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Universidad Alberto Hurtado

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R: Desde que eu nasci<br />

M: Desde que você nasceu, quantos anos você tem?<br />

R: Trinta e dois anos<br />

M: E você tem alguma noção? Seus pais eles vieram para acá ou desde que<br />

eles nasceram também estão aqui?<br />

R: Desde que eles nasceram aqui também, minha mãe meu pai, toda a família.<br />

M: Você tem noção quem foi o primeiro integrante da sua família que veio aqui<br />

R: Não, não sei, porque desde que eu me entendo a família toda vive acá. Não<br />

tenho noção quem foi o primeiro.<br />

M: Tá, entendi. E me pode falar um pouquinho da sua infância?<br />

R: Posso. Bem minha infância, eu tive uma infância muito boa, eeeh<br />

precariedades normais de uma comunidade, de uma favela, de quem mora<br />

com dificuldades normais, e que hoje a gente ainda vê e que teve uma melhora<br />

muito ampla e muito grande. De que fato eu fui criada pela minha mãe e meu<br />

pai... ... Pela minha mãe perdão, só pela minha mãe meu pai foi embora<br />

quando eu tinha dois anos. Tive toda a dificuldade de sendo criada por uma...<br />

somente pela minha... minha mãe, dois irmãos: eu e minha irmã. Então tive<br />

uma infância bacana porque nessa comunidade aqui nós sempre tivemos<br />

liberdade, de ir e vir , de brincar, sem ter limite de horário; nunca foi<br />

restringido o horário para os moradores dessa comunidade ne? Nem nas horas<br />

mias difíceis que nós passamos: falta de energia, o morro n{ao era<br />

pavimentado, era barro mesmo, era aquela situação precária de favela. Então<br />

eu peguei a fase em que não tínhamos luz nem água, nós tínhamos que<br />

carregar água lá na rua e subir com o pote na cabeça. Peguei toda essa parte<br />

do morro lembro, com muita clareza até hoje e cresci com a melhora da<br />

comunidade, eu cresci com essa condições legais que nó vivemos hoje uma<br />

condição de vida muito melhor ne? Que hoje têm vários projetos implantados<br />

que na minha infância não tive, na minha adolescência não tive nenhum,<br />

quanto mais todo isso que estamos vendo hoje, do qual minha filha pode<br />

compartilhar também; eu não tive isso. Mas com tudo, mesmo na falta de<br />

todos esses projetos essas possibilidades que os jovens de hoje estão tendo, há<br />

trinta anos atrás há vinte anos atrás, nós vivíamos felizes sim, porque nós<br />

tínhamos pelos menos as condições acessíveis a nossa época como de brincar<br />

de bola, era brincar de corda, ir na parai que é tão próxima a nossa<br />

comunidade. Nosso lazer era esse, não mais. Nosso lazer era dentro da<br />

comunidade, não tínhamos dinheiro par ir ao parquinho, nada disso! era bem<br />

na comunidade e a união sempre ocorreu até hoje.<br />

M: Tá, entendi. E quando você fala da comunidade, você fala do morro todo?<br />

R: Do morro todo todo todo, ele é um coletivo, nele você pode contar um com<br />

outro e mora aqui, ora lá doutro lado se precisar de ajuda. Tem sempre um ou<br />

outro mas minoria, a maioria se ajuda.<br />

M: E tipo, em questões de segurança? Na sua infância, você sentia segurança?<br />

R: Olha, na minha infância, como eu falei o morro que a gente formou muito<br />

bacana desde aquela época para hoje, eu vivi, eu acompanhei, vivi num<br />

mundo muito... eu acompanhei, eu vivenciei uma fase muito ruim do morro.<br />

Muito perigosa. Tivemos muitos traficantes, a droga eraaa... ... Nós crescemos<br />

vendo aquelas pessoas passarem com armas pesadas, e aquilo tudo, nós<br />

vivenciamo aquilo tudo. Mas nunca foi oferecido para nós. Nós da comunidade<br />

com incidência geral, nunca foi forçado a usar, embora tinha o tráfico dentro<br />

da comunidade mas não era aquela coisa “potizeira”<br />

de<br />

obrigar, de nós sermos taxados e obrigados a fazer o que eles queriam, não. A<br />

comu... quem entrava para esse mundo entrava porque ele queria, nunca<br />

fomos forçados a nada. Sempre fomos até muito respeitados, Graças a Deus.<br />

L: Renata, que ano estamos falando?<br />

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