Edição Especial - Faap
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Ainda agora também tivemos a notícia do fracasso das negociações com a<br />
União Européia, o que também irá atrasar esse processo. Assim, estamos diante<br />
de um momento realmente oportuno para nos aprofundarmos no diálogo entre<br />
Brasil e Argentina, situando-o no contexto da política comercial, das<br />
exportações em geral, dos alimentos e de outras questões pertinentes ao<br />
intercâmbio dos dois países e entre ambos.<br />
Mercosul: o grande progresso dos agronegócios<br />
Inicialmente, vou apresentar alguns dados que me impressionaram<br />
bastante, para situar o papel do Mercosul e de seus países no mundo dos<br />
agronegócios. Assim, conforme dados do ano passado, os EUA estão em<br />
primeiro lugar como exportadores de produtos desse setor. Segue-se a União<br />
Européia (UE), tomada no conjunto dos seus 15 países. Mas a diferença é que<br />
os EUA e a Europa têm crescido suas exportações a uma taxa de apenas 2% ao<br />
ano, enquanto em terceiro lugar vem o Brasil, expandindo suas exportações a<br />
6,5% ao ano. Em seguida, vêm China, Austrália, Canadá e Argentina – esta,<br />
portanto, no sexto posto, mas também com exportações se expandindo a uma<br />
taxa próxima da brasileira. Uruguai e Paraguai, obviamente muito menores,<br />
aparecem em 39.º e 62.º lugares, respectivamente.<br />
Mas o aspecto que enfatizo é esse em que o Brasil e a Argentina crescem<br />
suas exportações ligadas aos agronegócios a uma taxa que hoje é cerca do triplo<br />
da norte-americana. E sabemos que, se há uma região onde ainda existe<br />
fronteira agrícola a expandir, é justamente no Mercosul, com forte potencial de<br />
crescimento. Aliás, se olharmos a evolução desse comércio percebemos também<br />
que, apesar desse crescimento recente, os EUA hoje exportam menos do que<br />
em 1995, e a Europa também quase nada avança. E mais: se somarmos os países<br />
do Mercosul, aí aparecemos com muito maior destaque, com grandes<br />
possibilidade de chegarmos rapidamente à condição de segundo ou mesmo<br />
primeiro exportador mundial, sustentadas pelas fortes taxas de crescimento nos<br />
últimos anos.<br />
Assim, aquela promessa que todos nós conhecemos há muitos anos, de que<br />
o Mercosul seria um celeiro do mundo, vai se concretizando pouco a pouco, e<br />
sintetizada numa razão, ou seja, temos hoje condições de crescimento<br />
horizontal e vertical da produção agrícola, algo que já não se observa na<br />
Europa, e também não ocorre nos EUA.<br />
Se olharmos essa questão em termos do superávit comercial nos<br />
agronegócios, os números são ainda mais impressionantes, por uma razão<br />
muito simples: nós exportamos muito e importamos pouco; os EUA exportam<br />
muito, mas também importam muito, pois em particular recorrem a produtos<br />
tropicais e a outros provenientes de diversas áreas no caso dos alimentos. Por<br />
sua vez, a UE importa mais do que exporta.<br />
Assim, nos agronegócios o Brasil já detém hoje o maior saldo comercial do<br />
mundo. Em segundo lugar vem a Austrália, e logo em seguida a Argentina. Se<br />
somarmos os países do Mercosul chega-se a um saldo comercial superior a US$<br />
30 bilhões.<br />
O mundo dos alimentos: desafios e oportunidades..., Marcos Sawaya Jank, p. 64-70<br />
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