Edição Especial - Faap
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-maria todas as demais dimensões de cooperação entre os dois países. Trata-se<br />
também, e sobretudo, de buscar os caminhos da riqueza, os caminhos de bons<br />
negócios em todas as áreas de cooperação. Esta afirmação é também válida para<br />
as áreas de defesa e segurança.<br />
O objetivo do presente texto é reiterar a importância econômica da<br />
cooperação no mundo da segurança neste Fórum Permanente de Diálogo<br />
Argentino-Brasileiro. O mundo da segurança entre os dois países envolveria as<br />
questões de defesa e também de segurança interna e/ou segurança pública, o<br />
que significaria levantar as possibilidades de negócios em áreas pertinentes às<br />
Forças Armadas, às polícias, às relações destas com o Judiciário, ao melhor<br />
funcionamento das relações do cidadão com os respectivos sistemas de defesa e<br />
segurança, pois Argentina e Brasil têm responsabilidade histórica pelo sucesso<br />
da cooperação democrática no âmbito da América do Sul.<br />
As empresas de ambos os países que atuam nestas áreas poderiam e deveriam<br />
contribuir de maneira crescente para que todas as políticas de modernização em<br />
defesa e segurança pública a serem implementadas possam também se constituir<br />
em poderoso instrumento de fortalecimento da cooperação econômica entre os<br />
países da América do Sul. Trata-se de um mercado potencial de alguns bilhões de<br />
dólares, em todos os setores da economia.<br />
O Mercosul parece viver neste momento uma crise de identidade<br />
resultante das dificuldades globais de nossos respectivos governos em gerenciar<br />
as normais tensões de um complexo processo de integração, que se deveria<br />
entender como incorporado aos anseios maiores dos brasileiros e argentinos.<br />
Vale sempre perguntar: querem efetivamente as elites que nos governam buscar<br />
um futuro melhor por meio da cooperação?<br />
A resposta a esta pergunta não tem sido tão simples como a pergunta, pois<br />
os governos mudam pelo jogo democrático, as respectivas estruturas políticas<br />
federativas tornam as decisões mais complexas, interesses localizados<br />
prevalecem sobre os mais amplos, sem falar do ambiente regional e<br />
internacional de grande instabilidade e de grandes incertezas. Os momentos de<br />
dificuldades nos incentivam a buscar com mais entusiasmo a construção<br />
cooperativa dos caminhos de um futuro mais consistente.<br />
Em todo o mundo se debate a crise do paradigma do Estado-nação e nos<br />
perguntamos qual o paradigma que virá substituí-lo. A instigante obra de Philip<br />
Bobbitt, editada no Brasil em meados de 2003, aponta as diferentes fases<br />
históricas que nos últimos quinhentos anos levaram o mundo em direção ao<br />
paradigma do Estado-nação, onde se buscaram caminhos para a promoção do<br />
bem-estar com fortes conotações nacionalísticas de coloridos ideológicos<br />
diferenciados. A crescente globalização dos mercados financeiros e a formação<br />
de espaços globais de produção e avanço do comércio mundial consolidam,<br />
segundo Bobbitt, a perda de autonomia do Estado-nação e correspondente<br />
inviabilidade de pleno comando dos governos, cada vez mais condicionados<br />
pelos interesses das grandes corporações. Esse processo, marcado pelos cenários<br />
de guerra e de paz durante o século XX, foi também o cenário de disputas,<br />
desconfianças e tensões entre Argentina e Brasil, até que nos meados dos anos<br />
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Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(edição especial), 2006