, eu lembro porque eu estava na
minha casa e estava todo mundo obvio!. Aí, troca de tiros constante que
estava tendo na comunidade, direto! As pessoas dos prédios, a vizinhança daí
de baixo, começaram... acho que eles mesmos começaram a fazer queixas,
porque iam balas para os prédios, estava tiros nos prédios! Não na nossa
comunidade em si, alguns... tivemos vítimas na nossa comunidade de bala
perdida infelizmente umas fatais outras não... ... .. eeehh... e aí que
aconteceu? Devido ao grande número de troca de tiros, com a violência
crescendo a cada dia, a gente quem estuda a noite, não pode estudar mais a
noite, porque era, seis sete horas da noite começavam os tiros. Quem estuda
de manhã tinha medo de descer para trabalhar, porque os policias já estavam
de “capuis” e não queriam nem saber... barrava trabalhador e que era uma
humilhação muito grande. Então naquela.. grande número de troca de tiros a
policia tinha que ter um policiamento muito pesado, muito grande para a
comunidade... com tanque com tudo, veiou tudo, eu me lembro esse campo
aqui estava preto de policia. E ficou... botaram, ao princípio não foi o GPAE,
porque ali funcionava a Varig, colocaram aquele tipo “trailer” que falam dos
policia, que eles colocam aí e ficaram aqui mesmo, aqui embaixo da
associação. Então acho que aí que foi, no momento em que eles ficaram aí, foi
amenizando a troca de tiros, foi diminuindo o grau de tiros... o trailer eu acho
que eles passaram um ano ou dois com trailer aqui embaixo foi só... Uma
cabine da policia, com isso nós... nós moradores vimos resultado, e aí
voltamos mais ou menos a nossa vida normal: nós vamos passear pela noite
sim! meu filho pode ir para escola sim! meu marido pode chagar tranquilo em
casa sim... e daí deles vendo a situação positiva do fato de ter uma cabine da
policia na comunidade, a comunidade respeitou isso, porque em nenhum
momento os policiais foram atingidos como acontece em outras comunidades,
isso nunca aconteceu. Aí foi quando eles pegaram aquele espaço do GPAE que
é muito maior, e viram que era uma situação positiva para a comunidade ne?
Ficou bem mais tranquilo, e foi aí que eles estão até hoje da aí não saíram
mais.
L: Renata, você que acha? Temos um morro muito perigoso, com gente da
favela armada, pesada como você fala, passando nas ruas, com poder,
dinheiro, droga. O que você acha que a policia achou para chegar neste morro
e não ao de ao lado, em outra comunidade? Por que esta comunidade e não
outra? Foi sorte? Por que a policia decidiu este morro?
173