Edição Especial - Faap
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latino-americanas, a expressão econômica e social do agronegócio 1 aumentou ao<br />
longo da década de 90, passando a desempenhar um papel fundamental na<br />
recuperação e sustentação do desenvolvimento econômico, ao contrário do que se<br />
preconizava nas décadas de 70 e 80. O agronegócio passou a se destacar como um<br />
dos segmentos econômicos mais dinâmicos e com maior capacidade para a geração<br />
de empregos nessas economias. Conforme se discute nesse trabalho, no ano de<br />
2004 a produção foi recorde em diversos de seus complexos agro-alimentares,<br />
alçando os países a uma posição de destaque no ranking mundial exportador.<br />
No Brasil, dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento<br />
(Mapa) mostram que o agronegócio movimenta um valor equivalente a US$ 200<br />
bilhões ao ano. Em 2004, o segmento foi responsável por 30% do PIB nacional, e<br />
pela geração de 37% dos empregos do país. As exportações do segmento<br />
acumularam um valor recorde de US$ 39 bilhões, compreendendo 40,4% do valor<br />
total exportado pelo país.<br />
A tendência captada para a economia argentina é semelhante. Segundo<br />
estimativas apresentadas pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec) do<br />
país, a contribuição da produção de agro-alimentos para o PIB do país foi de<br />
aproximadamente 10,9% em 2003. Em 2004 as exportações argentinas do<br />
agronegócio atingiram um valor recorde, somando US$ 16,81 bilhões somente<br />
nos primeiros onze meses, superior a todo o ano de 2003, e representando 53%<br />
das exportações totais do país.<br />
Diversos analistas 2 têm destacado que esse novo cenário resulta de um<br />
conjunto de “mega-forças” introduzidas em grande parte das economias latinoamericanas<br />
ao longo da década de 90. Esse conjunto inclui mudanças como a<br />
privatização, a liberalização comercial, a integração regional, uma verdadeira<br />
revolução tecnológica – incluindo desde a tecnologia da informação, de maior<br />
abrangência, até as mudanças no perfil do agronegócio, possibilitando<br />
desenvolvimentos excepcionais do setor nos últimos anos –; além da adoção de uma<br />
nova visão empresarial, que privilegia a competitividade.<br />
Essas novas diretivas provocaram mudanças profundas no sistema econômico,<br />
possibilitando que países como Brasil e Argentina apresentassem uma atuação<br />
destacada nos mercados internacionais, a despeito das medidas protecionistas<br />
mantidas para os produtos do setor na economia mundial. Na realidade, o<br />
desempenho exportador tem sido identificado como um dos principais fatores<br />
responsáveis pela importância crescente do agronegócio. No caso brasileiro, se não<br />
fosse pelos resultados do agronegócio, o país teria incorrido em déficit na balança<br />
comercial nos últimos anos (Figura 1).<br />
1 O conceito do agronegócio utilizado para o presente trabalho é o mesmo amplamente propagado na<br />
literatura econômica. Ou seja, inclui as atividades de produção agrícola (lavouras, pecuária e extração<br />
vegetal), desde o fornecimento de insumos, passando pelo processamento e industrialização, incorporando<br />
todas as áreas que dão suporte ao fluxo dos produtos (desde a matéria prima até o consumidor final,<br />
incluindo-se transporte, comercialização etc.). O valor agregado do segmento resulta da somatória do valor<br />
acrescentado à produção ao longo de pelo menos cinco segmentos distintos: suprimento, produção,<br />
processamento, armazenamento e distribuição e consumo final.<br />
2 Dentre os quais destaca-se César Souza, Vice-Presidente Sênior da Odebrecht of America, Inc., em<br />
inspiradora entrevista intitulada “The Changing Corporation in Latin America” feita pela Economic<br />
Reform Network, Center for International Private Enterprisem 2001.<br />
O sucesso do agronegócio no Brasil e Argentina..., Carlos Faccina, p. 80-101<br />
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