Edição Especial - Faap
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Neste sentido, visando contribuir para este debate, o presente trabalho fará<br />
um breve diagnóstico do sistema educacional, destacando as principais<br />
mudanças verificadas nos últimos anos e os desafios a serem enfrentados.<br />
2. Breve balanço dos indicadores educacionais na década de 90<br />
A análise da situação educacional brasileira – tarefa que hoje é facilitada<br />
pela disponibilidade de um abrangente e atualizado acervo de informações<br />
quantitativas e qualitativas produzidas a partir dos censos educacionais e dos<br />
sistemas nacionais de avaliação1 – permite duas interpretações paradoxalmente<br />
contraditórias. A primeira, intencionalmente otimista, ressalta os aspectos<br />
positivos que se sobressaem no atual cenário educacional, como a significativa<br />
expansão da matrícula em todos os níveis de ensino, fenômeno acompanhado<br />
de uma tendência de melhoria dos indicadores de eficiência do sistema,<br />
especialmente no ensino fundamental. Estas evidências permitem sustentar que<br />
a educação no país apresentou avanços expressivos nas últimas décadas.<br />
A segunda forma de interpretar os indicadores, numa perspectiva<br />
comparada, revela os aspectos ainda insatisfatórios do sistema educacional,<br />
como a persistência de elevadas taxas de repetência, abandono e distorção<br />
idade/série e o baixo rendimento dos alunos apontado pelo Sistema Nacional<br />
de Avaliação da Educação Básica (Saeb).<br />
Este aparente antagonismo se desfaz quando se examina com maior<br />
profundidade a evolução dos principais indicadores educacionais na década de<br />
90. De fato, se do ponto de vista quantitativo a expansão do sistema<br />
educacional brasileiro atingiu patamares bastante razoáveis, aproximando o país<br />
da meta de universalização do ensino fundamental, o mesmo não pode ser dito<br />
em relação aos indicadores de qualidade e eqüidade, que permanecem muito<br />
distantes dos padrões desejados pela sociedade e necessários ao<br />
desenvolvimento nacional. Nisso reside o dilema que o Brasil enfrenta na área<br />
educacional e para o qual a atenção do poder público tem se voltado.<br />
2.1. Universalização do ensino fundamental e expansão do ensino médio<br />
Nas últimas três décadas, o esforço educacional do país visou,<br />
prioritariamente, a universalização do acesso ao ensino fundamental, meta que<br />
está bem próxima de ser atingida. Dessa forma, o Estado cumprirá formalmente<br />
a exigência estabelecida pela Constituição de 1988, que determinou a<br />
obrigatoriedade deste nível de ensino e o dever do sistema público de assegurar<br />
sua oferta. De fato, a taxa de escolarização líquida da população de 7 a 14 anos<br />
saltou de 67%, em 1970, para 97%, em 20032. O crescimento da matrícula se<br />
1 O Ministério da Educação, no período 1995-2002, realizou um grande esforço para implantar um<br />
consistente sistema de informações educacionais, reconhecendo a importância deste instrumento para uma<br />
gestão eficiente dos programas e das políticas para o setor. Os avanços alcançados neste período foram<br />
notórios, a começar pela completa reestruturação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas<br />
Educacionais (Inep), responsável pelo desenvolvimento e implantação do Sistema Integrado de<br />
Informações Educacionais (SIEd), que subsidia a formulação e implementação de políticas dos diferentes<br />
níveis de governo; a reestruturação do Sistema de Avaliação da Educação Brasileira /Saeb; a implantação<br />
do Exame Nacional do Ensino Médio/Enem e a implantação do Sistema de Avaliação do Ensino Superior.<br />
2 Utilizam-se três indicadores para medir a abrangência da cobertura escolar: Taxa de Escolarização Líquida,<br />
que indica o percentual de crianças de 7 a 14 anos matriculadas no ensino fundamental em relação ao total<br />
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Revista de Economia & Relações Internacionais, vol.5(edição especial), 2006