Edição Especial - Faap
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quando essa esteve menos valorizada (no caso do Brasil, por exemplo, o plantio<br />
deu-se com uma taxa de câmbio de 3,20 e a colheita a 2,40);<br />
• a baixa rentabilidade também esteve associada aos preços mais baixos<br />
que prevaleceram no mercado internacional, em função da oferta abundante.<br />
A esses fatores deve ser somado, para o caso brasileiro, o efeito da falta de<br />
chuvas que prejudicou a realização da safra de grãos do país. Os estados do Sul,<br />
região tradicionalmente conhecida como celeiro do país, foram os mais afetados.<br />
No entanto, nem todas as cadeias agro-alimentares do Brasil e Argentina<br />
foram prejudicadas por essa conjuntura, podendo-se citar como exceções:<br />
• O açúcar, que teve preços mais altos no mercado internacional devido a<br />
menores estoques, a despeito da produção mais alta em 2004/05.<br />
• Os lácteos também apresentaram preços mais altos, em função de<br />
condições climáticas que prejudicaram a produção dos principais países<br />
exportadores.<br />
• Novos surtos de doenças em bovinos deslocam grandes exportadores,<br />
como Estados Unidos e Canadá, do mercado, cedendo espaço para as<br />
exportações brasileiras.<br />
Para o médio e longo prazo, no entanto, essas tendências devem ser<br />
revertidas. Segundo prospecções apresentadas em relatório elaborado<br />
conjuntamente pela OECD e FAO (2005), o contexto macroeconômico<br />
internacional deverá ser caracterizado por:<br />
• recuperação sustentada e ampla do crescimento econômico;<br />
• recuperação do dólar (no curto a médio prazo);<br />
• manutenção de baixos níveis de inflação;<br />
• mudança na demanda dos consumidores, que se tornam mais exigentes;<br />
• mudanças nas estruturas de mercados, com tendência à concentração<br />
nos setores “à montante”, por exemplo: sementes, defensivos, máquinas e<br />
implementos agrícolas; e “à jusante”, por exemplo: processadoras de grãos, de<br />
produtos lácteos, frigoríficos, indústrias têxteis, cadeias supermercadistas na<br />
comercialização de varejo;<br />
• intensificação da competição global entre commodities agroindustriais –<br />
como o trigo, oleaginosas, açúcar e pecuária – na próxima década, tanto entre<br />
países desenvolvidos como em países em desenvolvimento, o que deve<br />
pressionar os preços reais da maior parte das commodities alimentares básicas<br />
para baixo. Os produtores terão de empreender esforços contínuos para<br />
melhorar sua eficiência.<br />
A expansão dos mercados externos para o agronegócio vem se<br />
constituindo em uma meta importante, tanto para o Brasil como para a<br />
Argentina, que apresentam uma produção recorde, ano após ano. Em termos<br />
de acordos para a liberalização e incremento do comércio, as opções que vêm<br />
sendo exploradas pelo Brasil e Argentina podem ser agrupadas como:<br />
• Acordo entre o Mercosul e a União Européia: os países analisados vêm<br />
encontrando entraves regionais embora os resultados pudessem ser imediatos.<br />
• OMC: Depende da definição das negociações na Rodada de Doha, cujo<br />
desenvolvimento vem sendo prejudicado pela intransigência, particularmente<br />
O sucesso do agronegócio no Brasil e Argentina..., Carlos Faccina, p. 80-101<br />
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