Universidad Alberto Hurtado
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M: Você percebe em alguns pontos específicos?<br />
R: Não, só casos isolados assim, e mais como eu trabalho no Telecentro sabe?<br />
Que vem muita criança. Aí a gente procura trabalhar não só nessa inclusão<br />
digital, mas na social, a educação em si. A gente procura trabalhar isso...<br />
“Puxa não fala dessa maneira” a gente sabe que o jeito de falar dessa pessoa é<br />
o jeito de um traficante pesado de lá fora. Mas a criança que que é? A criança<br />
não é mais que uma reprodutora, ela só vai falar aquilo que ela vê, que ela<br />
ouve. Então como eu falei, é uma coisa que ainda acontece na comunidade,<br />
mas no tradicional a gente não assiste assim ... explícito.<br />
M: Então, me continua falando dessa parte de primeiro vem a GPAE, o que é<br />
que criou a diferença? porque você mesma falou que no inicio a sociedade<br />
estava receosa.<br />
R: A diferença pode ser, que até eles tiveram uma disponibilidade muito<br />
grande, e assim, uma vontade muito grande de conquistar a comunidade,<br />
porque eles mesmo perceberam que adiantava eles andarem com a feição de<br />
inimigo da comunidade, de terem todo o poder “que a autoridade sou eu!!, que<br />
vocês têm que abaixar a cabeça para nós!” Eles não conseguiram isso aqui na<br />
comunidade. Pelo contrário!, os moradores não abaixavam a cabeça ante os<br />
policiais, a gente estava receosa de tiro, bala perdida que acontece, mas fora<br />
disso, ninguém tinha medo. Todo mundo vivia sua vida como até hoje, normal,<br />
trabalhadores, pessoas decentes... não porque moramos em favela, que aqui<br />
mora só bandido e traficante. Não, moram pessoas... a maioria pessoas<br />
decentes. Pode se dizer que algumas moram aqui porque querem. Têm<br />
dinheiro, têm condições de sair da comunidade, mas não sai, porque gosta! Se<br />
sente bem aqui! É feliz aqui. Já outros não saem por falta de... de grana, falta<br />
de oportunidade entendeu? É por conta disso. Eu acredito, ao meu ver os<br />
policiais pensaram de que forma? “Bom, a gente tem que se encontrar na<br />
comunidade, ser aceito ne? Nesses quatro anos foi que começaram esses<br />
projetos. Aulinha de enfermagem que já teve lá, não sei se ainda tem.<br />
Aí agora tem dentista lá, e aí tem a ONG Viva-Rio que abriu a biblioteca agora<br />
há pouco tempo, eles ocuparam, deram atividades para os jovens, então os<br />
jovens se dizem: “tem policia, que ficava rejeitando, mas policia entregando<br />
atividades positiva para gente, para nós crescermos, na visão da criançada<br />
que vai fazer um aulinha de natação, para fazer uma aulinha de inglês, como<br />
conseguem umas bolsas aqui, a ginástica rítmica é muito caro o pessoal de<br />
favela não teria jamais condições de pagar esse tipo de aula, o curso de<br />
informática que nós temos aqui eles vão pagar um dinheral lá embaixo e não<br />
vão ter o mesmo carinho, a mesma atenção que nós damos, entendeu? Então<br />
o GPAE, acho que eles foram muito inteligentes, eu acredito que eles<br />
preferiram conquistar a comunidade dessa forma, “vamos bancar projetos que<br />
eles não têm, vamos dar para eles oportunidades que eles não têm, não<br />
conseguem por não terem condições financeiras”. E daí foi crescendo,<br />
começou com eles aí veio a ONG Viva-Rio, tem a Igreja aqui próxima que<br />
oferece cursos gratuitos também, veio o projeto da prefeitura com os cursos de<br />
informática e as oficinas que estão focadas para levar informações para eles.<br />
Tudo isso é positivo, então foi isso que fizesse que a comunidade melhorasse e<br />
crescesse culturalmente.<br />
M: E quais seriam esse projetos que o GPAE trouxe?<br />
R: Eu não posso te responder por ele mas como falei, tenho uma filha, a<br />
minha filha o primeiro cursinho dela de informática o primeiro máquina que<br />
ela foi mexer foi lá. O primeiro conhecimento dela foi lá, depois que viemos<br />
nós, entendeu? E fora a informática a GPAE eu não sei exatamente, isso eu<br />
não sei te responder infelizmente. Acho que te posso responder mais pelo Viva-<br />
Rio que tem uma salinha de leitura muito bacana, mas eu acho que deveria<br />
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