Edição Especial - Faap
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80 inicia-se uma busca de aproximação corajosa, que nos leva ao Mercosul.<br />
Porém, nossos países estavam muito vulneráveis às galopantes mudanças<br />
acarretadas pela globalização. Estabeleceu-se, de um lado, um certo consenso<br />
de que era necessário reduzir as dimensões do Estado, “de maneira a<br />
reencontrar os caminhos do desenvolvimento com maiores graus de justiça,<br />
participação e democracia” (Araujo, 1993). Mas, por outro lado, como que em<br />
crise de identidade, ficamos sem uma estratégia clara de inserção competitiva no<br />
novo cenário econômico mundial, onde o conceito estratégico de poder se<br />
deslocava da área militar para a econômica (Huntington, 1992) e da área do<br />
Estado-nação para o Estado-mercado (Bobbitt, 2003).<br />
Os países mais avançados sigilosa e argutamente já se adaptavam às novas<br />
contingências do novo paradigma do Estado-mercado, seja no formato<br />
empreendedor, gerencial ou mercantil, como sugere a tipologia adotada por<br />
Bobbitt. Estados Unidos, União Européia, Japão e Coréia e China, para dar<br />
exemplos, ilustram respectivamente algumas diferenças entre essas<br />
tendências mais evidentes.<br />
No modelo empreendedor do Estado-mercado segundo Bobbitt, algumas<br />
políticas e desafios já são evidentes para nós: melhorar posição absoluta no<br />
mercado, introduzindo valores cooperativos e competitivos, ou “coopetitivos”;<br />
liderar na produção de bens desejados por outros países, inclusive bens coletivos<br />
como segurança, a se compartilhar com a comunidade internacional; aumentar<br />
oportunidades com o livre-comércio, com a proteção ambiental e a nãoproliferação<br />
nuclear, bem como expansão da segurança coletiva por meio de<br />
alianças multilaterais. Ficam fora de nossas propostas nacionais as iniciativas<br />
intervencionistas e unilaterais.<br />
No modelo mercantil, menos cooperativo e mais voraz, Estado e empresas<br />
nacionais são aliados íntimos, busca-se melhorar a posição relativa no mercado<br />
mundial como fundamento essencial acima de qualquer ideologia, limitar<br />
gastos públicos, política comercial baseada no controle da moeda, indústrias<br />
com valor agregado para assertividade comercial, educação centrada no<br />
enriquecimento dos negócios.<br />
No modelo gerencial do Estado-mercado busca-se maximizar posição<br />
absoluta e relativa pela via regional e formal, poder pela força do bloco regional,<br />
força de trabalho altamente qualificada, moeda e exportação fortes,<br />
investimento pesado em infra-estrutura. Interessante notar que os<br />
inconvenientes desse modelo apontados por Bobbitt, seja o perigo de diluição<br />
da responsabilidade inerente aos sistemas cooperativos, sejam as<br />
regulamentações para amortecer conflitos internos, podem contribuir para um<br />
desempenho econômico sofrível.<br />
Esses modelos de Estado-mercado, que se esboçam após o fim da Guerra<br />
Fria, visam maximizar oportunidades para seus cidadãos, aplicar intensivamente<br />
as tecnologias de informação e terão implicações constitucionais e estratégicas.<br />
Em princípio, nenhum deles é mais moral ou melhor. Em todos há armadilhas<br />
e benefícios, vantagens e desvantagens e, entre estas, cidadanias cada vez mais<br />
alienadas do próprio Estado, falta de comunidade, meritocracia extremada,<br />
O mundo da segurança no diálogo argentino-brasileiro..., Braz de Araujo, p. 7-16<br />
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