Edição Especial - Faap
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Em contrapartida, na Região Sudeste a rede estadual sempre foi mais ativa,<br />
chegando a quase 70% de matrículas nos anos 90 – tendo o estado de Minas Gerais<br />
ultrapassado os 70% e o estado de São Paulo alcançado 80% de participação. A<br />
municipalização trouxe um equilíbrio na oferta de vagas dessa região, ficando a<br />
rede estadual, em 2003, com cerca de 50% das matrículas e a rede municipal com<br />
pouco acima dos 40%, sendo o restante coberto pela rede particular.<br />
As maiores taxas de crescimento da matrícula na rede municipal foram<br />
registradas nas regiões onde as escolas municipais tinham menor participação –<br />
crescimento de 119% no Norte e 93% no Sudeste. Nestas regiões, a matrícula<br />
municipal passou a representar, em 2003, respectivamente, 57% e 41%. Este<br />
desempenho reflete tanto o processo de municipalização de escolas, mais<br />
acentuado nessas regiões, quanto o esforço de matricular novos alunos. Ao<br />
incentivar os municípios a assumir maior compromisso com o ensino<br />
fundamental, já era esperado que o Fundef produziria uma retomada do<br />
processo de descentralização – que havia estagnado na década de 90, depois do<br />
forte impulso dos anos 80.<br />
4. Observações finais<br />
Não obstante os problemas apontados, o balanço da última década é positivo<br />
para a educação brasileira, registrando-se um salto de qualidade no ensino<br />
fundamental, com a melhoria do fluxo escolar, a queda das taxas de repetência e<br />
evasão, o aumento da taxa de aprovação e do número de concluintes. No ensino<br />
médio também se verifica um quadro promissor, destacando-se a rápida expansão<br />
da matrícula e a gradual melhoria dos indicadores de transição. O ensino superior,<br />
que enfrentou um período de estagnação nos anos 80, retomou o processo de<br />
crescimento, dobrando seu tamanho, pressionado pelo aumento do número de<br />
concluintes do ensino médio.<br />
Em seu conjunto, os resultados alcançados pelo Fundef indicam que a<br />
reforma efetuada alcançou seus principais objetivos. Do ponto de vista<br />
redistributivo, produziu-se uma evidente melhoria tanto em termos de<br />
assegurar maior acessibilidade quanto a garantir maior transparência e eficiência<br />
na gestão dos recursos da educação. Também houve reflexo positivo na<br />
elevação do nível salarial do magistério e no aumento de gastos em atividades<br />
de capacitação docente, transporte escolar, reforma e ampliação de escolas e<br />
aquisição de equipamentos e materiais didáticos. O Fundef inaugurou uma<br />
nova etapa no processo de desenvolvimento do ensino fundamental,<br />
oferecendo respostas para alguns dos seus principais dilemas. Naturalmente os<br />
resultados desta reforma deverão ser ampliados e consolidados nos próximos<br />
anos. Com a aproximação do prazo para o término de sua vigência de 10 anos,<br />
ou seja, em 2006, iniciou-se o debate sobre a implantação do Fundeb, que visa<br />
ampliar o financiamento para todos os níveis da educação básica: educação<br />
infantil, ensino fundamental e médio.<br />
Os desafios que deverão ser enfrentados na próxima década são de grande<br />
magnitude, exigindo esforço conjunto dos três níveis de governo e da<br />
sociedade, para que o Brasil supere deficiências históricas acumuladas na área<br />
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Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(edição especial), 2006